sábado, 3 de outubro de 2009

Amália, hoje?



Precisamos de saudar várias vezes este interessantíssimo projecto português, que nos chega pela mão de alguns dos mais atentos artistas portugueses. Não é por ser pop, embora o ser pop ajude bastante a vender discos; é por ter muito pouco a ver com o fado, e ainda bem. O fado é o lamento dos pobres e a saudade reminescente do céu das ideias do Platão. Não é nada que possa ser usado para dar força aos portugueses do futuro, aqueles que vão cumprir o Quinto Império e puxar a Era de Aquário para o pé de nós mais depressa. A música aqui, a canção, celebra em vez de se lamentar. Não precisamos nada, absolutamente nada, do velho fado para seguirmos em frente; precisamos, isso sim, de coisas como esta que sejam uma celebração da alma portuguesa, da alma universal, da beleza que há no mundo. E só agora é que me apercebo de uma coisa: aquela voz ridícula que tiveram a infelicidade de pôr no início da música (até mesmo o Pedro Abrunhosa canta melhor que aquilo) conta a história do fado. Primeiro, era uma coisa que levava ao raquitismo e à depressão, e agora é encarada como a celebração da alma - não vou dizer de Portugal, mas - do mundo! É finalmente o triunfo do dia sobre a noite! É o triunfo do fado que deixa, finalmente, de ser fado para ser outra coisa muito melhor.

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