o problema que separa os clássicos do ordinary common man of everyday é a distância histórica que separa esse homem do contexto no qual o clássico foi concebido. Se a eternidade fosse entre nós só uma, e os acidentes do espaço não fossem tão prementes, facilmente conseguiria qualquer homem chegar até à época em que o clássico se situa. O problema desta nossa realidade temporal e espacialmente finita é o da sucessão inexorável do tempo e do consequente esquecimento daquilo que houve de real no tempo que passou. Se cada homem visse a história como um todo, se cada homem se apercebesse da continuidade histórica que existe e que sempre existiu entre todos os momentos da história do mundo - aí seria impossível considerar os clássicos como algo abstruso e inalcançável, seria impossível não se sentir um igual entre eles. Todo este erro enorme da percepção da história e da passagem do tempo é consequência do desenvolvimento capitalista da sociedade científica que temos. O esquecimento só pode acontecer quando a memória do passado não é preservada, e só é possível que se sinta uma desidentificação com outros contextos históricos quando se olha para o passado como algo menos evoluído e sem relação nenhuma com o presente.
Assim, como será possível transpor o fosso que hoje há entre os clássicos e cada um de nós? Só uma resposta pode ser válida: é preciso reconhecer os fios da continuidade histórica que nos ligam a todos. É preciso reconhecer a continuidade histórica na história e na filosofia; é preciso reconhecer a continuidade histórica na arte e na ciência; é preciso compreender que nada neste mundo faz, fez, ou fará sentido, sem compreender o modo como a história se desenrola desde o início da cultura.
Assim, só há uma tarefa realmente importante a cumprir neste momento: desenvolver e cultivar a consciência histórica de tudo quanto existe no mundo. Tudo é história.
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