domingo, 15 de fevereiro de 2009

ponho tudo aquilo que sei em causa, inclusivamente a validade da minha própria capacidade de pôr tudo em causa.

3 comentários:

Jubylee disse...

Isso não te deixa um bocado cansado?

Anónimo disse...

Um cientista só é um bom cientista se se puser a si próprio (ou a sua propriedade intelectual, como queiras ver) em causa. Lewis Wolpert formulou uma das maiores teorias da Biologia do Desenvolvimento, para, anos mais tarde, desacreditá-la.

Não é mau pores tudo o que sabes em causa. É mau pores essa capacidade em causa.

Daniel disse...

A atitude de pôr em causa inscreve-se precisamente contra o comodismo em que tanta gente vive. Pensar requer esforço, mas parece-me que privar-nos do pensamento requer muito mais esforço - basta ver todas as artimanhas televisivas, publicitárias, económicas e educativas que nos impingem todos os dias, desde que nascemos... E para que não haja dúvidas, ponho claro que estou a falar do pensamento original e crítico. Mas nós também podemos ir mais longe que isso e dizer que não existe nenhuma prova inteiramente objectiva que nos diga que essa capacidade de pôr em causa é legítima ou capaz de nos aproximar de qualquer coisa a que podemos chamar conhecimento verdadeiro, ou verdade, realidade. Pode acontecer que todas as respostas, assim como todas as perguntas, estejam já em nós, e não precisemos de pôr tudo em causa para as conhecer. Conhecer a realidade é, essencialmente, perder-se nela, tornar-se parte dela - uma visão muito budista do assunto. Portanto, o que prefiro fazer é: se me dá para a ciência, ponho tudo em causa com uma crítica certeira; se me dá para a arte, aceito tudo com uma calma e uma contemplação budistas. Ser humano deve estar em sentir ambos ao mesmo tempo.