quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Inspiração

Desde que estejamos prontos a recebê-la e que não a esperemos, a inspiração vem sempre.

A inspiração é em muito portuguesa: nunca chega a horas.

O relógio da inspiração só marca a eternidade.

A inspiração pode entrar até no corpo mais frágil e menos preparado; ele é que pode não aguentar durante muito tempo.

A inspiração que traz a genialidade corrói o corpo.

Não é preciso dar asas à inspiração; a inspiração é que dá asas ao corpo.

Para cumprir o que a inspiração manda não é preciso trabalhar muito, apenas deixar de ser preguiçoso.

Devemos aprender a lição do caracol: não carregar a nossa casa às costas, mas ser a casa que se carrega para todo o lado.

2 comentários:

ricardo disse...

...99% de transpiração, 1% de inspiração...dizia thomas edison...n'est pas?

Daniel disse...

é uma grande verdade, e é por essa razão que a inspiração corrói o corpo: é que a genialidade não serve de nada se não for trabalhada... e que trabalho ela nos dá! Ao Pessoa eram noites sem dormir, ao Camões foram braçadas enérgicas para safar Os Lusíadas da sepultura marinha, ao Vieira foram as quezílias com a Santa Sé; e depois há todo o trabalho que dá escrever e aprimorar o que se escreve, ou o que se inventa. Diremos como o Agostinho da Silva: àqueles que não amam especialmente, concedem os deuses uma vida fácil; àqueles que querem ultrapassar heroicamente a sua condição mortal vendem os deuses, e bem caro, todos os bens que lhes cumulam. É a lei da vida.