sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Só gostava de saber quantas crises vão ser precisas para que sa pessoas percebam, de uma vez por todas, que a única opção viável para Portugal está não em aumentar as exportações (como tantos não se cansam de apregoar por aí), mas sim em diminuir as importações. Portugal é um país com uma dimensão pequena, com um mercado igualmente pequeno, e portanto não pode escoar produtos a uma velocidade terrível como nos Estados Unidos. Portugal não tem capital interno - no estado de endividamento em que está - para investir em grandes áreas de inovação. Terá uns bastiões - que são sempre pouquíssimos, e essa é que é a realidade -, com certeza, em instituições científicas que fazem investigação, em alguma investigação original que é paga com a vida dos cientistas que lá trabalham noite e dia, em alguns produtos únicos que terão realmente um factor atractivo para serem exportados; mas nada mais que isso! São exemplos que se contam pelos dedos de uma mão. A grande solução só pode estar na diminuição do volume de importações, na progressiva independência do país face aos esquemas europeus de estagnação da economia local e nacional. Portugal não tem o dinheiro suficiente para investir em áreas que possam competir com economias de massa e capitalismos destruidores de mega-corporações. Só os pequenos negócios, as empresas locais, perfeitamente ligadas e em conexão com a realidade das localidades, com as suas necessidades essenciais que têm de ser satisfeitas, podem alguma vez livrar-nos de importar aquilo que podemos produzir cá dentro. Porque é que não se aposta mais no negócio da cortiça, em utilizar material isolante de cortiça? - é que este produto já provou ser tão bom cá dentro que até é dos poucos em que se pode apostar na exportação (a exportação de produtos como estes, que não são muitos, e nem haveria dinheiro para os manter se fossem muitos, é a única coisa que é exportável com retorno económico, e é aí que se deve apostar competitivamente numa economia capitalista). Porque é que não se aposta nas energias renováveis, especialmente na solar, que é aquela que terá provavelmente o maior potencial em Portugal? Deixariam de ser precisos tantos combustíveis que são comprados ao estrangeiro. Onde é que está a agricultura de qualidade? Agricultura de qualidade é uma pequena agricultura de proximidade que satisfaz as necessidades locais, e consegue assim atingir as pessoas sem a inflação dos preços que o transporte das mercadorias obriga. É preciso uma economia de proximidade, região a região, explorando o potencial de cada região e direccionada e bem adaptada às necessidades e realidades de cada sítio. Sem isso, não vamos lá.
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