domingo, 13 de janeiro de 2008
como é possível alguém amar alguém que nos desagrada completamente pelo seu ser e pelo seu modo de vida? Não há nada de mais possível e provável na vida: cada um vê o seu mundo nos outros, ou o que há nos outros do seu mundo que lhe é próprio, e sempre alheio ao que é imundo, e portanto não mundo. Pode muito bem ser que alguém consiga ver de uma forma límpida e transparente, clara, esse que ama com aquilo que de melhor há nele no espelho de si. E pode muito bem ser que eu, que não sou ele, tenha essa capacidade escondida, ou pelo menos desconhecida, adormecida ou transfigurada naquilo que é próprio a mim. E daí decorre que cada um vê aquilo que ama, e acaba amando aquilo que vê, e somente isso, e pode muito bem ser que a realidade seja apenas um conjunto de todos os fragmentos que cada um vê como mundo, e como individual, uns grandes pedaços desse pequeno todo que não se divide, mas que, por ser grande e estar todo inteiro, e por nós sermos assim tão pequenos, mal se consegue abarcar todo apenas com um par de olhos e uma cabeça para os comandar.
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7 comentários:
olá Daniel. achei por acaso seu blog e não pude deixar de notar em suas palavras.
Gostei do que escrevestes e digo mais, a minha realidade vai além dos meus cinco sentidos.. Seja ela própria ou, em partes, alheia, ainda existe a alma, e dessa não se encontra idêntica.
olha, gostei do fim desse mundo.
olá aline! o fim do mundo é o cabo onde acaba aquilo que conhecemos e começa o desconhecido. E tudo isto lembrando o nosso amigo, tão profundamente brasileiro, o Professor Agostinho da Silva. Se temos cinco ou dez sentidos, de todos eles devemos fazer uso, já que os temos, e a vida é para ser vivida com o que se tem, e não com o que não se tem. Um grande abraço para todo esse Brasil, que é grande terra e para essa cultura brasileira tão irmã do nosso Portugal - e porque ser português é ser isso tudo, e viver a alma dessa maneira.
Olá! Fui convidado para participar no projecto Nova Águia e resolvi contactar outros aderentes ao projecto. Gostei do que li.
Abraço.
António
Só vemos o que queremos. Talvez só assim a realidade tenha espaço para existir...
Gostei muito do texto :)
Beijinho
António,
Bem-haja essa Nova Águia que se quer fénix sempre renascida. Vamos lá a construir o Novo Portugal - pela união e pelo contacto.
Abraço,
Daniel
Joana,
pelo contrário, é por só vermos o que queremos que não vemos tudo. Por outro lado, se só podemos chamar de real aquilo que vemos, porque o que não vemos, para nós, é como se não existisse, então o que vemos pode muito bem ser aquilo que é mais importante para nós. Agora, se isso existe ou não... essa já é outra conversa inteiramente diferente. Só poderá existir verdadeiramente e em absoluto se aquilo que vemos for o mesmo independentemente do referencial que tomemos para nós.
Beijinho.
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