quinta-feira, 28 de junho de 2007
quarta-feira, 27 de junho de 2007
Mereces? Achas
Que aquilo que teces
E que desentristeces
A ti te faz mereceres mais?
E se no desassossego
Dessa calma inerte
Que ao silêncio remete
Teus constrangidos ais
Pensas então que tais
Possam fazer do velho
O novo que não conheces?
Mas não tendo mais
Que outras preces
Por sinais, vai e vens
E amorteces esses ais
Que com tão fina luz
Buscas perdidos no cais
Daqueles que não voltam mais
Que aquilo que teces
E que desentristeces
A ti te faz mereceres mais?
E se no desassossego
Dessa calma inerte
Que ao silêncio remete
Teus constrangidos ais
Pensas então que tais
Possam fazer do velho
O novo que não conheces?
Mas não tendo mais
Que outras preces
Por sinais, vai e vens
E amorteces esses ais
Que com tão fina luz
Buscas perdidos no cais
Daqueles que não voltam mais
terça-feira, 26 de junho de 2007
segunda-feira, 25 de junho de 2007
domingo, 24 de junho de 2007
Mestre, são plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos,
Se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.
Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver,
Mas decorrê-la,
Tranquilos, plácidos,
Lendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De Natureza ...
À beira-rio,
À beira-estrada,
Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.
O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.
Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.
Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.
Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranquilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.
Ricardo Reis
Todas as horas
Que nós perdemos,
Se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.
Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver,
Mas decorrê-la,
Tranquilos, plácidos,
Lendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De Natureza ...
À beira-rio,
À beira-estrada,
Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.
O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.
Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.
Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.
Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranquilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.
Ricardo Reis
Se Pessoa tivesse ido para Inglaterra, como era de seu intento, então seria hoje conhecido pelo mundo inteiro, e reverenciadamente respeitado, e universalmente aceite. Como quis o destino que vivesse Pessoa em Lisboa, e diga-se de passagem que o destino, ou o que quer que lhe queiram chamar, até tem bom gosto, então fez ele o favor de dar a Pessoa a vida que ele queria realmente.
Basta ler o primeiro capítulo de uma qualquer obra de Saramago para se ficar a saber qual o sentido de toda a história. E o sentido não muda, de livro para livro. Aliás, Saramago, tal como outros escritores, só ganhou o prémio Nobel porque os seus livros contêm mensagens políticas. Um Umberto Eco, ou um Pessoa, nunca ganhariam nenhum prémio Nobel porque a sua mensagem transcende em muito as pequenas mensagens dos escritores menores.
sábado, 23 de junho de 2007
não sei o que é a sociedade
não sei o que é a sociedade
a sociedade não é nada que se veja, ou que se cheire, ou que se toque
a sociedade é uma coisa inventada por pessoas que querem que a sociedade
e todas as suas ficções sociais, o domínio económico de uns pelos outros, prevaleçam
mas como isso não é natural, não existe, simplesmente
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Nome do Novo Movimento por Portugal
Manifesto Anarco-Aristocrático
O que diriam se encontrassem na rua um anarquista aristocrático e não o reconhecessem? Alguém que fechasse os olhos à publicidade, mas que não perde uma oportunidade para ir ao MacDonalds' quando os seus impulsos interiores assim o ordenam? Alguém que fosse capaz de apreciar a beleza da aristocracia com o seu real e digno porte de superioridade apenas para poder cuspir em cima de todo o manto de veludo vermelho? Alguém que fosse capaz de esbanjar o seu dinheiro todo em bens supérfluos, coisas enigmáticas, ou velharias quiescentes capazes de poder proporcionar a alguma família desalojada até a mais profunda humanidade daqueles que têm tudo? Alguém disse que o preto anulava o branco na sua escuridão esquecendo-se de que o branco também anula o preto na sua alvura? E que dizer do gato preto que dá saltos até aos telhados dos olhos de vidro transparente que tremeluzem a cada gota de luar que cai na noite escura?
O que diriam se encontrassem na rua um anarquista aristocrático e não o reconhecessem? Alguém que fechasse os olhos à publicidade, mas que não perde uma oportunidade para ir ao MacDonalds' quando os seus impulsos interiores assim o ordenam? Alguém que fosse capaz de apreciar a beleza da aristocracia com o seu real e digno porte de superioridade apenas para poder cuspir em cima de todo o manto de veludo vermelho? Alguém que fosse capaz de esbanjar o seu dinheiro todo em bens supérfluos, coisas enigmáticas, ou velharias quiescentes capazes de poder proporcionar a alguma família desalojada até a mais profunda humanidade daqueles que têm tudo? Alguém disse que o preto anulava o branco na sua escuridão esquecendo-se de que o branco também anula o preto na sua alvura? E que dizer do gato preto que dá saltos até aos telhados dos olhos de vidro transparente que tremeluzem a cada gota de luar que cai na noite escura?
terça-feira, 19 de junho de 2007
segunda-feira, 18 de junho de 2007
Jesus não carregou em si os pecados do mundo. Ele não era o mundo, e só o mundo pode carregar a sua cruz às suas costas. O que Jesus veio fazer foi apenas mostrar o caminho, mostrar o que seria necessário fazer para que os pecados, uma vez carregados por quem os tem, pudessem ser desligados do ser e libertados através da conversão alquímica até adquirirem a textura e as propriedades do ouro verdadeiro.
domingo, 17 de junho de 2007
toda a literatura é uma biografia, como tudo aquilo que não é matemática na vida. distingue-se a boa da má como a sensaborona da vivida: um gosto subtil por um prazer refinado, uma mestria de espada linguística e tacto estilístico, o alheamento do mundo em que se vive e a coroação do sonho, boas doses de imaginação espampanante e insubmissa polvilhadas com natas e servidas a frio com chocolate quente
sábado, 16 de junho de 2007
sexta-feira, 15 de junho de 2007
minha versão da vida em verdadeira sintonia com o mundo (ou) directo devaneio delirante
ser plenamente é ser-se um anarquista prático: fazer somente aquilo que nos apetece fazer.
quinta-feira, 14 de junho de 2007
quarta-feira, 13 de junho de 2007
Since each story presents its own technical problems, obviously one can't generalize about them on a two-times-two-equals-four basis. Finding the right form for your story is simply to realize the most natural way of telling the story. The test of whether or not a writer has divined the natural shape of his story is just this: After reading it, can you imagine it differently, or does it silence your imagination and seem to you absolute and final? As an orange is final. As an orange is something nature has made just right.
Truman Capote
Truman Capote
precisamos de momentos para não pensar. a nossa sanidade mental requer que não estejamos sempre a pensar em algo concreto, mas que antes deixemos o pensamento divagar por onde quer, mesmo que seja por sítio nenhum. se estivéssemos sempre a pensar facilmente daríamos em doidos. talvez seja porque ou o nosso cérebro não tem uma estrutura suficientemente sólida para aguentar com os pensamentos que passam por ele ou porque a nossa mente, quanto mais pensa, mais se apercebe dos pensamentos que existem, em tanta quantidade e qualidade tanta, de tal forma que fica louca tanto porque sabe que não os entende perfeitamente a todos como porque eles a transcendem de um jeito que nem ela consegue explicar, e sobretudo porque não sabe dizer de onde eles provêm.
odiar quem não se gosta é ainda dar-lhe importância, nem que seja pelo facto de que se pensa nessa pessoa para a ela poder atribuir algum sentimento. a verdadeira atitude mesquinha é dar a alguém a importância que nenhuma coisa tem, cortar qualquer resíduo de vínculo que ainda subsista e que nos consoma energia.
segunda-feira, 11 de junho de 2007
que me interessa a mim, e especialmente ao mundo, que os franceses gostem de conversar? O importante não é perder-se em conversas, é partir da conversa para a acção, e nisso os portugueses são mestres. Tudo bem que se compreenda o que há a compreender, tudo bem que se fale e converse o que há a conversar; mas tudo isso não chega, e não chega porque não chega a ser real - e o que é preciso é que haja alguma coisa de real com que possamos trabalhar, que haja estruturas sólidas nas quais construir alguma coisa, que as pessoas se juntem e organizem e façam realmente alguma coisa, e que essa coisa surja e possa ser usada por todos. Qualquer outro objectivo menos ambicioso que este deve ser descartado imediatamente e deitado para o lixo.
domingo, 10 de junho de 2007
sexta-feira, 8 de junho de 2007
Culturas Novas
Na encosta duma serra havia um carrascal
Onde crescia o tôjo, a esteva... um matagal.
Um dia entrou com êle a foice roçadoura,
Meteram a charrua e fez-se-lhe a lavoura.
Foi revolvida a terra e feita a sementeira.
Algum tempo depois já parecia um mar,
O vento sôbre o trigo, ao longe, a ondear.
O trigo foi crescendo, e a espiga bem dourada
Com o calor do estio em pouco foi ceifada.
E produziu bom pão o terreno maninho
Onde apenas crescia a urze e o rosmaninho!
Agora, quando eu olho essa encosta da serra,
Vejo que é uma lição que nos ensina a terra.
A sociedade é o monte; a escola é o arado.
Quando abrirdes o sulco, olhai vá bem guiado.
Depois é semear. Será bela a colheita
Se a semente fôr boa e a lavra fôr bem feita!
Também hão-de dar pão essas novas searas.
E também darão luz à humanidade inteira.
Abri a terra, Abri. Fazei a sementeira!
Alda Guerreiro Machado
Onde crescia o tôjo, a esteva... um matagal.
Um dia entrou com êle a foice roçadoura,
Meteram a charrua e fez-se-lhe a lavoura.
Foi revolvida a terra e feita a sementeira.
Algum tempo depois já parecia um mar,
O vento sôbre o trigo, ao longe, a ondear.
O trigo foi crescendo, e a espiga bem dourada
Com o calor do estio em pouco foi ceifada.
E produziu bom pão o terreno maninho
Onde apenas crescia a urze e o rosmaninho!
Agora, quando eu olho essa encosta da serra,
Vejo que é uma lição que nos ensina a terra.
A sociedade é o monte; a escola é o arado.
Quando abrirdes o sulco, olhai vá bem guiado.
Depois é semear. Será bela a colheita
Se a semente fôr boa e a lavra fôr bem feita!
Também hão-de dar pão essas novas searas.
E também darão luz à humanidade inteira.
Abri a terra, Abri. Fazei a sementeira!
Alda Guerreiro Machado
segunda-feira, 4 de junho de 2007
domingo, 3 de junho de 2007
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