sábado, 19 de abril de 2008

aquilo que talvez mais me chateie no caquéctico ensino e na capitalista pedagogia que hoje temos que carregar em cima de nós como uns Sísifos malfadados são os modos arrogantes e a profunda falta de consciência que se mostra nas pessoas que, ao invés de clarificarem ensinando como professores que deveriam ser perante os seus alunos, falam para plateias daquilo que já sabem - e que mais parece sempre o terem sabido - como se os seus alunos soubessem tanto quanto eles. Assim, o ensino hoje não é aprendizagem; é antes exposição.

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o ponto de partida para qualquer aprendizagem é o desconhecimento, e é esta a hipótese nula, o controlo experimental, que tem que servir como ponto de referência para qualquer pedagogia. O papel do professor é construir um edifício conceptual que só pode ter sustento em alicerces bem fortes e resistentes, numa esquadria clara e bem marcada, num equilíbrio das formas que se lhes sobrepõem e na harmonia da estrutura que é erigida. Sem explicar e definir com uma precisão cirúrgica e de uma forma bem clara os conceitos iniciais que estão subjacentes aos raciocínios mais elaborados que se sucedem, não existe aprendizagem verdadeira, apenas uma exposição insegura de uma torrente de factos sem relação entre si.

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