quarta-feira, 16 de julho de 2008

todo escritor, porque é escritor, vive atormentado com alguma coisa. Se não vivesse atormentado, o que teria para escrever? Quem contempla o mundo como ele é não escreve coisa nenhuma. Não precisa de escrever. Aceita o mundo como é, e contempla. O escritor não tem sossego. Sente que alguma coisa, algures, talvez num passado distante, num passado tão distante que nem sequer se pode dele lembrar sem tremer, algo correu mal. O escritor vive na ânsia de que a escrita possa calar esse desassossego, embora saiba que é impossível. É por ter consciência da impossibilidade da sua condição que ele escreve. Se não conseguir encontrar esse algo que foi perdido, pelo menos pode pôr outros à procura...

Sem comentários: