terça-feira, 8 de julho de 2008

Birth



Não me lembro de ter alguma vez visto um filme em que houvesse uma simbiose tão perfeita entre som e imagem, diálogo e significado, símbolo e mensagem, como este Birth. Não é totalmente perfeito apenas porque podia ir mais longe na história do que aquilo que vai; mas não deixa, contudo, de ser uma excelente obra de arte.

4 comentários:

Carlos Pereira disse...

É curioso, ia ontem escrever sobre ele. Birth é das obras-primas mais subvalorizadas do nosso tempo, único herdeiro directo do Cinema de Kubrick de que lembro e com uma tónica bem aplicada na fé. E essa sequência é belíssima, tal como aquela do rosto de Nicole Kidman no concerto.

Abraço!

Daniel disse...

Infelizmente, a ignorância sobrepôs-se muitas vezes à contemplação desta magnífica obra de arte (e é tanto assim que mais parece que nasceu tudo duma inveja descomunal por não conseguir nem fazer tão bem como no filme, nem chegar à sua verdadeira mensagem...) Mas, e daí, isso não é novidade nenhuma... Allan Poe morreu desacreditado, assim como Wilde, e Sócrates, e Vermeer, e tantos outros... felizmente nada disso interessa, o que realmente importa são as vidas que todos eles tocaram e ainda tocam, e o modo como nos deixam enlevados perante a beleza sublime dos seus testemunhos. E que mais dizer do Birth? Não me canso de ver aquela sequência inicial. E o plano da Kidman é deliciosamente perturbador. É como se o tempo parasse...

Continua assim que vais longe!
Abraço

Cataclismo Cerebral disse...

Acho mesmo que Birth é uma das relíquias do cinema contemporâneo. Austero, elegante e perturbador, no trilho daquilo que o mestre Kubrick conseguiu alcançar.

Abraço

Daniel disse...

mas há mais qualquer coisa neste filme (ou nestes filmes) que, a meu ver, os deixa um passo à frente: a ligação entre as cenas. Nos filmes de hoje, de uma maneira geral, o espectador é conduzido a par e passo pelo caminho que o realizador delineou, e a narrativa é muito fluida, transitando por aqui ou por além da mesma maneira que a câmara acompanha as personagens. Em filmes mais antigos, essa transição suave ou não existia ou não era tão clara - poderemos dizer, tão depurada? A narrativa tem de ser fluida, e a transição - quer seja suave ou brusca - tem de ser suficientemente inteligível para levar o espectador a apreender, ou até, se quisermos dizê-lo assim, a unir-se com a mensagem que estão tentando transmitir. Isso parece-me uma grande mais-valia. A história é tudo. E Birth, sem sombra de dúvida, tem isso.

Obrigado pelos comentários e voltem sempre!