quarta-feira, 2 de maio de 2007

Grave relógio, austera hora
toca bradando os mistérios
que não cessam, que é de ti,
quem és tu agora, neste
mar onde impérios cresçam

sempre este mar, tão calma
a hora, o dormir ou o vomitar
será que neste som que soa
será que nesta gaivota voa o
Império, verdadeiro mar?

Não sei, é tudo quanto digo, quanto
mais faço mais me abrigo, não
vou, só escrevo pensando no
que não há, não vejo, só sinto
a dor que não consegue calar

o amor, esse veio de ouro, é
a força que me faz viver,
andar ao mar e nele perder,
enfim me poder encontrar,

mas tudo que há não é nada, aquilo
que vejo é só o que cala, e o
ensejo não sai da amurada, a
enseada suja não há a acalmar

por isso canto, com voz apertada, e
abro o manto que escorre na estrada,
elevo o prato para dar entrada ao
que faz viver o santo, ao que me
vive e ao que me mata

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