domingo, 22 de fevereiro de 2009

Para uma verdadeira pedagogia da ciência

Todas as resoluções começam com uma questão.

Qual é a melhor maneira de ensinar ciência?

Para analisar qual o melhor método pedagógico a aplicar no ensino das ciências porque não passar em revista as várias maneiras como os restantes saberes são ensinados? Se falamos de música, estudamos a evolução histórica das correntes musicais e do fabrico de instrumentos musicais. Se falamos de literatura, estudamos a evolução histórica dos autores e das correntes literárias de que diversas obras fazem parte. Se falamos de arte pictórica, estudamos a evolução histórica dos criadores e das correntes estéticas nas quais diversas obras de arte se podem inserir. Se falamos de filosofia, estudamos a evolução histórica do significado de vários conceitos que diversos filósofos debateram ao longo do tempo. Se falamos de economia, estudamos a evolução histórica das teorias e práticas económicas que foram seguidas ao longo do tempo e quais as suas consequências na estruturação das sociedades. ASSIM, se partir de uma perspectiva diacrónica pela análise da evolução histórica de cada uma destas áreas é a melhor forma de conhecer realmente o que elas são, por que não aplicar este método também às ciências? O que têm as ciências de tão diferente para que se elimine a perspectiva histórica que lhes dá o seu fundamental contexto? Não há nada de mais artificial que julgar as ciências como um produto finito e acabado cujo mais alto e mais verdadeiro resultado está à vista e todos os homens da nossa época. Aliás, uma das razões - talvez mesmo a principal - que explicam o crescente desinteresse dos jovens pela escola está no método artificial que se segue para ensinar as ciências: a memorização de equações, métodos e factos sobre factos que não deixa qualquer espaço à atitude crítica que é necessária para que se faça um bom cientista. O que aqui defendemos é que

estudar a história das ciências é a melhor maneira de compreender a função e o funcionamento da ciência no nosso mundo

e é uma atitude amplamente benéfica para:

1 - Compreender o que a ciência é hoje - através do desenvolvimento de uma consciência histórica e contextualizada do contributo de cada cientista para a construção daquilo a que hoje chamamos ciência

2 - Compreender a área científica em que se escolheu especializar - através do desenvolvimento de uma capacidade contextualizadora das obras científicas dos cientistas que a fizeram suficientemente apurada para que essas obras (fontes primárias) possam ser lidas e interpretadas com autonomia

3 - Compreender a importância do pensamento crítico para o avanço da ciência - através do desenvolvimento de uma atitude crítica em relação a um trabalho científico

1 comentário:

L. Felipe Benites disse...

muito bom seu texto! fechou com muitas coisas que penso a respeito...