terça-feira, 29 de maio de 2007
O grande problema que leva as pessoas a perderem-se do seu caminho é o facto de terem uma memória muito pouco desenvolvida. Não raras vezes dou por mim a contar a mesma coisa duas, três, ou até quatro, vezes à mesma pessoa, e a pensar no desperdício que é dar prevalência aos mecanismos que nos permitem esquecer ao invés de desenvolver o nosso potencial de recordação. A recordação não deve ser subestimada. A memória é um reservatório ilimitado.
mas se, de facto, existe uma lógica nas coisas, para que é que ela existe? Perguntar isto envolve pressupor que essa lógica tem alguma finalidade, algum fim sobre o qual se debruçar. Mas então, porque tem um fim, porque existe um fim? Talvez também esse fim não exista e a vida seja um perpétuo movimento.
terça-feira, 22 de maio de 2007
domingo, 20 de maio de 2007
Pelo Sonho é Que Vamos
Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama
Pode ser que um dia me roubem todos estes meus escritos e os ponham a voar ao vento, pode ser que apropriem deles como se fossem a sua própria vida, pode ser que os amem e os sonhem, e os queimem de tanto os amarem, para guardar só para si as palavras que escreve, pode ser que deixem a tinta esvair-se ao sentir a água do mar, pode ser que tudo isso aconteça, desfragmentações em discos duros, inundações, fogos postos ou naturais, lava quente a escorrer de vulcões, bramidos de animais, tufões e furacões, até mesmo o aumento do nível médio das águas do mar, calores insuportáveis, secas autênticas, podem passar muitos anos ou até mesmo umas horas apenas, podem excretar em cima de tudo o que escrevi, e podem também rir-se com desprezo do que disse, podem vaiar-me e podem chamar-me nomes que nunca irei ouvir, podem cuspir-me em cima e espezinhar-me com o pó que trazem nos sapatos, podem proibir-me de lançar ao mundo novos factos e novos boatos, podem apagar-me e distrair-me, podem asfixiar-me e podem nutrir-me, podem castrar-me e podem cortar-me, podem até cegar-me, atar-me e calar-me, mas de tudo isso não haverá comparação, não haverá um único dedo a erguer-se que se compare a esta acção, a esta plena vivência de ser, a este modo de vida, a esta única maravilha que é ser, com o coração, com as mãos, com a cabeça e com os pés, não poderão calar a alma que fala e que não olha a revés, podem fazer-me tudo e tudo, e desse tudo ainda mais, mas uma coisa única não conseguirão, mesmo que se esforcem por demais, há algo que não tentarão, há algo que não poderá ser feito, não haverá tempo nem espaço nem ocasião nem dinheiro, não hão-de calar este som que ora soa, que ora soa o que há que soar, e que vai soar até que doa, mesmo que doa a quem calar, mesmo que doa sem dizer, ninguém cala o sonho ou o sonhar, e por mais vezes que se levantar, ninguém cala o que está para chegar.
Procuro
A fome de ser na ânsia do que sou
Mas não encontro
Por querer sempre mais além de onde vou
E esta ânsia
E esta sede que me mata e me enche no meu peito
Traz mágoa
Verdade de encanto esmagado e nutrido de tanto feito
Pode ser
Que um dia encontre o que não me farto de procurar
Mas sei
Que esteja sempre onde estiver
Estarei sempre no meu lugar.
A fome de ser na ânsia do que sou
Mas não encontro
Por querer sempre mais além de onde vou
E esta ânsia
E esta sede que me mata e me enche no meu peito
Traz mágoa
Verdade de encanto esmagado e nutrido de tanto feito
Pode ser
Que um dia encontre o que não me farto de procurar
Mas sei
Que esteja sempre onde estiver
Estarei sempre no meu lugar.
sexta-feira, 18 de maio de 2007
segunda-feira, 14 de maio de 2007
domingo, 13 de maio de 2007
Olha o belo poeta
Poetando sem pensar
Diz ele que hora certa
É o que tem p’ra dar
Mas pensa por demasia
E do ritmo nem vê-lo
E no cheiro a maresia
Só enjoo pode tê-lo
Ser poeta todos são
Mas ser poema desgarrado
Só o ser que na mão
Abre o que não dá achado
E pensando e sentindo
Cada um faz sua casa
Mas só altura tem asa
Naquele que vai mentindo
Poetando sem pensar
Diz ele que hora certa
É o que tem p’ra dar
Mas pensa por demasia
E do ritmo nem vê-lo
E no cheiro a maresia
Só enjoo pode tê-lo
Ser poeta todos são
Mas ser poema desgarrado
Só o ser que na mão
Abre o que não dá achado
E pensando e sentindo
Cada um faz sua casa
Mas só altura tem asa
Naquele que vai mentindo
quinta-feira, 10 de maio de 2007
terça-feira, 8 de maio de 2007
MANIFESTO ANTI-DANTAS E POR EXTENSO
por José de Almada-Negreiros
POETA D'ORPHEU FUTURISTA e TUDO
BASTA PUM BASTA!
UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM DANTAS É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO!
ABAIXO A GERAÇÃO!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
UMA GERAÇÃO COM UM DANTAS A CAVALO É UM BURRO IMPOTENTE!
UMA GERAÇÃO COM UM DANTAS À PROA É UMA CANÔA UNI SECO!
O DANTAS É UM CIGANO!
O DANTAS É MEIO CIGANO!
O DANTAS SABERÁ GRAMMÁTICA, SABERÁ SYNTAXE, SABERÁ MEDICINA, SABERÁ FAZER CEIAS P'RA CARDEAIS SABERÁ TUDO MENOS ESCREVER QUE É A ÚNICA COISA QUE ELLLE FAZ!
O DANTAS PESCA TANTO DE POESIA QUE ATÉ FAZ SONETOS COM LIGAS DE DUQUEZAS!
O DANTAS É UM HABILIDOSO!
O DANTAS VESTE-SE MAL!
O DANTAS USA CEROULAS DE MALHA!
O DANTAS ESPECÚLA E INÓCULA OS CONCUBINOS!
O DANTAS É DANTAS!
O DANTAS É JÚLIO!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
O DANTAS FEZ UMA SORÔR MARIANNA QUE TANTO O PODIA SER COMO A SORÔR IGNEZ OU A IGNEZ DE CASTRO, OU A LEONOR TELLES, OU O MESTRE D'AVIZ, OU A DONA CONSTANÇA, OU A NAU CATHRINETA, OU A MARIA RAPAZ!
E O DANTAS TEVE CLÁQUE! E O DANTAS TEVE PALMAS! E O DANTAS AGRADECEU!
O DANTAS É UM CIGANÃO!
NÃO É PRECISO IR P'RÓ ROCIO P'RA SE SER UM PANTOMINEIRO, BASTA SER-SE PANTOMINEIRO!
NÃO É PRECISO DISFARÇAR-SE P'RA SE SER SALTEADOR, BASTA ESCREVER COMO DANTAS! BASTA NÃO TER ESCRÚPULOS NEM MORAES, NEM ARTÍSTICOS, NEM HUMANOS! BASTA ANDAR CO'AS MODAS, CO'AS POLÍTICAS E CO'AS OPINIÕES! BASTA USAR O TAL SORRISINHO, BASTA SER MUITO DELICADO E USAR CÔCO E OLHOS MEIGOS! BASTA SER JUDAS! BASTA SER DANTAS!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
O DANTAS NASCEU PARA PROVAR QUE, NEM TODOS OS QUE ESCREVEM SABEM ESCREVER!
O DANTAS É UM AUTOMATO QUE DEITA PR'A FÓRA O QUE A GENTE JÁ SABE QUE VAE SAHIR... MAS É PRECISO DEITAR DINHEIRO!
O DANTAS É UM SONETO D'ELLE-PRÓPRIO!
O DANTAS EM GÉNIO NUNCA CHEGA A PÓLVORA SECCA E EM TALENTO É PIM-PAM-PUM!
O DANTAS NÚ É HORROROSO!
O DANTAS CHEIRA MAL DA BOCA!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
O DANTAS É O ESCARNEO DA CONSCIÊNCIA!
SE O DANTAS É PORTUGUEZ EU QUERO SER HESPANHOL!
O DANTAS É A VERGONHA DA INTELLECTUALIDADE PORTUGUEZA! O DANTAS É A META DA DECADÊNCIA MENTAL!
E AINDA HÁ QUEM NÃO CÓRE QUANDO DIZ ADMIRAR O DANTAS!
E AINDA HÁ QUEM LHE ESTENDA A MÃO!
E QUEM LHE LAVE A ROUPA!
E QUEM TENHA DÓ DO DANTAS!
E AINDA HÁ QUEM DUVIDE DE QUE O DANTAS NÃO VALE NADA, E QUE NÃO SABE NADA, E QUE NEM É INTELLIGENTE NEM DECENTE, NEM ZERO!
POETA D'ORPHEU FUTURISTA e TUDO
BASTA PUM BASTA!
UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM DANTAS É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO!
ABAIXO A GERAÇÃO!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
UMA GERAÇÃO COM UM DANTAS A CAVALO É UM BURRO IMPOTENTE!
UMA GERAÇÃO COM UM DANTAS À PROA É UMA CANÔA UNI SECO!
O DANTAS É UM CIGANO!
O DANTAS É MEIO CIGANO!
O DANTAS SABERÁ GRAMMÁTICA, SABERÁ SYNTAXE, SABERÁ MEDICINA, SABERÁ FAZER CEIAS P'RA CARDEAIS SABERÁ TUDO MENOS ESCREVER QUE É A ÚNICA COISA QUE ELLLE FAZ!
O DANTAS PESCA TANTO DE POESIA QUE ATÉ FAZ SONETOS COM LIGAS DE DUQUEZAS!
O DANTAS É UM HABILIDOSO!
O DANTAS VESTE-SE MAL!
O DANTAS USA CEROULAS DE MALHA!
O DANTAS ESPECÚLA E INÓCULA OS CONCUBINOS!
O DANTAS É DANTAS!
O DANTAS É JÚLIO!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
O DANTAS FEZ UMA SORÔR MARIANNA QUE TANTO O PODIA SER COMO A SORÔR IGNEZ OU A IGNEZ DE CASTRO, OU A LEONOR TELLES, OU O MESTRE D'AVIZ, OU A DONA CONSTANÇA, OU A NAU CATHRINETA, OU A MARIA RAPAZ!
E O DANTAS TEVE CLÁQUE! E O DANTAS TEVE PALMAS! E O DANTAS AGRADECEU!
O DANTAS É UM CIGANÃO!
NÃO É PRECISO IR P'RÓ ROCIO P'RA SE SER UM PANTOMINEIRO, BASTA SER-SE PANTOMINEIRO!
NÃO É PRECISO DISFARÇAR-SE P'RA SE SER SALTEADOR, BASTA ESCREVER COMO DANTAS! BASTA NÃO TER ESCRÚPULOS NEM MORAES, NEM ARTÍSTICOS, NEM HUMANOS! BASTA ANDAR CO'AS MODAS, CO'AS POLÍTICAS E CO'AS OPINIÕES! BASTA USAR O TAL SORRISINHO, BASTA SER MUITO DELICADO E USAR CÔCO E OLHOS MEIGOS! BASTA SER JUDAS! BASTA SER DANTAS!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
O DANTAS NASCEU PARA PROVAR QUE, NEM TODOS OS QUE ESCREVEM SABEM ESCREVER!
O DANTAS É UM AUTOMATO QUE DEITA PR'A FÓRA O QUE A GENTE JÁ SABE QUE VAE SAHIR... MAS É PRECISO DEITAR DINHEIRO!
O DANTAS É UM SONETO D'ELLE-PRÓPRIO!
O DANTAS EM GÉNIO NUNCA CHEGA A PÓLVORA SECCA E EM TALENTO É PIM-PAM-PUM!
O DANTAS NÚ É HORROROSO!
O DANTAS CHEIRA MAL DA BOCA!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
O DANTAS É O ESCARNEO DA CONSCIÊNCIA!
SE O DANTAS É PORTUGUEZ EU QUERO SER HESPANHOL!
O DANTAS É A VERGONHA DA INTELLECTUALIDADE PORTUGUEZA! O DANTAS É A META DA DECADÊNCIA MENTAL!
E AINDA HÁ QUEM NÃO CÓRE QUANDO DIZ ADMIRAR O DANTAS!
E AINDA HÁ QUEM LHE ESTENDA A MÃO!
E QUEM LHE LAVE A ROUPA!
E QUEM TENHA DÓ DO DANTAS!
E AINDA HÁ QUEM DUVIDE DE QUE O DANTAS NÃO VALE NADA, E QUE NÃO SABE NADA, E QUE NEM É INTELLIGENTE NEM DECENTE, NEM ZERO!
Maio 68
Il est interdit d'interdire.
É proibído proibir.
Dessous les pavés, c'est la plage!
Sob o empedrado, a praia. (Hoje diríamos, sob o asfalto, a praia!)
Soyez réalistes, demandez l'impossible!
Sejam realistas, peçam o impossível!
Désirer la réalité, c'est bien! Réaliser ses désirs, c'est mieux!
É bom desejar a realidade! Realizar os seus desejos é melhor!
Ici, on spontane.
Aqui, espontaneiza-se.
Le mandarin est en vous.
O mandarim está dentro de vós.
aforismos soltos transcritos a partir do blog do nosso extremo e excelso colaborador mental Miguel Drummond de Castro
É proibído proibir.
Dessous les pavés, c'est la plage!
Sob o empedrado, a praia. (Hoje diríamos, sob o asfalto, a praia!)
Soyez réalistes, demandez l'impossible!
Sejam realistas, peçam o impossível!
Désirer la réalité, c'est bien! Réaliser ses désirs, c'est mieux!
É bom desejar a realidade! Realizar os seus desejos é melhor!
Ici, on spontane.
Aqui, espontaneiza-se.
Le mandarin est en vous.
O mandarim está dentro de vós.
aforismos soltos transcritos a partir do blog do nosso extremo e excelso colaborador mental Miguel Drummond de Castro
e posto isto temos então duas hipóteses: ou, de facto, cada homem possui as suas ideias individuais e únicas no tempo e no espaço, e estas não encontram ponto de contacto algum entre si de tal forma que são irrepetíveis e exclusivas de cada sujeito; ou cada homem vê apenas os mesmos e únicos conceitos que realmente existem, mas como a sua percepção é vária e desordenada, interpreta à sua maneira, e de diferentes modos, o mesmo todo coerente e indiviso. Ora, parece a segunda hipótese ser a mais verdadeira, dada a constância de significações que é dada aos conceitos abstractos ao longo do tempo e do espaço. Quanto ao tempo, já ocorreu exactamente homens diferentes de diferentes épocas temporais (históricas) terem visto surgir-lhes ideias semelhantes. Quanto ao espaço, é certo que também já sucedeu a diferentes homens de diferentes regiões do globo terem tido a mesma ideia no mesmo contexto histórico.
sábado, 5 de maio de 2007
sexta-feira, 4 de maio de 2007
quinta-feira, 3 de maio de 2007
poema de trem
jorram poemas das mãos e dos pés
dos pés e das mãos e das mãos e cabeça
sentir todo o corpo é que sente a presa
a soltura dos ventos dos ares os bonés
depressa eu corro e ando e marcho
seguindo o meu curso ao cume apertado
mas eu sinto e eu sofro e eu amo e eu parto
só neste buraco dizendo eu acho
torço a cabeça o pescoço e nasço
dizendo a desdita a sorte marcada
é que fogem e prendem e matam a vida
mas aperto apertado o buraco no traço
juntando abraço regaço à entrada
e sinto e rio e amo e vivo e meto e cresço na vida
dos pés e das mãos e das mãos e cabeça
sentir todo o corpo é que sente a presa
a soltura dos ventos dos ares os bonés
depressa eu corro e ando e marcho
seguindo o meu curso ao cume apertado
mas eu sinto e eu sofro e eu amo e eu parto
só neste buraco dizendo eu acho
torço a cabeça o pescoço e nasço
dizendo a desdita a sorte marcada
é que fogem e prendem e matam a vida
mas aperto apertado o buraco no traço
juntando abraço regaço à entrada
e sinto e rio e amo e vivo e meto e cresço na vida
quarta-feira, 2 de maio de 2007
Grave relógio, austera hora
toca bradando os mistérios
que não cessam, que é de ti,
quem és tu agora, neste
mar onde impérios cresçam
sempre este mar, tão calma
a hora, o dormir ou o vomitar
será que neste som que soa
será que nesta gaivota voa o
Império, verdadeiro mar?
Não sei, é tudo quanto digo, quanto
mais faço mais me abrigo, não
vou, só escrevo pensando no
que não há, não vejo, só sinto
a dor que não consegue calar
o amor, esse veio de ouro, é
a força que me faz viver,
andar ao mar e nele perder,
enfim me poder encontrar,
mas tudo que há não é nada, aquilo
que vejo é só o que cala, e o
ensejo não sai da amurada, a
enseada suja não há a acalmar
por isso canto, com voz apertada, e
abro o manto que escorre na estrada,
elevo o prato para dar entrada ao
que faz viver o santo, ao que me
vive e ao que me mata
toca bradando os mistérios
que não cessam, que é de ti,
quem és tu agora, neste
mar onde impérios cresçam
sempre este mar, tão calma
a hora, o dormir ou o vomitar
será que neste som que soa
será que nesta gaivota voa o
Império, verdadeiro mar?
Não sei, é tudo quanto digo, quanto
mais faço mais me abrigo, não
vou, só escrevo pensando no
que não há, não vejo, só sinto
a dor que não consegue calar
o amor, esse veio de ouro, é
a força que me faz viver,
andar ao mar e nele perder,
enfim me poder encontrar,
mas tudo que há não é nada, aquilo
que vejo é só o que cala, e o
ensejo não sai da amurada, a
enseada suja não há a acalmar
por isso canto, com voz apertada, e
abro o manto que escorre na estrada,
elevo o prato para dar entrada ao
que faz viver o santo, ao que me
vive e ao que me mata
terça-feira, 1 de maio de 2007
parabéns
Ei-lo, teu dia, na candura
da manhã a cotovia a
cantar o salto da rã,
o gato espreguiçante
aguça-te o olhar e o pino
da gaivota ensina-te a voar.
estudar? Que nada! Nesta selva
de vida quem ensina não é besta
quadrada, mas apenas natureza amiga.
da manhã a cotovia a
cantar o salto da rã,
o gato espreguiçante
aguça-te o olhar e o pino
da gaivota ensina-te a voar.
estudar? Que nada! Nesta selva
de vida quem ensina não é besta
quadrada, mas apenas natureza amiga.
voar sem cinto
Chego agora à estação
vou andando com vagar
na chuva o coração,
na alma o sem lugar
só faço o que sinto
meu mester é criar
sente tu sem cinto,
não te esqueças de voar
vou andando com vagar
na chuva o coração,
na alma o sem lugar
só faço o que sinto
meu mester é criar
sente tu sem cinto,
não te esqueças de voar
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