quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
o maior orador que já conheci na vida é o nosso Agostinho da Silva. Não foi com soberba ou de forma exagerada que o Fernando Dacosta comparou o brilhantismo da sua oratória ao brilhantismo da de um António Vieira. Agostinho da Silva tem esse raro dom de ser claro, de conversar abertamente com quem quer que seja e fazer-se entender por estas ou aquelas palavras, consoante aquilo que melhor servir cada um. Longe de se prender a filosofias de coisas que não existem, ou a matemáticas de coisas que não são - e eu duvido que alguma vez o sejam - objectivas, longe de palavreado de professores e doutores nisto ou naquilo, Agostinho sabia ser sempre objectivo e não se deixar perder no meio de todos os diplomas que andou colhendo. Grande é o vazio que uma alma tão imensa deixa quando o seu corpo nos abandona, e essa é uma verdade que temos que admitir, na realidade, quando olhamos para aqueles que continuaram na terra a sua grande Obra. Então de que é que nos valem lamentos moles e saudosos? Eles não nos valem de nada, a não ser que se transformem em farol que aponte o caminho a seguir: o caminho científico, o caminho da clareza e da objectividade, o despojamento desses floreados académicos que não servem para nada; enfim, o esforçarmo-nos por limpar o discurso e a mente de toda a porcaria para que a cultura possa chegar na sua forma mais pura a toda a gente. Se esse não é o objectivo que se concretiza todos os dias em cada amante da cultura, então esta tarefa está minada à partida.
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2 comentários:
Faleceu a 3 de Abril de 1994 - tinha você 7 anos.
Esse é um dos alentos que a minha vida toma quando penso no Agostinho: o facto de ter vivido pouco e já ter encontrado tão grande alma leva-me a pensar na quantidade de oportunidades que tenho ainda, se for conforme a esta minha vida, de encontrar tantos que sejam tão bons oradores - ou mesmo melhores - que o nosso bom Agostinho. Oxalá.
MIL saudações.
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