sexta-feira, 25 de julho de 2008

A imaginação é a memória que enlouqueceu.
(Mário Quintana)


a imaginação é memória porque não existe nada a que chamemos imaginação que não se encontre primeiro na nossa memória. A imaginação não tem nada de verdadeiramente original, trata-se apenas de uma reorganização dos elementos (das partes) com as quais já tivemos contacto, assim como a imagem de um pégaso resulta da combinação de dois elementos perfeitamente banais que já existiam na imaginação: um cavalo e umas asas. A combinação de diferentes partes é mais sublime quando a loucura se apodera de nós, ou quando a ela estamos mais receptivos. A desordem é a força motriz da imaginação. E a imaginação só não é memória quando de uma nova combinação surge uma propriedade completamente diferente, um princípio emergente.

2 comentários:

Maria del Sol disse...

"A desordem é a força motriz da imaginação. E a imaginação só não é memória quando de uma nova combinação surge uma propriedade completamente diferente, um princípio emergente."

Não resisto a fazer uma ponte entre esta reflexão e o comentário que deixaste no meu blog sobre a importância do caos na lei da entropia que governa o universo. É, sob a forma da imaginação, uma força motriz impressionante para o ser humano. E, infelizmente, uma força ainda muito subestimada pela sociedade.

Daniel disse...

O que vale é que aquilo a que chamamos sociedade não existe, não é? A única coisa que existe são pessoas individuais, cada uma completamente diferente de outra. O primeiro passo para levar o desassossego ao mundo talvez seja deixar de subestimar a humanidade parando de falar com ela como se fosse um colectivo. A grande tarefa será dar a cada um os meios de expressão daquilo que cada um entende. O blogue, por exemplo, já pode servir algumas vontades. Mas não chega. Temos de continuar.