a vida moderna que todos nós levamos arrasta-nos para o trabalho e afasta-nos do lazer. Uma das maiores conquistas do homem foi, sem sombra de dúvida, a existência do tempo livre - um tempo em que cada um pode fazer aquilo que mais lhe apetecer. Agora, tudo isso resvala e ameaça ficar soterrado pela voracidade do Progresso e da Ciência, em nome do Capitalismo e da Produtividade. É por isso que aqui se firma e reafirma:
O TRABALHO É MALÉFICO
O TRABALHO CORRÓI O SER
O TRABALHO TEM DE SER BANIDO DA HUMANIDADE
SÓ TRABALHA QUEM NÃO TEM DINHEIRO PARA NÃO TRABALHAR
NINGUÉM NO SEU PERFEITO JUÍZO TEM AMOR AO TRABALHO
O TRABALHO É A EXPLORAÇÃO QUE A GANÂNCIA FAZ À IGNORÂNCIA
A GANÂNCIA É A FORMA MAIS MESQUINHA DE IGNORÂNCIA QUE EXISTE
A IGNORÂNCIA É UMA DEFORMIDADE CULTURAL DO HOMEM INFERIOR
O OBJECTIVO DA HUMANIDADE É DESTRUIR A IGNORÂNCIA
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4 comentários:
http://www.youtube.com/watch?v=cdrCalO5BDs&eurl
E se o teu trabalho for uma forma de lazer? Acho que isso que afirmas é mais indicado para o trabalho que as pessoas nunca desejaram ter e do qual não retiram qualquer prazer - e eu acho que é possível que isso aconteça, mas se calhar já não o conseguiria designar de "trabalho". Ganhar a vida a fazer algo para remediar a sua situação económica e social é infelizmente muito comum, mas muitas das vezes, um mal necessário. Além disso, parece que muitas pessoas levam a mal aquelas que gostam do que fazem da sua vida - pelo menos eu sinto-o um pouco. Não achas?
*
Peter,
Não conhecia o vídeo (não conheço muito de Radiohead), mas deu para ver o que vale a banda... o videoclip é impressionante e deixou-me agoniado...
Se o trabalho for mais um prazer, então não se chama trabalho. Como um professor meu me disse uma vez, a palavra trabalhar tem a raiz latina em tripaliare, que deriva de um nome, tripalium, ou pau de três bicos. Portanto, quando se fala em ir trabalhar está a dizer-se implicitamente que se vai levar com o tal pau de três bicos. Trabalhar é coisa de escravo, e só por uma perversidade masoquista é que alguém pode gostar disso. O grande problema é esta desventura capitalista em que nos meteram à força... Não podemos passar sem o dinheiro, não é? Mas fazer uma coisa que nos dá realmente prazer - e ainda por cima ser pago por isso - é muito difícil, extremamente difícil, sabes? Envolve aturar muita gente de quem não se gosta, fazer muita coisa chata e deitar dias e dias ao ar por insignificâncias. Bom, mas se o resultado final compensar acho que o sacrifício (trata-se de um verdadeiro martírio) vale a pena, não? Dantes, as pessoas não escolhiam esta ou aquela profissão, iam simplesmente para o que havia ou para o que garantia um emprego. A felicidade pessoal não entrava muito nestas contas. Com o casamento era a mesma coisa. Esta noção de ser usual fazer o que se quer e o que se gosta é bastante recente. Não admira que a maior parte das pessoas (vamos excluir os que sempre tiveram dinheiro para fazer o que lhes apetece) não goste do trabalho que tem e inveje o de quem é feliz! Mas esta situação está toda a mudar. Agora já há muito mais possibilidades de escolha, e gente a sair das universidades... o problema é que não há trabalho para essas pessoas! A estrutura da sociedade (a oferta de lugares) não acompanhou o aparecimento de uma data de cursos e especializações em pouco tempo - agora ter um canudo já não quer dizer nada! Ora, uma situação como esta só pode acabar em cataclismo. E a minha previsão é a de que essa derrocada está para breve. Vamos a ver o que o futuro nos traz.
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