segunda-feira, 23 de março de 2009

os pivots de televisão dariam todos maus poetas porque parece estar neles ausente aquela música cadenciada de um discurso em perfeita divisão métrica. O que é ainda mais caricato é que os actores que se emprestam a um poema também se esforçam continuamente por deturpar o seu sentido nas dissonâncias em que afogam os poemas que dizem.

-Os poemas não são para serem ditos. Os poemas são para serem interpretados.
-O poema é uma encenação, o poema é todo um teatro à espera de ser representado.
-O actor é o único que é capaz de dar vida ao poema.
-A interpretação de um poema deve existir para melhor dar a conhecer o seu sentido ou os seus múltiplos sentidos a quem o lê e o escuta.
-A melhor maneira de tornar um poema inteligível é respeitar a métrica intrínseca ao próprio poema e quase nunca o espaço que separa um verso de outro.

2 comentários:

Jubylee disse...

Concordo plenamente! Também já tenho ouvido actores - que, como tu dizes e bem, deviam saber interpretar o poema e não se limitar a fazer as pausas entre cada verso (como a maioria das pessoas faz) - a recitar poemas de forma vergonhosa.

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Daniel disse...

é muito irritante, uma dor de cabeça. E o pior é que isto acontece até mesmo entre as pessoas que estudam a melhor maneira de dizer poemas. Uma autêntica palhaçada... As pessoas admiram-se muito com a capacidade de, por exemplo, uma Germana Tânger conseguir dizer odes enormes do Álvaro de Campos apenas de memória, mas isso não tem interesse nenhum. Essa é uma tarefa que pode ser feita por qualquer pessoa. O que é realmente difícil é conseguir transmitir a mensagem do poema da forma mais pedagógica. Para aí é que as atenções deviam estar voltadas.