quarta-feira, 23 de setembro de 2009

inviting this so-called chaos



Deadlines and meetings and contracts all breached
D-days and structure, responsibility
Have to's and need to's, get to's by three
Eleventh hours and upset employees

I want to be naked running through the streets
I want to invite this so-called chaos that you think I dare not be
I want to be weightless flying through the air
I want to drop all these limitations but the shoes upon my feet

Heartburn and headaches and soon-to-be ulcers
Compulsive yearnings non-stop to please others

I want to be naked running through the streets
I want to invite this so-called chaos that you think I dare not be
I want to be weightless flying through the air
I want to drop all these limitations but the shoes upon my feet

All won't be lost if I'm governed by my own innate-ness
The stoplights won't work, I'll get home sound and safe regardless
Won't be mayhem if I'm ruled by my own rule-lessness
My fire won't quell and I'll be harm-free and distress-less (trust me)

Line-towing and helping, expectations-up-to living
Inside-box-obeying, inside-line-coloring

I want to be naked running through the streets
I want to invite this so-called chaos that you think I dare not be
I want to be weightless flying through the air
I want to drop all these limitations but the shoes upon my feet

I want to be naked running through the streets
I want to invite this so-called chaos that you think I dare not be
I want to be weightless flying through the air
I want to drop all these limitations and return to what I was born to be

sábado, 19 de setembro de 2009

Cultura e natureza



Goldfrapp - A&E

Vivemos para lá do mundo natural. A expressão cultural humana é um prolongamento artificial da natureza. Mas a cultura também é humanizante, e a produção cultural humana humaniza a natureza - isto é, estende para lá do mundo puramente natural da biologia. Os aglomerados humanos, as vilas e as cidades, são tudo formas de humanizar a natureza. Infelizmente, o que se verificou ao longo da história, e o que se continua a verificar, é que se humaniza tanto a natureza que a sua face fica irreconhecível, e tantas vezes destruída. A destruição da natureza durante o seu processo de humanização, ou aculturação ao que é humano, quebra o vínculo biológico que desde o início das espécies nos une ao mundo natural. O tempo deixa de ser cíclico e previsível, como é o da natureza, e passa a ser linear, com uma dinâmica caoticamente oscilante. Mas a verdade é que vivemos num mundo natural, e estamos e somos dominados - quer queiramos ou não - pela nossa natureza biológica, e pelos ciclos do planeta. Se o mais importante foi, em tempos, a imposição da existência à essência, agora parece que é no regresso à essência de cada coisa que está o futuro. Aceitar a nossa natureza biológica, aceitar todas as expressões da nossa natureza biológica com a mínima perturbação vinda do exterior, aceitar a vida e a morte como as voltas cíclicas de um movimento que não pode ser parado: eis a solução. Se a nossa existência é cíclica, então a ela havemos de retornar sempre.

sábado, 12 de setembro de 2009

é preciso ter uma constituição psíquica extremamente saudável e equilibrada para não enlouquecermos de vez num mundo como este.
vivemos na era do assédio. Toda a gente é assediada por alguém ou alguma coisa. A nossa natureza é assediada pela educação tradicional dos nossos pais. A nossa inteligência é assediada pelos professores que nos dão aulas e pelos professores doutores que nos escrevem os livros. A nossa fé é assediada pelos fundamentalismos e pelas religiões em decadência. A nossa atenção é assediada pela publicidade, pelo espalhafato, pelo sensacionalismo barato e mal-cheiroso. A nossa noção do mundo é assediada pelos jornais que são tudo o que quiserem, menos isentos. A nossa vida é assediada pelos patrões que nos querem sugar até ao tutano. A nossa liberdade é assediada pelos políticos que querem votos para chegar ao poder e fazer exactamente o contrário do que apregoaram (ou, quando pior, exactamente aquilo que defendiam!). A nossa sexualidade é assediada por aqueles que preferem um prazer rápido e fácil a outros maiores e mais duradouros. A nossa paz interior é assediada pelos avós que estão sozinhos e têm medo da morte, pelos pais que querem que sejamos o que eles decidiram ser melhor para nós, pelos tios que nunca vemos e que nunca queremos ver, pelos amigos que competem pela nossa confiança e sempre esticam a corda, pelos inimigos que nos querem dar facadas, pelas pessoas que conhecemos e sobretudo pelas pessoas que desconhecemos, pelos anónimos que não nos cedem passagem e não dizem obrigado quando nos mostramos simpáticos. A vida é, despida de roupagens de rei e plebeu, um grande lupanar, um bordel gigantesco, um cabaret-de-coxa-à-mostra, um beco de trancas, onde todos comem, onde todos são comidos, e onde todos vegetam na mesma amorfa insignificância. A vida é uma orgia de influências, um bacanal de favores, um buraco onde se entra por um lado e se sai por outro bem pior. Vão mas é tomar banho!
parece-me que a publicidade tem uma grande força somente quando é sobreposta a imagem à música. Tire-se um destes dois elementos e ela perde substancialmente a sua força. Não são só as palavras que têm uma natureza insidiosa, é toda a presença humana que gera a insídia. Uma imagem, mesmo acompanhada da linguagem escrita, não nos prende a atenção facilmente, e podemos sempre fechar os olhos. Agora, quando se emparelham os dois, temos de fechar os olhos e tapar os ouvidos ao mesmo tempo, e isso já dá mais trabalho. Escusado será dizer que, dada a nossa tradição fortemente católica e repressora da natural expressão da nossa sexualidade, basta suspeitar que há uma pontinha de carne desnuda para logo a nossa atenção se prender com correias de aço. Até nos concertos já não escapamos à porcaria dos anúncios! A única coisa que nos vai valendo é esta publicidade agressiva passar sobretudo na televisão, onde podemos sempre mudar de canal ou desligar a máquina. Mas cuidem-se quando chegar a altura em que teremos publicidade aos magotes a falar, a cantar e em movimento em todo o lado. Aí, o mundo estará perdido.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sem sombra de dúvida é que foram os desenvolvimentos da tecnologia e da ciência que marcaram o desenvolvimento primeiro da espécie humana. E, a bem dizer, existindo nós num corpo e num mundo materiais, não poderia ter sido de outra maneira. Nenhuma revolução mental se faz sem estarem primeiro garantidas as condições materiais mínimas que permitam dar paz material ao espírito que habita cada corpo. Talvez seja por isso - quem sabe se um dia se vem a descobrir - que os neanderthais se foram, e ficámos nós. Mas felizmente não vive só o homem - pelo menos só o homem de hoje - dos alimentos da carne, e portanto, quando forem abertas as portas do espírito, talvez também nós tenhamos de dar a passagem ao homem mais evoluído que usa a tecnologia para se desenvolver a si mesmo e não para impor a autoridade que não tem àqueles que tiverem nascido em condições que não são a sua.
Como o mundo, segundo aquilo que podemos ver, caminha cada vez mais depressa em direcção a um algo que desconhecemos, não é nada difícil notar que as distâncias entre pais e filhos nunca foram tão grandes como agora. A quantidade imensa de transformações que se instala de avós para pais cresce ainda mais de pais para filhos, e os avanços da tecnologia e da ciência são de tal ordem que o difícil é que os pais não se tornem ignorantes do mundo em que os seus filhos vivem.