sábado, 12 de setembro de 2009
parece-me que a publicidade tem uma grande força somente quando é sobreposta a imagem à música. Tire-se um destes dois elementos e ela perde substancialmente a sua força. Não são só as palavras que têm uma natureza insidiosa, é toda a presença humana que gera a insídia. Uma imagem, mesmo acompanhada da linguagem escrita, não nos prende a atenção facilmente, e podemos sempre fechar os olhos. Agora, quando se emparelham os dois, temos de fechar os olhos e tapar os ouvidos ao mesmo tempo, e isso já dá mais trabalho. Escusado será dizer que, dada a nossa tradição fortemente católica e repressora da natural expressão da nossa sexualidade, basta suspeitar que há uma pontinha de carne desnuda para logo a nossa atenção se prender com correias de aço. Até nos concertos já não escapamos à porcaria dos anúncios! A única coisa que nos vai valendo é esta publicidade agressiva passar sobretudo na televisão, onde podemos sempre mudar de canal ou desligar a máquina. Mas cuidem-se quando chegar a altura em que teremos publicidade aos magotes a falar, a cantar e em movimento em todo o lado. Aí, o mundo estará perdido.
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