domingo, 23 de dezembro de 2007

Quiseram ler a Bíblia
como um livro de História:
acabaram sem glória
a procurar em livros de Geografia
onde ia o Éden que se ouvia
lá longe no eco da memória

Quiseram ler a Bíblia
como um livro de Matemática:
a equação saíu estática
e por mais vento que lhe desse
e sustento que aprouvesse
a solução era errática

Quiseram ler a Bíblia
com um fervor de Religião:
enfiaram um novo Jesus
no centro de uma velha cruz
e sem lhe dar perdão

Mas a Bíblia não é nada disso,
não é música para encher chouriço:
o que viram era só o que em vós havia,
e que de vossa voz ao tropeção saía,
na Bíblia o que vive é o sentido
não o escrito, ou o postiço,
mas o vívido e crescido,
o fruto amadurecido
da Árvore do Conhecimento
que só se tem quando não é colhido,
analisado, esquartejado ou dissolvido,
é aquele que está em todo o lado:
o Espírito Santo renascido.

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