segunda-feira, 19 de maio de 2008

Videoclip - X&Y dos Coldplay

Uma cama. Lençóis brancos. Um quarto. É de noite. Um homem. Uma mulher. O homem move os olhos como quem está em REM, o homem sonha. O sonho é um sobressalto. O homem contorce a cara. Ao primeiro acorde de piano audível, o homem abre os olhos. A cena passa-se, de uma maneira ou de outra, em câmara lenta. Todo o vídeo, na verdade. Quando começam as notas da guitarra eléctrica o homem sai da cama de rompante, puxa os lençóis para trás de forma a que fiquem tufos. O homem corre como se a sua vida dependesse disso. A mulher dorme. De repente, com o sobressalto, acorda também. Mas já não consegue agarrar no braço do homem. O homem desata a correr pelo quarto fora. O quarto é muito simples, sobretudo branco. Cores neutras, branco e chão preto. O homem corre por um corredor, durante um bocado. A mulher tenta segui-lo, mas não se vê. O homem chega a um patamar que dá para umas escadas que descem para o andar de baixo. Estaca. No final da escada (lá em baixo) está uma miúda pequena, criança ainda, e ela olha fixamente para ele, embora não se veja. Tudo é um jogo de luzes e contraluzes. A miúda tem um vestido transparente, branco. Ondula como se esvoaçasse ao vento. Ela estende a mão para o homem, num sinal muito suave, como que a pedir para que ele vá ter com ela. Nessa altura, o homem esbugalha os olhos e desmaia, rodando ligeiramente. Sem força nos músculos, cai e rebola pelas escadas abaixo. O homem desmaia quando chega ao refrão. O close-up vai-se desfazendo desde a parte dos olhos esbugalhados e faz realçar o corpo que, em slow motion, rebola pelas escadas. O homem não mostra qualquer emoção, está inconsciente. Ele rebola pelas escadas e quando chega ao final está morto. Partiu o pescoço. Enquanto cai, e como se se recordasse de alguma coisa do passado, vê-se debaixo de água, beijando a mulher, em tronco nu. Tanto o homem como a mulher estão o mais nus possível. As imagens do passado e do presente alternam várias vezes, de acordo com o ritmo da música. Quando a música do refrão acalma, tem-se um plano da cara do homem, um pingo de sangue a fracturar-lhe a cara, deitado, de lado. Quando acaba o primeiro refrão e começa a guitarra eléctrica, já se viu a mulher a correr até lá, apenas pela imagem reflectida pelos olhos do homem. Ela agarra o homem freneticamente, chora, esbaforida, dá-lhe puxões, abana-o com força, abraça-o, beija-o, faz tudo isto ao mesmo tempo sem nenhuma sequência específica ou determinada. Apesar de ser noite, há lua, mas não está cheia. Ainda assim, as imagens fragmentadas têm brilho nos recantos. Quando o homem morre as imagens do passado cessam. A mulher fica histérica. Quando recomeçam os acordes do refrão o homem abre os olhos. Antes disso a câmara passa a focar a cara do homem. Depois de abrir os olhos, o homem está frente-a-frente com a mulher. Tudo passa a ser ainda mais lento. Ele beija-a longamente. A estas imagens interpolam-se as das memórias de todas as vezes que eles se beijaram, em todos os sítios. De repente, o homem começa a afastar-se da mulher. Primeiro, estende-lhe a mão ao afastar-se, como que impelido por uma força invisível e impossível de quebrar. Ele está virado para ela. Mas depois vira-se de costas para ela e começa a correr. Chega à sala de estar, que é grande e ampla, e que tem uma grande vidraça. Dá ideia de que eles estão no espaço, como se fosse Marte ou a Lua. O homem atravessa o vidro, que está corrido e fechado, sem o partir, tornando-se muito brilhante. A mulher estaca quando encontra o vidro, o plano é de perfil, close-up da cara. Ela olha para cima, os olhos dela é que guiam os nossos. Vemos, pelo que ela está a sentir, que o homem sobe. Depois há um grande clarão que cega tudo em volta. Quando só os violinos tocarem, vê-se um grande plano de uma estrela brilhante. A estrela cobre toda a imagem, mas vai afastando-se, zoom out. Aquilo que parecia só uma estrela revela-se todo o espaço. Sempre em slow motion. À medida que se faz zoom out aparecem mais estrelas, planetas, etc., até a estrela inicial deixar de ser perceptível no meio de tudo o resto. Zoom out até ao fim do som dos violinos, que se vai esgotando.

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