domingo, 28 de junho de 2009
sábado, 27 de junho de 2009
toda a gente se admira por Michael Jackson estar morto. Eu só me admiro por ele ter vivido durante tanto tempo! É um milagre autêntico alguém ter sido submetido à tamanha pressão do vedetismo globalizado e ter sobrevivido durante 50 anos! Michael Jackson, assim como a Princesa Diana e tantos outros, vão ficar para a história como as vítimas do desenvolvimento do capitalismo globalizante em que a economia desembocou. A exploração mediática de que foram alvo foi e será sempre desumana e desagregante. Quem se expõe a toda a gente e se comercializa de corpo inteiro até à exaustão assina uma setença de morte. Iluminados presentes de todo o Futuro, ouçam-me! Fiquem onde estão, no anonimato de uma Emily Dickinson, no recanto de um Pessoa, na miséria de um Luiz Pacheco. A fama só vos trará morte e desgraça.
mais que certo e sabido é que a moda, limitada pelos comprimentos de onda da radiação electromagnética que estimulam os nossos órgãos visuais, e em grande parte pela falta de imaginação ou de matéria sobre a qual imaginar dos criadores, tem inevitavelmente de se impôr pela repetição. É claro que esta atitude é mais do que compreensível - já Wilde no seu século XIX concordava que a moda fosse horrível, caso contrário não estariam sempre a mudá-la. Desta vez voltámos ao psicadélico e aos anos 70 do século passado.
Já quem lê filósofos e críticos disto e daquilo se cansou certamente de rótulos pós-modernistas. No pós-modernismo cabe quase tudo, e às vezes, quando faz sol na mais negra noite (ou então quando chove), até os surrealistas. À falta de mais -ismos, os originais, ficamos na caótica situação dos pré- e pós-, situação que até atinge o écran com as prequelas e as sequelas (prequelas?, mais um neologismo?), e agora também os livros - que se dividem agora entre aqueles que são lançados antes do filme ou depois do filme.
Mas de onde é que terá surgido este interesse todo pelos anos 70? Tivemos o despontar do interesse nos anos 60 naquele belíssimo Across the Universe (o regresso dos "bons-contra-os-maus": guerra do Vietnam, guerra do Iraque; mudam-se os nomes dos países mas a guerra é sempre a mesma). Mas o que pegou mesmo foram os anos 70. Tivemos as já mais que batidas riscas horizontais, bicolores e depois multicolores, que agora são levadas ao extremo do psicadélico; a moda das calças largas (excepto lá para os lados dos amantes do hip-hop) deu lugar ao jeito apertadinho emo-inspired, que pode ser considerado uma volta torcida e bem esticada de um metrossexualismo cruzado com um neo-punk de inspiração gótica e gay (andou aí a moda neo-soft-punk de usar uma modesta crista de cabelo gelificado, e às vezes com direito a brinquinho de brilhantes a la chunga da margem sul - não é verdade que os brilhantes fazem lembrar as bolas de espelhos?); e depois veio essa enxurrada de Mamma Mia!'s, (o musical sempre faz o seu dinheiro entre consumidores perdidos e ávidos de endorfinas), o musical ao vivo e o filme (este musical não deve ser assim tão bom, senão tinha sido inventado pelo La Feria), a banda sonora do dito, os gay rights e o Milk, uma certa inspiração Watchmen, o já longínquo álbum da Madonna Confessions on a dance floor em que a senhora se apropria de pelo menos uma melodia ABBA (repararam?); e os óculos escuros com design a la 70's, as cores a la 70's, as camisas e etc. abertas no decote para mostrar a peitaça masculina (desta vez cuidadosa e metrossexualmente rapada, que isso sim é sinal de bípede des-simiado); e quem sabe o que o futuro nos reserva. (onde é que anda o LSD?, já era tempo!)
Mas gabo a esperteza dos economistas e controladores de mercados (aka controladores de pessoas-consumidores): não só aproveitam a moda jovem, que tanta influência tem na sociologia das massas, mas também lançam produtos de que os pais deles gostam (são, na sua sua origem, do tempo deles!), e assim conquistam mais de metade dos sectores etários. Aquilo que acho é que esta é mais uma das estratégias que um capitalismo em desespero arranja para se ir mantendo antes de colapsar por inteiro. Todas as crises que vivemos, para além da sempre presente crise estrutural portuguesa, estão a deixar toda a gente sem dinheiro. E quem não tem dinheiro não compra, não é verdade? Ora, se o sistema capitalista assenta todo no consumo de massas (um consumo de duas ou três pessoas leva qualquer um à falência), e se este consumo abranda, então temos prejuízos (note-se que prejuízo para um investidor é ganhar menos um ou dois milhões do que podia ganhar). Mas se o consumo começa a parar (a não ser nos bens essenciais), então aí as coisas podem ficar muito pior. É todo o sistema capitalista que abana e treme. Se a isto juntarmos as políticas que asseguram a perda de direitos e poder de compra e a ganância dos investidores, temos o final do sistema capitalista à vista. Sempre quero ver como é que estes barões todos vão dar a volta à situação que eles próprios criaram...
Já quem lê filósofos e críticos disto e daquilo se cansou certamente de rótulos pós-modernistas. No pós-modernismo cabe quase tudo, e às vezes, quando faz sol na mais negra noite (ou então quando chove), até os surrealistas. À falta de mais -ismos, os originais, ficamos na caótica situação dos pré- e pós-, situação que até atinge o écran com as prequelas e as sequelas (prequelas?, mais um neologismo?), e agora também os livros - que se dividem agora entre aqueles que são lançados antes do filme ou depois do filme.
Mas de onde é que terá surgido este interesse todo pelos anos 70? Tivemos o despontar do interesse nos anos 60 naquele belíssimo Across the Universe (o regresso dos "bons-contra-os-maus": guerra do Vietnam, guerra do Iraque; mudam-se os nomes dos países mas a guerra é sempre a mesma). Mas o que pegou mesmo foram os anos 70. Tivemos as já mais que batidas riscas horizontais, bicolores e depois multicolores, que agora são levadas ao extremo do psicadélico; a moda das calças largas (excepto lá para os lados dos amantes do hip-hop) deu lugar ao jeito apertadinho emo-inspired, que pode ser considerado uma volta torcida e bem esticada de um metrossexualismo cruzado com um neo-punk de inspiração gótica e gay (andou aí a moda neo-soft-punk de usar uma modesta crista de cabelo gelificado, e às vezes com direito a brinquinho de brilhantes a la chunga da margem sul - não é verdade que os brilhantes fazem lembrar as bolas de espelhos?); e depois veio essa enxurrada de Mamma Mia!'s, (o musical sempre faz o seu dinheiro entre consumidores perdidos e ávidos de endorfinas), o musical ao vivo e o filme (este musical não deve ser assim tão bom, senão tinha sido inventado pelo La Feria), a banda sonora do dito, os gay rights e o Milk, uma certa inspiração Watchmen, o já longínquo álbum da Madonna Confessions on a dance floor em que a senhora se apropria de pelo menos uma melodia ABBA (repararam?); e os óculos escuros com design a la 70's, as cores a la 70's, as camisas e etc. abertas no decote para mostrar a peitaça masculina (desta vez cuidadosa e metrossexualmente rapada, que isso sim é sinal de bípede des-simiado); e quem sabe o que o futuro nos reserva. (onde é que anda o LSD?, já era tempo!)
Mas gabo a esperteza dos economistas e controladores de mercados (aka controladores de pessoas-consumidores): não só aproveitam a moda jovem, que tanta influência tem na sociologia das massas, mas também lançam produtos de que os pais deles gostam (são, na sua sua origem, do tempo deles!), e assim conquistam mais de metade dos sectores etários. Aquilo que acho é que esta é mais uma das estratégias que um capitalismo em desespero arranja para se ir mantendo antes de colapsar por inteiro. Todas as crises que vivemos, para além da sempre presente crise estrutural portuguesa, estão a deixar toda a gente sem dinheiro. E quem não tem dinheiro não compra, não é verdade? Ora, se o sistema capitalista assenta todo no consumo de massas (um consumo de duas ou três pessoas leva qualquer um à falência), e se este consumo abranda, então temos prejuízos (note-se que prejuízo para um investidor é ganhar menos um ou dois milhões do que podia ganhar). Mas se o consumo começa a parar (a não ser nos bens essenciais), então aí as coisas podem ficar muito pior. É todo o sistema capitalista que abana e treme. Se a isto juntarmos as políticas que asseguram a perda de direitos e poder de compra e a ganância dos investidores, temos o final do sistema capitalista à vista. Sempre quero ver como é que estes barões todos vão dar a volta à situação que eles próprios criaram...
Gus van Sant, para além de inteligente e dotado, é um homem espertíssimo. Soube aproveitar o revivalismo 70's que - pasme-se mais ou pasme-se menos! - ainda vivemos para construir esse filme magnífico que é Milk, e que justamente lhe deu alguns óscares, lançando numa embalagem comercial e facilmente comercializável todas as suas características originais e únicas, e sempre pondo acima de tudo o resto a mensagem importantíssima - e plenamente válida e actual - que faz com que, num misto de ficção e documentário, se fundam todas as formas pelas quais não só se faz bom cinema (uma estética), mas sobretudo se instruem as pessoas pela celebração da liberdade de cada um - a melhor forma de concretizar a liberdade de todos.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
toda a gente que pensa se queixa da dificuldade que é viver uma vida e pensar, e nisso em nada diferem do Pessoa ortónimo. Aquilo que eu peço não é a inconsciência das horas que por nós passam, mas apenas tempo para poder pensar naquilo em que me apetece. Pensar é inerente ao ser humano, e ter consciência do que o rodeia a sua natureza. É inevitável reflectir e contrapor. De outra maneira não se explicaria o tamanho trabalho que tem tanta gente em impedir as pessoas de ter pensamentos originais e criadores. Só desenvolvendo a publicidade e o marketing que temos, e os meios de comunicação e uma tecnologia facilmente acessíveis a todos, é que é possível impedir as pessoas de pensar. Se pensar incomoda, só incomoda porque vivemos nesta terra o único e verdadeiro inferno bíblico da corrupção e da luta pelo poder e pelo dinheiro. O mal não está em pensar, o mal está na merda que o pensar descobre.
o difícil é não criar
sendo o ser humano um ser essencial criador, um materializador de formas subtis e abstractas, o difícil é não exercer ele a sua única e mais essencial natureza. Como se explica que haja tão poucos criadores? Bom, é que para criar é preciso ter a mente limpa e livre da poluição quotidiana que entope os nossos dias...
sábado, 20 de junho de 2009
domingo, 14 de junho de 2009
Se um prefácio ou uma introdução a uma obra (e note-se aqui que aquilo que tantas vezes vem referenciado como introdução é, na realidade, a análise crítica de uma obra) só fazem sentido depois de lida a obra, por que raio é que continuam a pô-las no início?! Mais uma vitória deste nosso academismo idiota que vive da falta de sentido com que teimosamente procura envenenar a boa cultura.
O ambiente do adulto não é ambiente de vida para a criança, mas sobretudo uma acumulação de obstáculos que a fazem desenvolver defesas, adaptações deformantes, em que se torna vítima de sugestões.
Maria Montessori
Quem é que defende a publicidade capitalista que ainda temos? É certo que todo o adulto, para chegar a adulto, se tem de submeter a uma série de terríveis e brutais mutilações e deformidades várias.
Maria Montessori
Quem é que defende a publicidade capitalista que ainda temos? É certo que todo o adulto, para chegar a adulto, se tem de submeter a uma série de terríveis e brutais mutilações e deformidades várias.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
a vida vertiginosa que levamos põe-nos em contacto com informações muito diversas, e por vezes contraditórias. Este cada vez maior e mais rápido contacto com culturas muito diferentes vai mostrar que o potencial humano não poderá mais desenvolver-se senão pela despersonalização-se e multiplicação da personalidade de cada um em várias facetas independentes e com uma vida própria capazes de manter a sua individualidade em simultâneo e consonância com a das outras. Esta é a principal mensagem que do futuro nos chegou no ultimatum futurista de Campos.
tudo o que as pessoas fazem é escrever uma biografia. Podem escrevê-la com palavras, podem escrevê-la com sons ou imagens; mas é ainda uma biografia, e mesmo quando desenvolvem uma matemática. Tudo aquilo que fazemos é uma expressão daquilo que somos, sejamos cientistas ou actores. É impossível ser-se perfeitamente objectivo em relação a um assunto. Não é possível distinguir facto de ficção. Não é possível ao cientista anular a sua influência na experiência que realiza - o próprio método experimental é uma perturbação levada a cabo pelo experimentador. Não é possível ao jornalista ser completamente isento. Não é possível ao historiador relatar o passado tal como ele aconteceu. Existem tantas leis como cientistas, e tantas notícias como jornalistas, e tantas visões do passado como historiadores. Não existem generalizações perfeitamente válidas. A função da ciência não é descobrir a verdade, se é que ela existe, mas apenas encontrar os melhores modelos que explicam as observações feitas. A função do jornalismo é informar acerca do que acontece no mundo, explicar os acontecimentos de uma forma simples para que toda a gente os possa compreender e tomar uma atitude crítica face aos acontecimentos para pôr em relevo o que deles é mais importante. A função da história é procurar mostrar simplesmente aquilo que realmente aconteceu, e não tentar provar teorias filosóficas, económicas ou sociais; os padrões que emergem de um estudo, se eles existirem, devem ser considerados; mas a principal função da pesquisa histórica é a de pôr em evidência os assuntos que no nosso contexto histórico são mais importantes pela reconstrução do modo como eles foram encarados ao longo do tempo e pela análise crítica do seu desenvolvimento. Dadas as características do mundo em que vivemos, é preciso desenvolver uma matéria no sentido mais utilitário que nos é possível; isto é, é preciso desenvolver essa matéria porque o desenvolvimento vai ser útil para a realização de uma obra importante neste mundo.
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