se vivêssemos num mundo ideal, até a historiação como processo cuja única finalidade é o deleite intelectual seria válida; mas como há tanto para fazer neste mundo até a historiação tem de servir uma orientação: tem de ser útil para melhorar a condição em que vivemos, para propagar e defender os valores em que acreditamos. O processo de historiação deve ser crítico e procurar o que realmente aconteceu, mas os temas que são escolhidos para serem o alvo da investigação devem estar cuidadosamente orientados para uma finalidade prática. Quem disse que a história não serve para nada?
A verdade é que aquilo que se acaba escrevendo resvala sempre para uma situação em que se dá maior importância a determinados aspectos em detrimento de outros, mesmo se caímos em excessos. A questão aqui é que esses excessos, se não são nada importantes para mostrar o que realmente aconteceu ou acontece, são já extremamente importantes para defender as ideias que nos parecem mais válidas no mundo em que vivemos. E não há mal nenhum nisso se o ideal que nos anima é o de levar o mundo a cumprir-se verdadeiramente. O nosso excesso é a única propaganda que merece viver - tem um sentido muito mais elevado do que os interesses capitalistas e mesquinhos da publicidade.
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