Parece-nos extremamente interessante o facto de tanta banda de rock alternativo, maioritariamente anglo-saxónico, estar a adquirir uma grande aceitação por parte das pessoas. Vamos por momentos pôr de lado a hipótese que tal se deve, em Portugal, à nossa excessiva obediência e veneração ao estrangeiro, e, no estrangeiro, a um nacionalismo macdonaldiano exacerbado. A verdade é que as novas bandas que curiosa e inesperadamente irromperam por aí estão a transformar os detritos rock e pop que abundam pelos lados da música contemporânea em algo notável, especial, único. Exactamente como fungos ou pequenas e delicadas bactérias, alimentam-se da podridão para extrair o ouro dos sonhos. Long live that! Só esperemos que tudo isto não se revele mais uma pequena moda que, com o tempo, passa - sem deixar marca em cada um de nós. Não parece ser o caso, e adivinha-se que o movimento se concretize por outros lados. Aguardamos ansiosamente.
The Editors
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Ah! Porém não consideraria os Editors (sem The) rock alternativo. Como diz Bruno Nogueira, as pessoas estão sempre a comparar bandas, estilos musicais, estilos humorísticos. Eu digo, que até se compararm a si próprias.
Como tu dizes, as coisas são como são, comparáveis ou não, com sentido ou não.
Deixem-nas ser em paz!
Abraço
André,
estas gavetas que utilizamos para encaixar a realidade neste ou naquele buraco mental são apenas muletas para que nos entendamos melhor. Na verdade, e se quisermos ser analíticos até ao tutano, não podemos legitimamente comparar nada - não existem duas coisas iguais. Podemos, contudo, encontrar alguns pontos de referência que nos permitem encaixotar - só e apenas, friso, para melhor conveniência mental - isto e aquilo. Chamando-lhes aquilo que se queira, o importante é o que elas realmente são, não o que as pessoas fazem delas.
Abraço
Com ou sem muletas, sabe tão bem deixá-las andar pelo seu próprio pé na nossa mente, não?
Abraço
Claro! Um dos segredos do mundo (talvez um dos do universo) é mesmo esse... A muleta dá-nos jeito, mas apenas se serve como a representação física de algo que é na sua essência metafísico. Porém, só serve até um determinado ponto. A mensagem, o significado, é na sua essência metafísico, e portanto só pode ser realmente compreendido de uma forma metafísica, e sem recorrer a muletas. Lembras-te da conversa entre Siddhartha e Govinda?
Abraço
Sim, lembro-me.
Na tua opinião, é possível alguém alguma vez poder andar sem qualquer tipo de muleta?
Compreender, metafisicamente, a metafísica?
Para compreender a metafísica, ou aquilo que vai para além do físico - isto é, de um ponto de vista genuinamente metafísico - será preciso unirmo-nos ao que quer que seja essa metafísica. Se isso é possível ou não, não sei e tenho dúvidas de que alguém saiba - e, mais ainda, tenho ainda mais dúvidas acerca de que, se alguém o soubesse, esse alguém pudesse exprimi-lo por palavras. Pode ser que atingindo o nirvana não deixemos de andar com as muletas atrás, mas possamos deixar essas e usar outras já mais pequenas. Não me parece que o nirvana seja a solução última porque longo é ainda o caminho que nos separa da divindade, ou do divino, ou dessa coisa inominável a que podemos agora chamar metafísica. Por outro lado, parece-me que quando nos tentamos unir ao poema que os outros são (como dizia o Agostinho) já nos estamos livrando das muletas - ou pelo menos das muletas que agora mais usamos.
Enviar um comentário