Na encosta duma serra havia um carrascal
Onde crescia o tôjo, a esteva... um matagal.
Um dia entrou com êle a foice roçadoura,
Meteram a charrua e fez-se-lhe a lavoura.
Foi revolvida a terra e feita a sementeira.
Algum tempo depois já parecia um mar,
O vento sôbre o trigo, ao longe, a ondear.
O trigo foi crescendo, e a espiga bem dourada
Com o calor do estio em pouco foi ceifada.
E produziu bom pão o terreno maninho
Onde apenas crescia a urze e o rosmaninho!
Agora, quando eu olho essa encosta da serra,
Vejo que é uma lição que nos ensina a terra.
A sociedade é o monte; a escola é o arado.
Quando abrirdes o sulco, olhai vá bem guiado.
Depois é semear. Será bela a colheita
Se a semente fôr boa e a lavra fôr bem feita!
Também hão-de dar pão essas novas searas.
E também darão luz à humanidade inteira.
Abri a terra, Abri. Fazei a sementeira!
Alda Guerreiro Machado
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