quinta-feira, 5 de abril de 2007

toda a vida é ilusão
uma farsa, apagada,
uma coisa mal-amanhada,
um pedaço de tostão

toda a vida é um castigo
uma correia que não diz nada
um constante sem-abrigo
uma loucura de saber nada

toda a vida é uma morte
finita em si e sem razão
não há nela nenhuma sorte
maior que a sina do caixão

toda a vida é como um sonho
que se sonhou muito e acordando
mostrou apenas que há tristonho
não há nada que vá andando

mas se a vida fosse mais
se houvesse mais que isso
uma esperança, um desafio
uma beleza entre vitrais
um canto sem fastio
se houvesse liberdade sem juízo
e no pensamento em ouriço
só houvesse sol, e corrediço,
a dar alegrias por canais
se os sonhos pudessem ser tocados
e por mil bocas beijados
se houvesse descanso em candura
e toda a corneta da verdura
então seria nossa mente
todo um mar de sinais
feito só p'ra quem sente

mas aí estaria a mais,
estaria eu bem errado
e, comigo, toda a gente

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