quinta-feira, 26 de julho de 2007

Esconjuro Arrenegado

Vamos lá cagar
e peidar em Portugal
e para que não cheire mal
vamos lá emborrachar
esborrachar e escapulir
o fino e suado sorrir
do prazer que dá em cagar

o que é preciso é cheirar mal da boca
vomitar as entranhas por dentro
e por fora
e sem patranhas ou desgosto de última hora
deixar as senhas e as mulas
sem nora
(nem sogra)

ora, ora, ora!
toca a abrir essas nádegas,
bátegas, grossas a correr por fora
e os fluidos intestinais sem demora
a correr por entre os campos
em gloriosos ais!
vamos embora!
não há nada que não salte fora!
tudo o que entra também cai
e tudo o que cai que se parta
se pendure em retorta
para o pássaro voar mais
(e quem diz pássaro diz passarola)
quais ais nem meios ais!
devemos andar todos tristes da tola!
sem ler Zola mas só jornais
e deixando-nos tratar por jola!

embora desses ais!
embora! Zás, zus, tus, pais
não entram daqui, só a amora
silvestre e os vendavais,
Xô, zus, zás, zais,
Vamos sair e voar sem demora
sem sair do Portugal
que só é ais,
agora, agora, agora, agora

Morram o fado, o futebol,
etanol até ao estalo, cloro
e formol, como um regalo,
mais, e mais, e mais, e mais,
Fátima com o diabo,
morra a Bola,
mais o Fado que a entorna,
mais o orelhudo cachimbado
que só soa traque furado,
nem fraque nem amola,
nem mola nem estrado,
só erva, verde, amora,
pedra, cal e montado
monte-se o monte e parta-se a nora,
quebre-se o sobrado,
deixe-se respirar o mal olhado
que a todos consuma e que poda
poda poda o mau-olhado
e a mezinha torta,
morra morra esse enfrascado
que não sabe mais onde mora.

Morra, morra! Sem demora!
Cegue-se e parta-se o que há!
O que interessa sai para fora
O que não faz, fique onde está!

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