sábado, 5 de janeiro de 2008

ao recordar no presente o passado de outrora, e a criança que fomos em tempos, tão doce era esse aroma do brinquedo novo que nos compravam! Era a alegria da casa, e uma mão-cheia de aventuras. Tenho saudades desse tempo tão puro, tão despretensioso, tão à margem das ficções sociais, tão próprio, num mundo de maravilha e espanto, de puro espanto, e de descoberta. Quando crescemos querem meter-nos num fato apertado, com um cinto de pele de cobra esfolada, querem pôr-nos uma trela como uma gravata e dizer a que horas nos deitamos e a que horas nos levantamos. É tão bom deixar-se dormir pelo dia adentro, e ficar acordado a escutar a noite que cai lá fora. É tão bom voltar a ser criança e esquecer tudo o que não esteja à frente do nosso nariz em cada momento. É tão bom brincar e sujar a roupa toda e ter a mente noutro lugar quando a mãe nos dá um raspanete. Sinto saudades desse tempo, e tudo de repente parece triste. Se já conseguimos um dia ser tão felizes porque é que não conseguimos voltar a sê-lo?

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