terça-feira, 15 de julho de 2008

A favor do acordo ortográfico

Se bem que não seja uma prioridade face a tanto outro domínio que necessita tão mais urgentemente de ajuda, a implantação de um acordo ortográfico entre os países da comunidade lusófona seria algo muito interessante para os destinos do mundo. Não faz sentido que o português seja a língua oficial de tanto país e os seus habitantes não se consigam entender porque as grafias não batem certo umas com as outras. Não encontrei ainda nenhum argumento válido que justificasse a manutenção da actual grafia. Se formos ao princípio do século XX, ainda em Portugal se escrevia pharmácia ou bello. A função da língua é facilitar a comunicação, não dificultá-la. A utilização desta ou daquela grafia é apenas uma questão de hábito. A língua evolui como qualquer ser vivo, de acordo com o uso que os poetas lhe dão e também de acordo com o uso que as pessoas lhe dão todos os dias. A língua escrita deve ser intuitiva e facilitar a transcrição daquilo que se diz para aquilo que se escreve. E como já vários o defenderam, e ainda defendem, a grafia brasileira é muito mais prática que a portuguesa - vamos até substituir aqui o prático, que pode ser entendido apenas numa perspectiva capitalista, por outra palavra: diremos que a mudança de grafia torna muito mais intuitivo o modo de escrever. Se o cê de exacto não se lê, para quê escrevê-lo? Exatamente. Se o cê de facto se lê, então mantém-se o facto. Portugal e todas as comunidades lusófonas só têm a ganhar com o facto de se uniformizar a língua para a simplificar: este pode ser o primeiro passo para uma maior aproximação de culturas lusas que do tanto que têm em comum apenas muito pouco têm acarinhado. Além do mais, as grafias das palavras só desaparecem quando as pessoas não as quiserem escrever, não é assim? Elas podem manter-se comodamente como estão num tom mais literário ou erudito; mas para o quotidiano não fazem sentido. E a tendência segue naturalmente a simplificação, não num sentido económico, embora também o exista; mas sobretudo num sentido lógico. Deixemos o exacto para os literatos e filólogos: exatamente escreve-se tão bem como quando lhe púnhamos o cê, e percebe-se melhor. Então para quê complicar? Segue em frente como se diz e já está!

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