Numa notícia bombástica e nada sensacionalista publicada pelo jornal de altíssima qualidade Público, agora com as cores da moda para atrair traças que se encandeiem facilmente, diz que:
16 por cento dos genes do cientista são de origem negra
Afinal, o Nobel James Watson tem genes negros
(façam o favor de consultar aqui)
Depois de tantos e aturados estudos sobre a sequência do material genético humano, uma jornalista descobriu que existem genes negros! Devo dizer que nem um geneticista poderia ter feito uma descoberta de tal calibre! Parabéns, estão todos de parabéns! Agora fica a dúvida: já que ele descobriu genes que são pretos, será que existem genes amarelos, vermelhos, verdes ou até mesmo cinzento-azulados? É urgente encetar esforços nesta área da coloração genética. Já estou mesmo a ver que nova tecnologia vai despontar dentro de pouco tempo: a pintura de genes. Quem só tem genes monocromáticos vai, certamente, querer fazer umas nuances de outras cores, algo monocromático está completamente fora de moda. Sugiro que façam bandas de duas cores diferentes, alternadas, que agora as riscas bicromáticas estão muito na moda. E fica sempre bem, claro.
Espera lá, ou será que a mulher queria dizer que encontraram os genes que fazem os pretos serem pretos e cheirarem a catinga e falarem aquele português assim muito à preto? Oh meu deus! Proclame-se imediatamente:
Jornalista do Público descobre o gene da pretalhada e mais adianta que James Watson, esse facínora do Nobel, espião americano de americanos para seu proveito próprio, tem genes da pretalhada a dar com um pau!
Ora isto é que dava uma bela notícia! Espero bem que a tecnologia de corte e costura de DNA se desenvolva o mais possível para eu ir tirar todo o resquício de genes de pretos que tiver, e substituir tudo por brancos. Bem, se calhar deixo uns quantos, e aproveito para meter uns genes de chineses, islandeses e brasileiros. A comunidade científica deve estar maravilhada: até hoje ninguém conseguira encontrar o gene dos pretos, mas parece que uma jornalista conseguiu o impensável: de uma assentada só descobriu isso tudo, e ainda por cima no James Watson. Proponho que se tire imediatamente o Nobel da Paz deste ano ao Al Gore e se dê a esta magnífica jornalista que honra todo o mau nome que a sua profissão tem, e também não admira: o capitalismo também consegue alcançar a tão badalada liberdade de imprensa que nos querem vender todos os dias. Mais uma vez, estão todos de parabéns!
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