Os livros são ainda uma das melhores formas de desenvolver o nosso intelecto, e sem dúvida a mais directa. Só agora é que o cinema começa a rivalizar com a literatura em termos de imediatismo - cinema, isto é, a imagem em movimento. (Não nos podemos esquecer do aparecimento da literatura comercial - a portuguesa - no início dos anos 90, que tanto tem contribuído para desfazer esse véu etéreo que separa a palavra do significado, o real (ou o sobre-realismo urbano) da imaginação.) Comer, dormir, defecar, ter prazer sexual: tudo coisas que, por causa da nossa biologia, estamos obrigados a fazer, estando portanto já subentendidos na equação. Mais a mais, as pessoas em nada se distinguiriam dos outros animais se quisessem passar a vida a fazer isso.
Precisamente. Só existe verdadeira aprendizagem quando há motivação. Esse é um dos grandes erros do modelo de ensino que nós temos, cheio de sentidos proibidos e obrigatórios. Tudo está construído para que sejamos uns bons soldados - a escola não é mais do que uma tropa do intelecto - ; mas, na verdade, só devemos é dar ouvidos às nossas necessidades - primeiro as fisiológicas, que sem elas não se pode desenvolver a mente; e depois então as intelectuais. É este o plano cultural que falta para que as pessoas possam ser aquilo que nasceram, expressando toda a sua criatividade à vontade - vamos de novo dar razão à teoria da motivação de Maslow, tanto e tão bem defendida pelo nosso Agostinho da Silva. Depois de apaziguadas as necessidades do corpo, são as da mente que começam a falar mais alto; e só pelo exercício das nossas capacidades é que podemos ter uma consciência - musical, semântica, pictórica - mais alargada de todo o mistério que nos rodeia. O ideal seria que todos os meios de expressão nos fossem naturais para que a nossa imaginação se pudesse concretizar sem limites; porém, não temos muitas vezes o tempo para aprender a movermo-nos em todos estes meios de expressão: contentemo-nos então com o conhecer apenas os meios de que mais gostamos, e que nos são mais naturais. Foi exactamente por esse caminho que cheguei à escrita. Agora, e para além da escrita, apurou-se-me ainda mais este gosto por livros, sobretudo em relação aos clássicos.
nesta história temos sempre duas possibilidades: achar que somos nós os autores das ideias que encontramos na nossa cabeça; ou, por outro lado, mantermo-nos sempre receptivos para que a nossa cabeça, como boa antena colectora de ideias, seja confortável o suficiente para que elas se amiguem de lá pousar. Pelo sim pelo não, vou mais por deixar a cabeça suficientemente livre e vazia de qualquer pensamento para que eles nunca se incomodem de lá parar para ganhar força e seguir adiante.
6 comentários:
Aí está uma excelente decisão.
E comer?...
Essa decisão já a tomei há algum tempo ;)
Os livros são ainda uma das melhores formas de desenvolver o nosso intelecto, e sem dúvida a mais directa. Só agora é que o cinema começa a rivalizar com a literatura em termos de imediatismo - cinema, isto é, a imagem em movimento. (Não nos podemos esquecer do aparecimento da literatura comercial - a portuguesa - no início dos anos 90, que tanto tem contribuído para desfazer esse véu etéreo que separa a palavra do significado, o real (ou o sobre-realismo urbano) da imaginação.)
Comer, dormir, defecar, ter prazer sexual: tudo coisas que, por causa da nossa biologia, estamos obrigados a fazer, estando portanto já subentendidos na equação. Mais a mais, as pessoas em nada se distinguiriam dos outros animais se quisessem passar a vida a fazer isso.
Um professor meu dizia-me que devia exercitar-me (a nível musical) como respiro.
E o mesmo se passa com muitas outras coisas, como ler - devem ser uma necessidade do nosso organismo e não uma obrigatoriedade que nos é imposta.
Precisamente. Só existe verdadeira aprendizagem quando há motivação. Esse é um dos grandes erros do modelo de ensino que nós temos, cheio de sentidos proibidos e obrigatórios. Tudo está construído para que sejamos uns bons soldados - a escola não é mais do que uma tropa do intelecto - ; mas, na verdade, só devemos é dar ouvidos às nossas necessidades - primeiro as fisiológicas, que sem elas não se pode desenvolver a mente; e depois então as intelectuais. É este o plano cultural que falta para que as pessoas possam ser aquilo que nasceram, expressando toda a sua criatividade à vontade - vamos de novo dar razão à teoria da motivação de Maslow, tanto e tão bem defendida pelo nosso Agostinho da Silva. Depois de apaziguadas as necessidades do corpo, são as da mente que começam a falar mais alto; e só pelo exercício das nossas capacidades é que podemos ter uma consciência - musical, semântica, pictórica - mais alargada de todo o mistério que nos rodeia. O ideal seria que todos os meios de expressão nos fossem naturais para que a nossa imaginação se pudesse concretizar sem limites; porém, não temos muitas vezes o tempo para aprender a movermo-nos em todos estes meios de expressão: contentemo-nos então com o conhecer apenas os meios de que mais gostamos, e que nos são mais naturais. Foi exactamente por esse caminho que cheguei à escrita. Agora, e para além da escrita, apurou-se-me ainda mais este gosto por livros, sobretudo em relação aos clássicos.
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