Claro está que toda a explicação do comportamento da criança como uma reacção a um tratamento errado ou como repousando em causas orgânicas lhes aparece destituído de bom senso e apenas como produto de um cérebro em delírio; o mestre, apesar das aparências, é, em geral, pouco apreensivo e pouco sabedor; e é muito difícil lutar contra a ininteligência ou a ignorância do adulto; tudo se fixou nele como um dogma, toda a maleabilidade de espírito se perdeu; por outro lado, se reconhece o erro não o quer confessar; e, por fim, o temperamento leva-o muitas vezes a tomar atitudes que a inteligência lhe reprova.
Pouco há, evidentemente, a esperar, para o progresso social, dos espíritos - e dos corpos - preparados por estas escolas; perdem-se, em geral, as boas qualidades com que a criança entrou na escola e ficam-lhe radicados todos os desvios que a sua sensibilidade sofreu, todas as defesas que teve de inventar para, de algum modo, se proteger contra as ameaças do castigo; as pobres vítimas da incompreensão e do desconhecimento dos elementos da psicologia infantil ficam para sempre mutiladas e formam uma humanidade cheia de vícios e loucuras.
A cobardia que leva a esconder as convicções mais arreigadas para que se não arrisquem a tranquilidade e a vida em defesa do que é justo e puro; a dissimulação que se manifesta nos actos mais insignificantes da existência e que obriga o adulto a mentir a cada momento enquanto o proíbe à criança; o egoísmo que nos torna indiferentes às maiores injustiças cometidas contra os outros e sensíveis à mínima ameaça aos nossos interesses; a ignorância do que o mundo contém de beleza, de amor e de grandiosidade; a mesquinhez das nossas preocupações, das nossas conversas, dos nossos actos; a fraqueza de toda a nossa vida psicológica e física: numa palavra, todos os defeitos que se consideram inerentes à natureza humana - tudo se desenvolve na escola, se cultiva na escola e se afina na escola.
Agostinho da Silva contrapõe a esta concepção O Método Montessori
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