quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

dou por mim a pensar que a lei de malthus da sensibilidade já não se aplica em mim. Os estímulos daquilo que vai na inteligência seguem uma proporção geométrica, mas a própria inteligência não evolui segundo progressões aritméticas. Agora, desmultiplicando-se, ela potencia-se em expoente par; o que sempre atrasa o ritmo, o passo limitante desta equação, é a concretização no plano físico, no domínio da acção, dessa força em potência. Acresce a este facto o pouco tempo que a custo nos concedem, nesta sociedade produtora e capitalista em que vivemos, para delinear o projecto daquilo que um dia havemos de construir. Que solução poderá haver para este difícil caso? Só surge uma em vista, e não sem antes ponderar bastante: o recolhimento interior, o cultivo do silêncio, o afastamento de qualquer espécie de contacto com os outros homens; todas estas maneiras de ser sozinho, para além da desmultiplicação exponencial, é que permitem viver uma vida cheia e plena. Por cada hora que vivemos sozinhos, vivemos um dia a mais na vida; por cada hora que nos privamos do contacto com o lugar mais profundo do nosso ser, desperdiçamos semanas de contemplação descobridora. As pessoas deviam passar mais tempo a sós consigo.

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