Como é que uma tradição se torna moderna sem deixar de ser uma tradição?
Tem que se dar tanto espaço à tradição como à crítica. A crítica permite depurar aquilo que podemos receber do exterior, isto é, os fenómenos que chegam até nós. A tradição permite que escolhamos onde queremos criticar e onde queremos aceitar, isto é, onde impera a escolha, de entre as informações que temos, e onde impera a dúvida, de entre o que não sabemos. Mas para quem pergunta e questiona e duvida de tudo aquilo que pode conhecer, só pode surgir inexoravelmente uma resposta: não sei. E como há sempre muito mais perguntas que respostas, porque as perguntas caminham sempre à frente das respostas, então há sempre uma margem para a escolha, há sempre uma margem para o subjectivo e para a tradição. A ciência não é capaz de dar resposta a todas as perguntas que fazemos, pelo menos por agora, ou pelo menos enquanto a ciência que existe for igual àquela que nós hoje conhecemos. Se porventura se arranjar uma forma de unir a ciência à tradição, então poderemos pôr em causa quando achamos que algo não está suficientemente esclarecido, e poderemos aceitar aquilo que escolhemos ser parte de nós. E convém lembrar que, muitas vezes, partimos de um pressuposto absolutamente não científico e que é mais uma tentativa para objectivar algo que é intrinsecamente subjectivo: assumimos que nós, seres pensantes, existimos na realidade e que são verdadeiras as conclusões que podemos retirar a partir dos artifícios do nosso pensamento, que é coisa que ninguém até hoje provou por qualquer meio ser verdade, e muito menos por uma matemática.
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