sem aquele distanciamento histórico que nos permite mais confortavelmente olhar para o passado e detectar logo os padrões que emergem do caos quotidiano, torna-se difícil analisar a época em que vivemos. Será que já podemos caracterizar aquilo que vai ficar conhecido como a primeira década do século XXI?
Tecnologia. A tecnologia está cada vez mais aperfeiçoada e cada vez mais pequena. A complexidade de um simples telemóvel é algo que talvez fosse impensável uns anos atrás. Aumenta a definição da tecnologia, diminui o tamanho, simplificam-se as formas, massifica-se a utilização. Agora estamos rodeados (ou podemos vir a estar) por todos os lados, até em écrans pequenos, ou em plasmas gigantescos, pela televisão, pela internet. Toda a gente quer que estejamos ligados. Podemos tirar fotografias ou fazer filmes com telemóveis. Nunca o grafismo de jogos de computador foi tão avançado. O design instala-se em todos os objectos. A cultura entra-nos porta adentro. A internet massifica-se ainda mais. A informação nunca circula tão rápido. Os motores de busca Google são mais eficientes, as páginas pessoais em Hi5s, Facebooks e MySpaces multiplicam-se, os vídeos navegam cada vez com mais definição no YouTube, os pequenos estados de alma publicam-se em Twitters, e os Blogues conhecem uma diversificação e massificação sem precedentes. O poder virtual torna-se real. A televisão digital, cada vez mais interactiva, vem aí. Cada vez mais temos mais meios à disposição para que possamos escolher o que fazer, como e quando quisermos. Liberdade é a palavra de ordem, expressão individual é o imperativo.
Economia. Vivemos uma era de sucessivos abalos nascidos da inevitável crise do sistema capitalista, a consequência natural de um processo de globalização em que todos dependem de uns poucos que mandam no mundo. As crises económicas levam perigosamente aos cortes orçamentais e à perda das liberdades sociais que foram ganhas com tanto suor e sangue pelos nossos antepassados. O desemprego cresce inexoravelmente fruto do avanço da tecnologia, e da inadequação dos sistemas de ensino para prepararem a nova geração para o mundo futuro. O descontentamento alastra, as pessoas trabalham mais, o trabalho que têm permite uma maior mobilidade mas também é mais precário, os salários são mais baixos, os cortes orçamentais são maiores e abafam a cultura, o descontentamento irrompe em ondas incontroladas de protesto, as pequenas economias soçobram e caem. Estamos reféns dos grandes grupos económicos, e cada vez mais dependentes da união europeia. O património degrada-se e a individualidade das nações ameça dissolver-se. Abrem-se as portas a leste para uma integração económica.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário