os literatos portugueses, e sobretudo aqueles que pairam sobre as universidades portuguesas, fazem incríveis esforços para serem detestados por toda a gente. Adoptam à partida uma postura esfíngica, meramente decorativa, entrincheirada no meio do seu ar abstruso e complicado. Qualquer tentativa de possível contacto é completamente afastada à partida. Mas o pior não vem do seu semblante: quando abrem a boca é que começa o inferno. A algaraviada incompreensível que vão terrivelmente balbuciando, em jeito de dicionário de folhas desordenadas, é suficiente para repelir até as mais pacientes almas e os espíritos menos ofuscados. Até a mais simples equação matemática poderia ser facilmente mutilada e desfigurada pelas mentes deturpadas desses literatos incompreensíveis.
O problema do ensino em Portugal e no mundo é o problema de quem ensina, e este pode resumir-se à sua falta de memória. Esquecendo as pessoas para quem falam, esses que pretendem ser professores sem nunca o poderem verdadeiramente ser falam somente para si, perpetuando um autismo patológico e completamente desconectado da realidade. Hoje, e cada vez mais, não precisamos de literatos-de-gabinete, empoeirados nos seus colarinhos engomados e nas suas cabeças bafientas. Precisamos, isso sim, de geómetras objectivos, de verdadeiros professores conscientes da sua missão cultural e da realidade cultural do país e dos alunos. Precisamos de gente que tenha o dom da comunicação, que consiga comunicar da forma mais simples e objectiva com o gosto de ensinar e de aprender ao mesmo tempo. Precisamos de quem subverta toda a lógica do actual ensino e que saiba reflectir seriamente acerca da melhor maneira pela qual poderemos transformar esta situação abjecta que temos hoje na verdadeira instrução - o único modo pelo qual cada se pode instruir por si próprio.
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