segunda-feira, 7 de julho de 2008

Já estive com muitas pessoas. Já estive com pessoas que tinham muita educação, e já estive com pessoas que tinham muito pouca. Mas de todas as vezes sempre ressaltou a mesma característica que uns e outros tinham bastante presente e demasiadamente vincada: a tacanhez do seu espírito. Seja entre aqueles que pensam que sabem muito, ou entre aqueles que pensam que sabem pouco, parece existir sempre uma barreira, que é sempre uma barreira mental, e que vive impedindo as suas mentes de se abrirem à contemplação daquilo que é realmente grande. Tanto nuns como noutros encontrei a formatação precisa daquilo que a si próprios impuseram: os seus amigos falavam como eles, pensavam como eles, sentiam como eles. Todos eram os mesmos robôs caminhando por um mesmo passo ao sair de uma e a mesma fábrica. Quem não fosse como eles, só podia sobreviver de uma maneira: ou se tornava igual a eles, vivendo o mesmo estilo de formatação para o resto da vida e vendendo o resquício de liberdade que soçobrasse ao claustro das frases feitas; ou então tornava-se diferente deles, e para sempre tão diferente que era impossível granjear-lhes a amizade, já para não falar da confiança, estando eternamente condenado, qual Sísifo errante, a errar também, sozinho, pelas planícies do desconhecido. Agora que me dou conta, noto que sempre escolhi o segundo caminho, e que outro caminho não haveria para mim se quisesse ser aquilo que realmente sou. Se lamento tê-lo feito, isso nunca, porque está escrito que o caminho da liberdade se caminha a sós consigo, e não há outra maneira de nos tornarmos conscientemente, e pelo desenvolvimento das nossas próprias capacidades inatas, a chama celeste que um dia escolheu como morada, ainda que provisória, esta terra que por agora ainda pisamos.

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