Desde a Montessori de 1959 terá alguma coisa mudado nestes quase 50 anos que nos separam? O que há a fazer em relação a toda esta situação? É simples: a velha universidade tem que ser completamente destruída, para que se possa construir a Nova Universidade.
Essa Nova Universidade será, antes de mais, uma Universidade Livre: livre primeiramente em termos de currículos e obrigações, para que cada um possa escolher livremente aquilo que quer aprender da maneira como melhor lhe convier; e futuramente uma universidade que seja gratuita para toda a gente, uma universidade em que o peso do económico deixe de existir e onde qualquer um possa entrar lá e de lá sair de acordo com o seu caminho, no pleno exercício de toda a sua liberdade. Esse é o “espírito da universidade”. Mas isso só também não chega. É preciso pular para além das inacessíveis cátedras disto ou daquilo e destruir todas as paredes que prenderem o conhecimento dos investigadores científicos aos seus pequenos e limitados laboratórios. A Universidade do futuro será aquela que construirá tantas pontes quantas as pessoas que dela quiserem beber o seu conhecimento. É preciso divulgar o que se faz nos laboratórios, e é preciso ainda divulgar aquilo que já se fez.
Dar a conhecer a ciência a todos é essencialmente duas coisas diferentes: primeiro, é querer ensinar, é querer transmitir aquilo que já se sabe a quem queira ouvir; depois, é ensinar da melhor maneira, é ter uma atitude pedagógica que permita com que o ouvinte ou os ouvintes consigam entender aquilo que lhes é dito da maneira mais clara possível. E que não signifique isto, em nenhum momento, um afrouxamento ou simplificação daquilo que se ensina: clarificar é tornar límpido, não alterar a natureza, seja ela simples ou complexa, daquilo que se quer transmitir. Este é um grande exercício, e um grande desafio para os homens do nosso tempo. É necessário não só ter um conhecimento específico acerca da ciência e da sua área particular de investigação, mas também da melhor maneira de transmitir esse conhecimento, de tornar compreensível, de desmistificar, de tornar claro como qualquer geometria aquilo que se faz: é esta, na verdade, uma questão de adaptação do orador ao auditório: é o único modo possível de ensinar. É por isso que as escolas, ou as universidades, se lhes quiserem chamar assim, do futuro, irão regressar ao giz e à ardósia. Só um meio de comunicação que é essencialmente plástico, que permite que o orador se adapte ao auditório pela modificação rápida do modo como ensina ou como representa os conceitos que quer transmitir poderá realmente tornar possível essa grande missão que é ensinar. Toda essa aparelhagem informática de diapositivos electrónicos suportados por programas de multinacionais terá de desaparecer para que as aulas sejam interactivas, para que uma aula seja um momento único e singular de aprendizagem, de contacto, de encontro. Na verdade, trata-se apenas de humanizar o ensino: para que ele deixe de ser ensino e passe a se chamar instrução.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário