sábado, 5 de julho de 2008

Toda a filosofia que não tenha em conta os mais recentes desenvolvimento científicos é uma filosofia ultrapassada. Se é certo que a filosofia nada pode contra a verificação experimental científica, a verdade é que a ciência pode resolver e já resolveu várias controvérsias filosóficas que surgiram ao longo da história. Conseguimos apontar como exemplos o desenvolvimento da bomba de vácuo e a confirmação experimental de que o vácuo existe - que ele existe, já o sabemos; falta agora saber qual a sua natureza - , os estudos sobre histeria de Charcot e Breuer que mostram ser verdadeira a existência de uma dimensão psíquica que está para além do estado consciente humano, o desenvolvimento de uma termodinâmica assente na ideia de que a entropia do universo cresce sempre em qualquer reacção espontânea e, talvez a mais badalada e importante de todas, especialmente no contexto histórico em que vivemos; a ideia de que a competição entre indivíduos existe e é necessária para a evolução da espécie - que aliás está na base do desenvolvimento da economia capitalista, sobretudo, e que fez surgir outras formas de pensar a economia, como aquelas que ficaram conhecidas por comunismo. Da filosofia pode a ciência aprender a maneira como resolver os impasses racionais a que chega, tanto pela crítica às conclusões que podem ser elaboradas a partir de um resultado experimental como pela consciência dos processos dialécticos de inspiração marcadamente hegeliana que orientam e estruturam a sua evolução conceptual. Mas, de facto, se o filósofo pretende construir um sistema que lhe permita entender como funciona esse éter inominável que liga as diferentes partes de um mundo indiviso, tem forçosamente de olhar para a ciência como fonte das observações e premissas a partir das quais poderá ser reconstruída uma saída, um caminho a direito, para que a humanidade possa evoluir até ultrapassar as mais utópicas idealizações que nos possam discorrer pela mente.

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