terça-feira, 28 de outubro de 2008
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
lamarckismo vs. darwinismo
O dever de qualquer pessoa minimamente inteligente é tentar por todos os meios destruir todo e qualquer resquício de darwinismo que faz com que se considere mais importante a condição em que cada um nasceu que a vontade que cada um tem para se lançar, pelos seus próprios meios, para um sítio mais alto do que aquele onde se está. A grande tarefa do nosso tempo é revitalizar a noção lamarckista de que o desenvolvimento das nossas faculdades e a superação dos nossos obstáculos está e sempre esteve ao alcance das nossas mãos.
sábado, 25 de outubro de 2008
o elogio da loucura
Não pode ser verdadeiro um discurso que, tendo admitido a existência de um apaixonado, postule que devem conceder-se favores ao não apaixonado de preferência ao apaixonado, invocando como justificação o facto de o primeiro agir sensatamente e o segundo se encontrar possesso do delírio e da loucura! Seria verdadeiro se a loucura fosse apenas um mal, mas acontece que muitos dos nossos bens nascem da loucura inspirada pelos deuses.
Efectivamente, é em estado de delírio que as profetisas de Delfos e as sacerdotisas de Dódona, prestam grandes serviços à Grácia, já na ordem privada, já na ordem pública, pois, quanto se encontram no seu perfeito juízo, as suas possibilidades ficam reduzidas a pouco ou a nada. Depois delas podemos falar da Sibila? Podemos falar de todos os que, utilizando o poder divinatório que um deus lhes inspira, ditaram a muita gente e em muitas ocasiões o recto caminho a seguir? Fazer isso seria perder tempo com o que é evidente para todos nós!
Mas também esse facto merece ser aqui testemunhado, pois constitui uma prova de que na Antiguidade os homens, ao instituírem os nomes, não consideravam o delírio, ou mania, uma coisa vergonhosa, nem motivo de opróbrio (...). Por este motivo, a arte da profecia suplanta, já em perfeição, já em dignidade, a arte dos augures, tanto na denominação como nas funções, e assim, tal como os Antigos no-lo testemunham, a loucura inspirada pelos deuses é, por sua beleza, superior à sabedoria de que os homens são os autores!
Mas não ficamos por aqui: enquanto essas doenças, esses flagelos terríveis que, em consequência de antigos ressentimentos, vindos não sabemos de onde, ainda existem em certos indivíduos de uma raça, o delírio profético manifestou-se em alguns predestinados e encontrou o meio de afastar esses males, precisamente pelo recurso às preces dirigidas aos deuses e pela prática de cerimónia em seu louvor. Graças ao delírio, surgiram os ritos catárticos e iniciáticos, pondo o que neles participa ao abrigo dos males, tanto do presente como do futuro, e fazendo com que os homens, animados de espírito profético, encontrem o meio de proteger-se contra aqueles males.
Há ainda uma terceira espécie de loucura, aquela que é inspirada pelas Musas: quando ela fecunda uma alma delicada e imaculada, esta recebe a inspiração e é lançada em transportes, que se exprimem em odes e em outras formas de poesia, celebrando as glórias dos Antigos, e assim contribuindo para a educação da posteridade. Seja quem for que, sem a loucura das Musas, se apresente nos umbrais da Poesia, na convicção de que basta a habilidade para fazer o poeta, esse não passará de um poeta frustrado, e será ofuscado pela arte poética que jorra daquele a quem a loucura possui.
Embora não sejam somente estas, já ficas sabendo quais são as belas vantagens que se podem usufruir de um estado delirante inspirado pelos deuses. Podemos agora concluir que não devemos recear, nem devemos deixar-nos confundir pelo espantalho de uma doutrina, segundo a qual se deve preferir a amizade do homem sensato à amizade do homem apaixonado. Bem pelo contrário, a vitória deve ser dado ao apaixonado, pois o amor foi enviado pelos deuses no interesse do amante e do amado, e é isso mesmo, contra aquela tese, que procuraremos demonstrar: os deuses desejam a suprema ventura daqueles a quem foi concedida a graça da loucura.
Platão dá voz ao discurso de Sócrates a Fedro
(tradução por Pinharanda Gomes)
Efectivamente, é em estado de delírio que as profetisas de Delfos e as sacerdotisas de Dódona, prestam grandes serviços à Grácia, já na ordem privada, já na ordem pública, pois, quanto se encontram no seu perfeito juízo, as suas possibilidades ficam reduzidas a pouco ou a nada. Depois delas podemos falar da Sibila? Podemos falar de todos os que, utilizando o poder divinatório que um deus lhes inspira, ditaram a muita gente e em muitas ocasiões o recto caminho a seguir? Fazer isso seria perder tempo com o que é evidente para todos nós!
Mas também esse facto merece ser aqui testemunhado, pois constitui uma prova de que na Antiguidade os homens, ao instituírem os nomes, não consideravam o delírio, ou mania, uma coisa vergonhosa, nem motivo de opróbrio (...). Por este motivo, a arte da profecia suplanta, já em perfeição, já em dignidade, a arte dos augures, tanto na denominação como nas funções, e assim, tal como os Antigos no-lo testemunham, a loucura inspirada pelos deuses é, por sua beleza, superior à sabedoria de que os homens são os autores!
Mas não ficamos por aqui: enquanto essas doenças, esses flagelos terríveis que, em consequência de antigos ressentimentos, vindos não sabemos de onde, ainda existem em certos indivíduos de uma raça, o delírio profético manifestou-se em alguns predestinados e encontrou o meio de afastar esses males, precisamente pelo recurso às preces dirigidas aos deuses e pela prática de cerimónia em seu louvor. Graças ao delírio, surgiram os ritos catárticos e iniciáticos, pondo o que neles participa ao abrigo dos males, tanto do presente como do futuro, e fazendo com que os homens, animados de espírito profético, encontrem o meio de proteger-se contra aqueles males.
Há ainda uma terceira espécie de loucura, aquela que é inspirada pelas Musas: quando ela fecunda uma alma delicada e imaculada, esta recebe a inspiração e é lançada em transportes, que se exprimem em odes e em outras formas de poesia, celebrando as glórias dos Antigos, e assim contribuindo para a educação da posteridade. Seja quem for que, sem a loucura das Musas, se apresente nos umbrais da Poesia, na convicção de que basta a habilidade para fazer o poeta, esse não passará de um poeta frustrado, e será ofuscado pela arte poética que jorra daquele a quem a loucura possui.
Embora não sejam somente estas, já ficas sabendo quais são as belas vantagens que se podem usufruir de um estado delirante inspirado pelos deuses. Podemos agora concluir que não devemos recear, nem devemos deixar-nos confundir pelo espantalho de uma doutrina, segundo a qual se deve preferir a amizade do homem sensato à amizade do homem apaixonado. Bem pelo contrário, a vitória deve ser dado ao apaixonado, pois o amor foi enviado pelos deuses no interesse do amante e do amado, e é isso mesmo, contra aquela tese, que procuraremos demonstrar: os deuses desejam a suprema ventura daqueles a quem foi concedida a graça da loucura.
Platão dá voz ao discurso de Sócrates a Fedro
(tradução por Pinharanda Gomes)
domingo, 19 de outubro de 2008
Exegese do nome de António Vieira
António Vieira, como todos os grandes, tem no seu nome a síntese de tudo quanto foi. De António, temos a referência ao tão português e tão excelente Santo António, pregador ímpar, e a quem Vieira foi buscar suma inspiração para fazer brilhar o verbo português. De Vieira, temos a referência biológica ao símbolo do perpétuo peregrino: peregrinação foi toda a vida de Vieira, seja em Portugal ou no Brasil, em cortes nacionais ou estrangeiras; e foi peregrinando em terra que achou o céu: tanto naquilo que a vida lhe apontava - na metáfora do símbolo e na metáfora da ignorância humana que urge derrubar - como naquilo que ele nela apontava, dirigindo os seus esforços para a compreensão dos destinos do mundo que se quer bem perto do universo, e fazendo sempre ao aplicar a sua incansável energia nessa árdua tarefa que é a de pôr os mecanismos mais profundos do nosso mundo a funcionar por eles mesmos.
in case you didn't notice...
António Vieira não se chama Padre António Vieira. Padre não é o seu primeiro nome. Padre é apenas o título que ele tinha por ter sido ordenado na Companhia de Jesus. O seu verdadeiro nome é António Vieira, e é por ele que deve ser chamado.
A grandeza de António Vieira está ao nível da grandeza de Fernando Pessoa. Tal como Pessoa, António Vieira analisava atentamente o mundo exterior à procura das mensagens que a vida - ou, no seu caso, a voz de Deus - lhe mostrava. Despindo, assim, o efémero da sua capa transitória, e procurando o que nele havia de universal, Vieira convertia essa matéria imaterial em matéria falada, vibração sonora com que se reverberava nos espíritos dos seus ouvintes. E, porventura, foi Vieira muito superior a Pessoa: não só se cumpriu a ele mesmo, como também cumpriu na prática muitas obras superiores que deram e ainda estão dando frutos tão sublimados.
conhecer uma pessoa é unir-se a essa pessoa. E não é possível unir-se a outra pessoa se não formos nós a pessoa com que nos unimos. Porém, não nos é possível deixar de ser aquilo que somos; e, portanto, grande e grave é este paradoxo que nos atormenta a união à vida e nos dificulta a ascensão ao alto. A experiência prática supera sempre, e em muito, toda a teoria que se queira inventar para explicá-la; é por isso que constatação de que esta união é possível facilmente dá razão à primazia da união sobre a impossibilidade de esta se realizar. É esse ponto que procuraremos esclarecer.
a união com outra pessoa só se pode atingir se formos nós capazes de sentir tudo do mesmo modo que a outra pessoa o sente. Só assim poderemos compreender porque sente essa pessoa desse modo e não de outro. Não estaremos a compreender objectivamente o que a pessoa é, mas sim a compreender subjectivamente - que é a única forma de compreender algo subjectivo - o que a pessoa realmente é. E isso trata-se de ter fé.
Mas o paradoxo não fica explicado por esta exposição. Como é possível ser o que se é sendo diversamente? Ainda que sejamos o que somos, e que não possamos ser outra coisa que aquilo que é de nossa natureza, é-nos contudo possível a capacidade de outrar. Outrar-se é tornar-se outro, e portanto imaginar o que é possível sentir se a nossa natureza fosse outra. Ora, este outrar-se é um fenómeno exclusivamente mental. Torna-se outro aquele que sente como se fosse outro, embora não o sendo; e não aquele que se mascara ou se falseia de outro. E se dúvida houvesse quanto à realidade deste processo, o exemplo de Pessoa pode esclarecer este ponto. Cada heterónimo resulta de um processo de outração. Outrando-nos procuramos desdobrar os limites da nossa sensibilidade, e até ao ponto em que eles deixam de existir. Só assim é possível sentir tudo de todas as maneiras. Mas como continuar a sentir o que se é, sendo outro? Só há uma hipótese: sentir tudo de todas as maneiras em simultâneo e sempre. Mas a verdade é que, se há quem consiga isso, então a natureza humana só pode ser uma...
a união com outra pessoa só se pode atingir se formos nós capazes de sentir tudo do mesmo modo que a outra pessoa o sente. Só assim poderemos compreender porque sente essa pessoa desse modo e não de outro. Não estaremos a compreender objectivamente o que a pessoa é, mas sim a compreender subjectivamente - que é a única forma de compreender algo subjectivo - o que a pessoa realmente é. E isso trata-se de ter fé.
Mas o paradoxo não fica explicado por esta exposição. Como é possível ser o que se é sendo diversamente? Ainda que sejamos o que somos, e que não possamos ser outra coisa que aquilo que é de nossa natureza, é-nos contudo possível a capacidade de outrar. Outrar-se é tornar-se outro, e portanto imaginar o que é possível sentir se a nossa natureza fosse outra. Ora, este outrar-se é um fenómeno exclusivamente mental. Torna-se outro aquele que sente como se fosse outro, embora não o sendo; e não aquele que se mascara ou se falseia de outro. E se dúvida houvesse quanto à realidade deste processo, o exemplo de Pessoa pode esclarecer este ponto. Cada heterónimo resulta de um processo de outração. Outrando-nos procuramos desdobrar os limites da nossa sensibilidade, e até ao ponto em que eles deixam de existir. Só assim é possível sentir tudo de todas as maneiras. Mas como continuar a sentir o que se é, sendo outro? Só há uma hipótese: sentir tudo de todas as maneiras em simultâneo e sempre. Mas a verdade é que, se há quem consiga isso, então a natureza humana só pode ser uma...
sábado, 18 de outubro de 2008
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
domingo, 12 de outubro de 2008
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
A degeneração semântica que o adjectivo platónico tem levado ao longo dos tempos é um insulto ao próprio Platão e a toda a grandeza e justeza do seu pensamento - mas na metafísica e na mística abundam estas interpretações erróneas. Assim aconteceu com o adjectivo hermético, que, agora dessacralizado, representa apenas aquilo que se veda bem; e assim aconteceu ainda com o adjectivo espiritual, de que os franciscanos eram um excelente exemplo. Tudo a ignorância de quem não sabe abrir os olhos para compreender o que esses grandes nos querem transmitir. E é por isso que o estudo da etimologia das palavras tem um papel tão importante - diremos, o estudo da etimologia e o estudo do contexto histórico no qual a palavra se revela.
domingo, 5 de outubro de 2008
é grande a minha vontade de instruir os outros, mas o problema é que ainda sou muito novo, e por isso tenho ainda que dedicar muito tempo a estudar muita coisa para poder unir o que os outros separam e poder finalmente apresentá-lo como método de desenvolvimento à humanidade. Aqui me desculpo publicamente pela minha inexperiência, e faço votos de dedicar mais tempo a este estudo profundo para que Portugal - e o Mundo - se cumpram.
Método verdadeiro para perceber o que as pessoas valem
Este método científico é infalível, e tem resultado sempre que aplicado a vários e diversos contextos.
1 - Sempre que se faça uma pergunta, que seja subjectiva.
A subjectividade inerente à pergunta feita vai levar a que a outra pessoa seja obrigada a interpretá-la da maneira que melhor acha. Como a maneira como a pessoa a interpreta é, na verdade, aquilo que a pessoa é, então, ao responder, essa pessoa vai dizer aquilo que é.
2 - Sempre que se faça uma pergunta, não se interfira até que a resposta seja dada.
As perguntas devem ser neutras, não tendo qualquer valoração positiva ou negativa acerca do assunto que é levantado. A influência do observador deve ser minimizada ao máximo, de forma a que a outra pessoa se sinta o menos coibida possível, e, portanto, mais apta a dizer aquilo que realmente pensa, e não aquilo que ela pensa que seja melhor dizer no contexto social em que se encontra. (Deve aqui notar-se que é contexto social toda a circunstância em que se encontram mais de uma pessoa juntas.)
3 - Sempre que se faça uma pergunta, nunca se deve ficar por aí.
Após uma pergunta, a pessoa observada deve ser bombardeada com mais perguntas (como se disse, sempre subjectivas). A sucessão contínua de várias perguntas descontínuas leva ao desnorteamento da transitória racionalidade que por vezes a mente humana fabrica para se proteger dos ataques da ignorância mundana, o que resulta no enfraquecimento da censura freudiana e na libertação mais imediata daquilo que vai no inconsciente.
Ponto adicional:
Segundo alguns psicólogos, só é possível saber exactamente como aplicar esta técnica analítica (deve-se distinguir ainda que a análise só está no método a utilizar, já que o resultado que se pretende é uma resposta sintética) da melhor maneira depois de se ter sido submetido à própria técnica. O que os anos de experiência neste campo nos dizem é que esta posição é não só plausível como inteiramente justificada. E, dada a imprevisibilidade do mundo em que vivemos, é melhor que se prepare quem quiser seguir este método: é que a aplicação da técnica ao observador aparece sempre quando ele menos espera.
1 - Sempre que se faça uma pergunta, que seja subjectiva.
A subjectividade inerente à pergunta feita vai levar a que a outra pessoa seja obrigada a interpretá-la da maneira que melhor acha. Como a maneira como a pessoa a interpreta é, na verdade, aquilo que a pessoa é, então, ao responder, essa pessoa vai dizer aquilo que é.
2 - Sempre que se faça uma pergunta, não se interfira até que a resposta seja dada.
As perguntas devem ser neutras, não tendo qualquer valoração positiva ou negativa acerca do assunto que é levantado. A influência do observador deve ser minimizada ao máximo, de forma a que a outra pessoa se sinta o menos coibida possível, e, portanto, mais apta a dizer aquilo que realmente pensa, e não aquilo que ela pensa que seja melhor dizer no contexto social em que se encontra. (Deve aqui notar-se que é contexto social toda a circunstância em que se encontram mais de uma pessoa juntas.)
3 - Sempre que se faça uma pergunta, nunca se deve ficar por aí.
Após uma pergunta, a pessoa observada deve ser bombardeada com mais perguntas (como se disse, sempre subjectivas). A sucessão contínua de várias perguntas descontínuas leva ao desnorteamento da transitória racionalidade que por vezes a mente humana fabrica para se proteger dos ataques da ignorância mundana, o que resulta no enfraquecimento da censura freudiana e na libertação mais imediata daquilo que vai no inconsciente.
Ponto adicional:
Segundo alguns psicólogos, só é possível saber exactamente como aplicar esta técnica analítica (deve-se distinguir ainda que a análise só está no método a utilizar, já que o resultado que se pretende é uma resposta sintética) da melhor maneira depois de se ter sido submetido à própria técnica. O que os anos de experiência neste campo nos dizem é que esta posição é não só plausível como inteiramente justificada. E, dada a imprevisibilidade do mundo em que vivemos, é melhor que se prepare quem quiser seguir este método: é que a aplicação da técnica ao observador aparece sempre quando ele menos espera.
sábado, 4 de outubro de 2008
não escrevo porque quero escrever; escrevo simplesmente porque sou incapaz de me privar da escrita.
*****
Aqui está a derradeira prova de que as regras da lógica matemática não são suficientes para explicar a vida: neste caso previsto, a afirmação de uma proposição não é igual à negação da negação de uma proposição.
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Aqui está a derradeira prova de que as regras da lógica matemática não são suficientes para explicar a vida: neste caso previsto, a afirmação de uma proposição não é igual à negação da negação de uma proposição.
Porque é que o método para pôr o mundo verdadeiramente a funcionar só pode surgir num país à beira-mar plantado
Um país que tenha uma longa linha de costa apresenta várias características que fazem dele um sítio ideal para sonhar o mundo do futuro. De todas elas, porém, o facto de ter uma linha de costa onde a terra emerge do oceano é a mais importante. Ao olhar da praia o mar azul, rapidamente nos podemos aperceber de um fenómeno curioso: ao longe, pelo infinito, não se distingue o que é céu do que é mar. Portanto, se na proximidade da praia as vagas são facilmente destrinçadas do azul cristalino do céu, à medida que a distância aumenta, e o olhar se expande; à medida que o mar se acalma na profundidade da sua existência, sem esforço se eleva ele para o céu, ou este desce prontamente a fecundá-lo. Simbolicamente, significa isto que da composição física e finita do mar, esse caldo primordial e obscuro de onde tudo proveio, se pode chegar ao oiro que dança em cada partícula que faz do nosso céu o seu azul tão puro. Não existem barreiras a qualquer empresa humana que surja no espírito; e talvez tenha mesmo sido esse olhar para o infinito que desenvolveu o pensamento abstracto e imaginativo dos portugueses, inventores natos por excelência, e que tantas riquezas trouxe ao mundo que hoje amamos e conhecemos. As linhas que dividem o que são as vagas de o que o vento é fundem-se no horizonte amplo. Talvez seja por isso que aos portugueses é tão querido o jogo dos contrários que alegremente coexistem parindo paradoxos.
Método científico
Qual é a maior virtude de um cientista? Sem qualquer dúvida, a de poder inferir o processo a partir do padrão, a de conseguir chegar ao racional a partir do fenómeno, a de conseguir despir do observado a sua capa contigente ou transitória e dar apenas importância àquilo que é eterno e mental. É por isso que nenhum outro ofício me atrai como a aventura - porque é de verdadeira aventura que se trata - científica. A nós, que nos foi dado, voluntária ou involuntariamente, este mundo para viver, não consigo pensar em tarefa mais elevada com que entreter os nossos dias terrestres do que o tentar perceber como o universo funciona através da pesquisa dos fenómenos que pertecem apenas ao nosso mundo. E, para podermos fazer esse salto, (se houver cépticos que não acreditem nessa humana possibilidade), temos forçosamente que validar o princípio hermético que nos diz que as leis que governam o macrocosmos são as mesmas que as leis que governam o microcosmos.
No caso desta ciência que é a nossa, ainda não obtivemos dados suficientes para poder validar este princípio basilar e fundamental. Mas pode ser que a ciência que os homens do futuro terão seja uma ciência muito mais desenvolvida, e portanto capaz de validar objectivamente, não sem antes dedicar muito tempo a novas análises, todos os ancestrais princípios que, da forma mais velada à população, puderam incorporar as filosofias mais profundas.
No caso desta ciência que é a nossa, ainda não obtivemos dados suficientes para poder validar este princípio basilar e fundamental. Mas pode ser que a ciência que os homens do futuro terão seja uma ciência muito mais desenvolvida, e portanto capaz de validar objectivamente, não sem antes dedicar muito tempo a novas análises, todos os ancestrais princípios que, da forma mais velada à população, puderam incorporar as filosofias mais profundas.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Qualquer plano teórico é obsoleto se não estiver fundamentado na acção prática. Eis o erro da especulação filosófica que não vai para além da filosofia: só a acção prática e claramente orientada pode elevar o mundo ao Ideal. O resto são filosofias de algibeira. Desconfie-se, e, se for preciso, negue-se toda a filosofia que não pode ser cumprida.
Razões para não largar as pessoas que são mais importantes
Devem-se levar os verdadeiros amigos até às loucuras da amizade. Há tanta gente desinteressante e desinteressada no mundo, que quando se encontra alguém com um real valor se deve procurar, por todos os meios, preservar e alimentar a amizade que nos une a nós ao outro, até quase aos limites da obsessão. Mas que isso não signifique o deixarmos nós de viver a nossa vida, nem o impedirmos nós que a vida dos outros seja vivida. Nesses momentos, persigam-se os amigos no nosso íntimo, que é lá que eles devem sempre estar. Só tem saudades quem não sente os seus amigos em si - ou quem não tem amigos. Mas há outra razão para a obsessão: o ter encontrado alguém que fala a nossa língua. São tão raras as pessoas que falam a nossa língua, que quando as encontramos só queremos estar com elas. Todas as outras amizades parecem menores, tudo o resto parece supérfluo. E o maior dom será o de saber falar várias línguas.
Justificação para a utilização da biografia como método de engrandecimento da alma
Realizar a aprendizagem através do estudo da biografia de personalidades célebres é um dos melhores meios para se evoluir culturalmente no sentido de uma maior e de uma melhor humanidade (isto é, no sentido de um desenvolvimento do potencial individual intrínseco a cada um, e portanto do cumprimento no plano material e físico daquilo que inicialmente não passa de espiritural e anímico.), e por três motivos: (1) para tomar consciência de que não estamos sós nas nossas dúvidas e nos nossos tormentos e que tantos outros já passaram por tormentos tão grandes ou até maiores que os nossos; (2) que esses tormentos podem ser sempre olhados de uma forma científica e objectiva para que, após uma correcta análise, sejam superados; e (3) que a superação dessas dificuldades é possível e, em boa parte dos casos, leva ao maior bem que se pode ter neste mundo: a superação de si próprio, o endeusamento ou divinação. Não será por acaso que Hércules, após trabalhar e superar os seus tantos trabalhos, deixa de ser homem para se tornar um deus vivo: é que o trabalho mortificante queima as amarras da carne que ilusoriamente prendem o espírito e não o deixam voar como ele gostaria; assim, analisando e conhecendo a vida daqueles que realmente foram grandes, é possível aprender muitas e importantes lições que nos facilmente servem como estímulo e prova de que o poder para nos transformarmos e nos transcendermos não está noutro sítio senão ao alcance das nossas mãos.
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