sábado, 26 de dezembro de 2009

é realmente admirável a desproporção que há no tomarem as pessoas assuntos de segunda categoria como causas formidáveis e nacionais, sejam o fim das touradas ou os casamentos homossexuais. É uma atitude que se deve considerar até perigosa, já que desvia a atenção dos verdadeiros problemas que enfrentamos (já se esqueceram deles? Alterações climáticas, desemprego a torto e a direito, guerras pelas últimas reservas de petróleo no médio oriente, crises económicas globais, tratados e governos controladores e oportunistas, um sistema de ensino transformado em academia militar, ...) para causas que, apesar de fazerem com que as pessoas façam muito estardalhaço à volta delas, nunca levam a coisa nenhuma, e são, na verdade, insolúveis, até que as mentalidades mudem - coisa que, como já o Álvaro de Campos dizia, só acontece verdadeiramente quando uma geração morre e a seguinte aparece. Se as pessoas querem acabar com as touradas e deixar que quem quer casar se case, vão mas é dar cultura às pessoas e subverter o sistema de ensino que temos. Aquilo que está na base da vida é a aprendizagem, e a aceitação da vida que se tem e da vida que se teve. Enquanto as pessoas não forem livres de aprender o que querem aprender, e de ter dinheiro suficiente para fazer o que querem fazer não hão-de compreender o sofrimento pelo qual os animais passam para nos servir de comida, ou que o estado não tem nada que ver com a vida privada e emocional de cada um. Vamos acabar de uma vez por todas com essa questões menores que não levam a sítio nenhum e propôr medidas, práticas, para mudar o que está na base, ou então para desconstruir as ficções sociais que as pessoas têm na cabeça. A única maneira de agir globalmente é agir localmente.

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