segunda-feira, 29 de outubro de 2007
faz sentido que exista um Rei a partir do momento em que se encontra em alguém e se lhe reconhecem capacidades que não se encontram em nenhum dos restantes homens de uma Nação. Na verdade, encontrar encontra-se sempre; o pior é que nunca se lhe reconhece nada, e por isso não há Reis onde poderia haver. Na Idade Média era tudo mais simples: reunia-se um exército, combatia-se cara a cara com bravura, e quem tinha a maior perícia, aliada a uma grande dose de astúcia, ganhava.
domingo, 28 de outubro de 2007
A Lissão
Aluna
Um... dois... depois três... quatro...
Professor
Alto. Qual é o número maior: três ou quatro?
Aluna
O quê? Três ou quatro? Qual é o maior? Maior em que sentido?
Professor
Há números maiores e outros menores. Os maiores têm mais unidades do que os menores. A menos que os menores tenham unidades mais pequenas. Se forem muito pequenas, pode acontecer que haja mais unidades nos números menores do que nos maiores... Se se trata de outras unidades...
Aluna
Quer dizer que os números menores podem ser maiores do que os números maiores?
Professor
Deixemos isso. Levava-nos muito longe. Saiba apenas que não há só números... Também há grandezas, quantias, conjuntos, montes e montes de coisas, ameixas, vagões, gansos, pepinos, etc. Simplesmente para facilitar o nosso trabalho, supunhamos que só temos números iguais. Sendo assim, os maiores serão os que tiverem mais unidades iguais.
Aluna
O número que tiver mais unidades será o maior? Ah, compreendo! O senhor identifica a qualidade com a quantidade.
Professor
O que diz é demasiado teórico, menina. Não se preocupe com isso. Concentremo-nos neste caso preciso e deixemos para mais tarde as conclusões gerais. (...)
A Lição dada por Eugène Ionesco
Um... dois... depois três... quatro...
Professor
Alto. Qual é o número maior: três ou quatro?
Aluna
O quê? Três ou quatro? Qual é o maior? Maior em que sentido?
Professor
Há números maiores e outros menores. Os maiores têm mais unidades do que os menores. A menos que os menores tenham unidades mais pequenas. Se forem muito pequenas, pode acontecer que haja mais unidades nos números menores do que nos maiores... Se se trata de outras unidades...
Aluna
Quer dizer que os números menores podem ser maiores do que os números maiores?
Professor
Deixemos isso. Levava-nos muito longe. Saiba apenas que não há só números... Também há grandezas, quantias, conjuntos, montes e montes de coisas, ameixas, vagões, gansos, pepinos, etc. Simplesmente para facilitar o nosso trabalho, supunhamos que só temos números iguais. Sendo assim, os maiores serão os que tiverem mais unidades iguais.
Aluna
O número que tiver mais unidades será o maior? Ah, compreendo! O senhor identifica a qualidade com a quantidade.
Professor
O que diz é demasiado teórico, menina. Não se preocupe com isso. Concentremo-nos neste caso preciso e deixemos para mais tarde as conclusões gerais. (...)
A Lição dada por Eugène Ionesco
Os Jericos
Acaba de chegar até nós, nesse grandioso canal de televisão que dá pelo nome de SIC, a série que já fez as delícias dos milhares de americanos que nasceram agarrados a um aparelho de televisão. É nada mais que a série "Jericho", uma série em que um ataque nuclear - ainda não se sabe mas de certeza terrorista - destrói tudo o que dá pelo nome de civilização à excepção de uma pequena terriola que podia ter sido muito bem aquela que viu nascer Bush. O português tem destas coisas, e até um nome tão inocente como Jericho, ou Jericó, que até de inocente não tem nada, mostra a sua real face na nossa língua: a série que transforma quem a vê em autênticos jericos. Uma série de qualidade mediana-baixa que tem como pano de fundo um cenário de pânico generalizado só pode fazer-nos desconfiar... Trata-se de mais uma arma de arremesso de Bush para instilar o medo nas mentes das pessoas e justificar a sua estupidez e prepotência. Façam um favor às vossas mentes e não percam tempo com coisas obsoletas.
O Triunfo do Id
Se por mais que sublimemos sob esta ou aquela forma as nossas pulsões incontroláveis elas voltam sempre, então a única forma de saciar a sua fome é realizá-las por completo.
O que há a fazer hoje é soltar as amarras da imaginação!
Vivemos demasiado tempo presos às ficções sociais, elas tolhem e embrutecem os nossos movimentos!
A única palavra de ordem é aquela que sai de enxurrada sem pedir permissão a ninguém!
O problema não foi ter-se aberto a caixa de Pandora, o problema foi não saber o que fazer com todos esses males do mundo!
O problema está em procurar objectivar o que é subjectivo e subjectivar o que é objectivo!
O problema está em ver problemas onde eles não existem!
O problema está em deixar que as pessoas deixem de ser pessoas para se transformarem em problemas!
O problema está todo em quem concebe os execráveis currículos escolares!
O problema está em quem se senta à cadeira do poder e a última coisa que faz é governar o país!
O problema está numa europa chupista que procura a todo o custo mitigar a voz individual e única de cada Nação!
O problema está em haver pessoas que se dedicam exclusivamente a conceber problemas!
O problema está em morrerem os Boris Vian do nosso tempo!
O problema está em não existirem mais Pessoas e Cesarinys!
O problema está em se querer compreender o complexo sem se compreender primeiro o simples!
O problema está em todos e em cada um!
O problema da morte está todo na vida, à nossa volta!
O problema está na estupidificação que a televisão faz às pessoas!
O problema está na estupidificação que os computadores fazem às pessoas!
O problema está na falta de vista e na ausência de quem a torne mais clara!
O mundo está todo doido, está virado de pernas para o ar, sempre esteve, e muitos ainda querem que ele esteja, o mundo está mal, vai mal, está doente, e isso é que é o verdadeiro problema, o problema que é preciso superar!
Se tanta gente já indicou o caminho de que é que estamos à espera?
Se tantos já escreveram tanto sobre tudo como é que ninguém sabe nada?
Se tantos já enalteceram a nobreza verdadeira do que é verdadeiramente Nobre, então porque é que todos se comportam como pequenos-burgueses?
Se tantos já levaram a sua nau a esta Índia e à outra porque é que tantos teimam em afundar-se?
Se tantos já estenderam a mão o que é que faz com que outros a não agarrem?
Se tantos já saciaram a sua fome porque é que tantos teimam em fazer jejum?
Se não podemos lutar contra as forças internas à nossa natureza porque tantos teimam em furtar-se a elas?
Vivemos demasiado tempo presos às ficções sociais, elas tolhem e embrutecem os nossos movimentos!
A única palavra de ordem é aquela que sai de enxurrada sem pedir permissão a ninguém!
O problema não foi ter-se aberto a caixa de Pandora, o problema foi não saber o que fazer com todos esses males do mundo!
O problema está em procurar objectivar o que é subjectivo e subjectivar o que é objectivo!
O problema está em ver problemas onde eles não existem!
O problema está em deixar que as pessoas deixem de ser pessoas para se transformarem em problemas!
O problema está todo em quem concebe os execráveis currículos escolares!
O problema está em quem se senta à cadeira do poder e a última coisa que faz é governar o país!
O problema está numa europa chupista que procura a todo o custo mitigar a voz individual e única de cada Nação!
O problema está em haver pessoas que se dedicam exclusivamente a conceber problemas!
O problema está em morrerem os Boris Vian do nosso tempo!
O problema está em não existirem mais Pessoas e Cesarinys!
O problema está em se querer compreender o complexo sem se compreender primeiro o simples!
O problema está em todos e em cada um!
O problema da morte está todo na vida, à nossa volta!
O problema está na estupidificação que a televisão faz às pessoas!
O problema está na estupidificação que os computadores fazem às pessoas!
O problema está na falta de vista e na ausência de quem a torne mais clara!
O mundo está todo doido, está virado de pernas para o ar, sempre esteve, e muitos ainda querem que ele esteja, o mundo está mal, vai mal, está doente, e isso é que é o verdadeiro problema, o problema que é preciso superar!
Se tanta gente já indicou o caminho de que é que estamos à espera?
Se tantos já escreveram tanto sobre tudo como é que ninguém sabe nada?
Se tantos já enalteceram a nobreza verdadeira do que é verdadeiramente Nobre, então porque é que todos se comportam como pequenos-burgueses?
Se tantos já levaram a sua nau a esta Índia e à outra porque é que tantos teimam em afundar-se?
Se tantos já estenderam a mão o que é que faz com que outros a não agarrem?
Se tantos já saciaram a sua fome porque é que tantos teimam em fazer jejum?
Se não podemos lutar contra as forças internas à nossa natureza porque tantos teimam em furtar-se a elas?
sábado, 27 de outubro de 2007
no mundo em que vivemos até bocejar de boca aberta é considerado uma grandiosa disposição de ânimo e um statement em relação ao que se quer que seja. Só é pena ninguém saber bocejar, apenas abrir a boca, ou então imitar alguém que coça o nariz, ou estar sempre a abrir e a fechar a boca sem sequer se ver goela nenhuma.
a vida boémia é a que mais se coaduna com o espírito libertário, livre, libertado e libertador. Todas as outras são demasiado fechadas, demasiado parcelares, demasiado pobres. Se não se procura o Grande Todo, então vive-se num buraco. Mas também é verdade que é muitas vezes necessário viver num buraco para encontrar o Grande Todo.
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
domingo, 21 de outubro de 2007
À memória de Fernando Pessoa
Se eu pudesse fazer com que viesses
Todos os dias, como antigamente,
Falar-me nessa lúcida visão -
Estranha, sensualíssima, mordente;
Se eu pudesse contar-te e tu me ouvisses,
Meu pobre e grande e genial artista,
O que tem sido a vida - esta boémia
Coberta de farrapos e de estrelas,
Tristíssima, pedante, e contrafeita,
Desde que estes meus olhos numa névoa
De lágrimas te viram num caixão;
Se eu pudesse, Fernando, e tu me ouvisses,
Voltávamos à mesma: Tu, lá onde
Os astros e as divinas madrugadas
Noivam na luz eterna de um sorriso;
E eu, por aqui, vadio de descrença
Tirando o meu chapéu aos homens de juízo...
Isto por cá vai indo como dantes;
O mesmo arremelgado idiotismo
Nuns senhores que tu já conhecias
- Autênticos patifes bem falantes...
E a mesma intriga: as horas, os minutos,
As noites sempre iguais, os mesmos dias,
Tudo igual! Acordando e adormecendo
Na mesma cor, do mesmo lado, sempre
O mesmo ar e em tudo a mesma posição
De condenados, hirtos, a viver -
Sem estímulo, sem fé, sem convicção...
Poetas, escutai-me. Transformemos
A nossa natural angústia de pensar -
Num cântico de sonho!, e junto dele,
Do camarada raro que lembramos,
Fiquemos uns momentos a cantar!
António Botto
Todos os dias, como antigamente,
Falar-me nessa lúcida visão -
Estranha, sensualíssima, mordente;
Se eu pudesse contar-te e tu me ouvisses,
Meu pobre e grande e genial artista,
O que tem sido a vida - esta boémia
Coberta de farrapos e de estrelas,
Tristíssima, pedante, e contrafeita,
Desde que estes meus olhos numa névoa
De lágrimas te viram num caixão;
Se eu pudesse, Fernando, e tu me ouvisses,
Voltávamos à mesma: Tu, lá onde
Os astros e as divinas madrugadas
Noivam na luz eterna de um sorriso;
E eu, por aqui, vadio de descrença
Tirando o meu chapéu aos homens de juízo...
Isto por cá vai indo como dantes;
O mesmo arremelgado idiotismo
Nuns senhores que tu já conhecias
- Autênticos patifes bem falantes...
E a mesma intriga: as horas, os minutos,
As noites sempre iguais, os mesmos dias,
Tudo igual! Acordando e adormecendo
Na mesma cor, do mesmo lado, sempre
O mesmo ar e em tudo a mesma posição
De condenados, hirtos, a viver -
Sem estímulo, sem fé, sem convicção...
Poetas, escutai-me. Transformemos
A nossa natural angústia de pensar -
Num cântico de sonho!, e junto dele,
Do camarada raro que lembramos,
Fiquemos uns momentos a cantar!
António Botto
sábado, 20 de outubro de 2007
o problema em escrever extensos tratados está nos outros, e não em nós: um grande texto demove qualquer partidário desta sociedade de consumo em massa que espera assimilar o que quer que lhe apareça à frente em 5 minutos para alimentar o seu ego e dizer-se muito sabedor de tudo. É por isso que toda a gente fala de Pessoa e ninguém o conhece, toda a gente fala de Camões sem ter lido uma única linha, com tudo o que ler implica, ou então é também por isso que ninguém fala daquilo que é mais interessante, que ninguém conhece quem no mundo pensa realmente nas coisas que os outros fazem dele, e ninguém critica, ninguém compreende, ninguém lê, ninguém evolui...
se as pessoas são cegas é porque se deixam levar pela profusão de estímulos que lhes apresentam, é porque ligam mais àquilo que o poder ou a autoridade lhes dizem e menos àquilo que de dentro de si emana, e assim vivem para sempre, e por toda a sua vida, como títeres, e não como os seres criadores, individuais e livres que realmente são.
Parabéns, senhor Al Gore
Acabou de alcatroar o último troço da estrada que o levará, daqui a alguns anos, não tantos quanto isso, à cadeira do poder da casa branca mais escura que alguma vez alguém construíu.
As Novas Ditaduras
O século XX viu nasceu as mais poderosas e dissimuladas ditaduras que alguma vez já foram concebidas. Primeiro, quando a informação não estava acessível a grande parte da população, o mote era esconder, quer em abadias ou em conventos, em universidades ou em mosteiros, o que quer que fosse cultura grega ou romana, árabe ou herege. Mas a imprensa de Gutenberg e todas essas maquinarias que se engendraram vieram trocar as voltar aos pequenos ditadores que nelas se vinham firmando. Para a sua sorte desenvolveu-se então a economia capitalista, tão anglo-saxónica que ela era, tão aprumada e tão proveitosa para ser correctamente utilizada para dominar uns roubando outros. Ainda tentaram derrubá-la, sem sucesso porém, porque a substituíam por uma ditadura ainda pior que a primeira, que era a da total centralização comunista dos poderes na figura do Estado, essa coisa que não é ninguém e está presente em cada um, o bode expiatório da ditadura colectiva, da ditadura do Insecto Colectivo, como tão bem lhe chama o nosso grande colaborador mental Drummond. Pois bem, mas agora não há quem segure a informação, cada vez mais ela se nos escapa das mãos, há televisões por todo o lado, há jornais que nunca mais acabam, há mesmo jornais gratuitos cujo conteúdo nos quer entrar pelos olhos adentro e ensebar o cérebro, há rádios e telefonias, há todas as conversas-de-café que se ouvem, e agora há também a internet. A saturação de informação chegou ao seu auge. A ditadura agora não pode ser feita pela ausência ou pela privação de informação, vamos antes correr para o contrário, que entre um e outro as pessoas pensam e o mundo avança, e tudo o que nós, os pequenos ditadores, queremos é fazer com que as pessoas parem de pensar. Ora esse golpe de génio fez com que se chegasse à conclusão, e nem foi preciso pensar muito, de que faz tanto mal a informação que não se dá quando se deveria fornecer quanto a informação que se dá em demasia, é que o nosso cérebro tem uma capacidade limitada para a processar, e portanto não consegue acompanhar tanto estímulo epiléptico, tanta luz e tanta cor, tanto barulho, tanto movimento e tanta mágoa, tanta indiferença, tanto esconde-esconde. Então somos hoje em dia afogados com informação, e informação do mais inútil que há. Casos de Maddies ou Madalenas Arrependidas não faltam para abrilhantar os nossos serões, especialmente se são os da TVI, que nunca esteve tão bem como agora, ou Floribelas Chiques ou Enchiquitadas para nos dar uns achaques de ignorância. Vamos lá cultivar o saber e decorar quantos milhares de milhões de mortos se matam nos outros países, por exemplo nesses países hediondos que são os incivilizados, os Iraques e os Irões, onde debaixo de cada grão de areia se escondem trinta mil mísseis nucleares, e quem sabe lojas dos chineses, afinal eles andam por todo o lado. Nada disso, vamos antes ver os Big Brothers e os Sonhos Americanados, Sonho de América Danada ou de Amerdicanos Amaricados, Sonhos freudianos, com certeza, cheios de libido e pornografia, e se for infantil, religiosa, extremamente pia, melhor ainda, comemos e ficamos que nem um abade. Vamos lá empurrar Constituições e Tratados e Documentos e Assinaturas e Rectificações e Emendas e empurrões para trocar as voltas ao que já está ou ao que devia estar, vamos lá deturpar imagens e passar cassetes erradas, trocar umas caras aqui e ali umas palavras, dar o aspecto de que a coisa é de brandos costumes e que está tudo bem, quando ninguém pode mais com este sítio e com estes zés-ninguém. Façamos tudo para que todos fiquem a saber que más que são as ditaduras comunistas, assim ao menos poderemos fazer com que as pessoas deixem de pensar na porcaria que são as tão pretensiosamente chamadas democracias capitalistas, capitalizáveis até ao tutano, cheias de interesses petrolíferos e de contas por pagar, de BMW's e viagens fantasma, de putedo e de pedofilia, cheias de merda até às bordas do cu, e já de merda a vomitar:
Em Portugal existiram nos últimos tempos duas ditaduras: a ditadura de Salazar, que mal foi aguentada, enquanto se pôde, por Marcello Caetano, e a ditadura europeia. Já chega de nos quererem impingir Tratados Da Facilidade e Cartões De Identificação para controlo demográfico e eliminação da sublevação criativa, já chega de nos fazer tomar por parvos, já chega de nos quererem impingir informações erradas, imprecisas ou deturpadas, já chega, já chega, e já chega uma vez mais, e outra, e outra, e outra, caramba!, já chega!, já estamos fartos deste carrossel de mentiras e de ladainhas populistas, já estamos fartos desta imberbe indecisão política, destas medidas economicistas para cadáveres saldarem as dívidas que contraíram há muito, temos que obrigá-los, a eles, e só a eles, a pagá-las todas, nem que para isso tenham que vender um olho, nem que para isso tenham que dar o olho do cu, e mais dez tostões, aqui o euro não vale nada, essa moeda mesquinha de Europa raptada por Zeus, de pernas abertas para todo o comboio europeu da foleirice, e se não nos levantamos contra esta corja, se não lhes damos uns belos tabefes naquelas bochechas descaídas, se não nos descontentamos, se não vamos à luta, se não gritamos aos ouvidos daqueles que não nos ouvem, se não nos mexemos, se não barafustamos, se não arrancamos cabelos à sua falta de imaginação, se não puxamos pela corda da alma, que é infinita, se não lhes lançamos o riso do descrédito, se não lhes cuspimos em cima no antro da ignorância em que se escondem, se não fazemos já isso sem demora, e já significa neste momento, no agora, então estamos a deixar que nos vendam a todos como os escravos que vinham de África, estamos aqui a deixar-nos existir em vez de ser, estamos aqui que nem marionetas a ser manipulados por balofos de charuto cubano em punho, estamos aqui a ser uma corja que em nada se distingue dessa outra manipulação horrenda, dessa história de terror, dessa pedofilia para crianças e gente adulta, dessa falsa piedade devassa, dessa perversão sexual projectada em nós:
HÁ JÁ MUITO TEMPO QUE NOS CONTENTAMOS COM O DIZER SIM A TUDO O QUE NOS IMPINGEM, MAS ESSE TEMPO JÁ TEM OS DIAS CONTADOS, POR ISSO VAMOS, PARA ALÉM DE APRENDER A DIZER NÃO, DIZER NÃO, NÃO E NÃO, E NÃO OUTRA VEZ A TODAS AS BARBARIDADES E A TODOS OS IMPROPÉRIOS QUE LANÇAM PARA CIMA DE NÓS, CHEGA!, CHEGA!, CHEGA!, IRRA, VÃO PARA O INFERNO QUE CRIARAM NO MUNDO, E NUNCA MAIS VOLTEM QUE NINGUÉM VOS ATURA OU QUER SABER DE VOCÊS, DEIXEM A CARCAÇA QUE JÁ ESTÃO MORTOS HÁ MUITO TEMPO, SEJAM DE UMA VEZ POR TODAS O PÓ QUE SEMPRE FORAM, FORA, FORA, FORA DAQUI JÁ!
Em Portugal existiram nos últimos tempos duas ditaduras: a ditadura de Salazar, que mal foi aguentada, enquanto se pôde, por Marcello Caetano, e a ditadura europeia. Já chega de nos quererem impingir Tratados Da Facilidade e Cartões De Identificação para controlo demográfico e eliminação da sublevação criativa, já chega de nos fazer tomar por parvos, já chega de nos quererem impingir informações erradas, imprecisas ou deturpadas, já chega, já chega, e já chega uma vez mais, e outra, e outra, e outra, caramba!, já chega!, já estamos fartos deste carrossel de mentiras e de ladainhas populistas, já estamos fartos desta imberbe indecisão política, destas medidas economicistas para cadáveres saldarem as dívidas que contraíram há muito, temos que obrigá-los, a eles, e só a eles, a pagá-las todas, nem que para isso tenham que vender um olho, nem que para isso tenham que dar o olho do cu, e mais dez tostões, aqui o euro não vale nada, essa moeda mesquinha de Europa raptada por Zeus, de pernas abertas para todo o comboio europeu da foleirice, e se não nos levantamos contra esta corja, se não lhes damos uns belos tabefes naquelas bochechas descaídas, se não nos descontentamos, se não vamos à luta, se não gritamos aos ouvidos daqueles que não nos ouvem, se não nos mexemos, se não barafustamos, se não arrancamos cabelos à sua falta de imaginação, se não puxamos pela corda da alma, que é infinita, se não lhes lançamos o riso do descrédito, se não lhes cuspimos em cima no antro da ignorância em que se escondem, se não fazemos já isso sem demora, e já significa neste momento, no agora, então estamos a deixar que nos vendam a todos como os escravos que vinham de África, estamos aqui a deixar-nos existir em vez de ser, estamos aqui que nem marionetas a ser manipulados por balofos de charuto cubano em punho, estamos aqui a ser uma corja que em nada se distingue dessa outra manipulação horrenda, dessa história de terror, dessa pedofilia para crianças e gente adulta, dessa falsa piedade devassa, dessa perversão sexual projectada em nós:
HÁ JÁ MUITO TEMPO QUE NOS CONTENTAMOS COM O DIZER SIM A TUDO O QUE NOS IMPINGEM, MAS ESSE TEMPO JÁ TEM OS DIAS CONTADOS, POR ISSO VAMOS, PARA ALÉM DE APRENDER A DIZER NÃO, DIZER NÃO, NÃO E NÃO, E NÃO OUTRA VEZ A TODAS AS BARBARIDADES E A TODOS OS IMPROPÉRIOS QUE LANÇAM PARA CIMA DE NÓS, CHEGA!, CHEGA!, CHEGA!, IRRA, VÃO PARA O INFERNO QUE CRIARAM NO MUNDO, E NUNCA MAIS VOLTEM QUE NINGUÉM VOS ATURA OU QUER SABER DE VOCÊS, DEIXEM A CARCAÇA QUE JÁ ESTÃO MORTOS HÁ MUITO TEMPO, SEJAM DE UMA VEZ POR TODAS O PÓ QUE SEMPRE FORAM, FORA, FORA, FORA DAQUI JÁ!
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
o mundo já foi dominado pela religião, e depois passou a ser dominado pela economia. Hoje em dia é a informação que nos domina através de estatísticas absurdas.
No tempo da religião ser-nos-ia muito difícil conseguir fazer andar o mundo. Ainda assim, houve muitos que o tentaram e conseguiram, e isso aconteceu exactamente porque tentaram apenas mudar-se a si mesmos. O problema era que o acesso à informação era muito restrito, e isso condicionava a aprendizagem individual.
No tempo da economia, ou antes, no tempo do capitalismo estabelecido, é-nos difícil mudar o mundo, mas já mais fácil que anteriormente, a circulação de pessoas e bens é maior, a competição torna-se mais global e globalizada, é possível chegar a um muito maior número de pessoas. Contudo, quem tem à partida o maior capital consegue estabelecer-se melhor a princípio, e estender a sua influência a maiores domínios, apesar de ser necessário gerir esse capital para continuar a ocupar uma posição influente.
No tempo da informação, já se pode mudar o mundo com mais à-vontade. O número de conexões entre pessoas aumenta, assim como as combinações para a transmissão de informação. Mais pessoas têm acesso à informação, mas esta ainda não está depurada o suficiente para que possa produzir o efeito desejado. Contudo, é pela primeira vez possível atingir de uma só vez uma grande quantidade de alvos, sendo ainda possível chegar, através desses alvos, a terceiros, e assim sucessivamente, numa reacção em cadeia. A velocidade de circulação da informação é grande, e o único revés está, por um lado, quando essa informação é excessiva (apesar de contribuir para a adaptação individual a uma maior taxa de captação de estímulos por intervalo de tempo), por outro quando essa informação não é fidedigna - e daí a necessidade de levar a cabo a depuração dessa informação.
A depuração da informação só poderá ser feita por um processo supra-informativo, isto é, por um processo crítico em que cada pessoa possa, por si própria, reconhecer qual a informação fidedigna e qual a informação que nem merece que a ela lhe seja dado esse nome. Como toda a informação, ou estímulo, é interpretado individualmente como um fenómeno, isto é, como uma situação para si, e não como uma situação em si, só depois de aumentado o grau de consciência de cada um poderemos chegar à verdadeira Depuração, a depuração que consiste em, num plano exclusivamente mental, ou conceptual, excluir aquilo que não é fidedigno, isto é, aquilo que se afasta mais da realidade (forçosamente individual, pois a realidade é aquilo que cada um é capaz de sentir), retendo aquilo que é, de facto, fidedigno, ou que mais se aproxima da realidade. Ora, se a realidade é uma construção humana, uma percepção de um acontecimento, ou seja, se estamos a falar em fenómenos, então só o aumento das capacidades perceptivas (tanto em quantidade como em qualidade) poderá ser a única resposta possível para que possamos fazer andar o mundo para a frente.
Mas precisamos de um método, de um conjunto de passos que nos permita a pouco e pouco abrir as portas da percepção a terrenos que hoje nos são desconhecidos. Como fazer isso? Bem, só podemos ir à luta com os instrumentos de que dispomos, visto que aqueles aos quais não temos acesso nos são inúteis de qualquer forma, ou pelo menos de acordo com a nossa actual condição; assim, utilizando os meios de comunicação, já tão desenvolvidos, de que dispomos, podemos utilizar essa enxurrada informativa a nosso proveito: mesmo esse excesso de informação pode permitir nos seres humanos, a menos que tenha uma natureza monocórdica e repetitiva, um processo de adaptação mais rápido aos estímulos que nos chegam do ambiente que habitamos. Assim, mesmo a profusão a que assistimos de dados informativos, pode desencadear processos adaptativos nos seres humanos que os levam a aprender algo mais rápido e melhor. Claro que tudo dependerá da vontade pessoal em aprender, do trabalho que efectivamente utiliza para aprender e também da sua constituição encefálica, de processos de renovação celular neuronal e de processos de expansão neuronal, e provavelmente de taxas de expressão diferencial de genes. Contemplando o físico, a vontade própria, a chamada energia que canalizamos para realizar esta ou aquela tarefa, e ainda a concretização que levamos a cabo, podemos procurar expandir mais rapidamente as nossas possibilidades humanas, e por conseguinte aumentarmos a nossa consciência, ou ampliarmos a nossa inteligência, que mais não é que a capacidade de nos adaptarmos a novas situações pela resolução de problemas.
Este processo já está ocorrendo, ainda que sub-repticiamente, e tendo como bases elementos cuja natureza é ou pode ser perniciosa, mas não deixa ainda de ser mais uma forma de andar para a frente, possamos então todos nós andar assim, e quem possa andar melhor que o ande, pelo menos poderemos chegar mais depressa à meta quando esse ensejo aparecer diante de nós.
Mas como é que se chega a fazer essa depuração? Captar mais estímulos, seja quantitativa ou qualitativamente não chega se não soubermos distinguir os estímulos que se aproximam mais da verdade e aqueles que dela se afastam mais, se é que algo de verdadeiramente verdadeiro ou realmente real existe. É necessário que cada um faça essa depuração, mas como? Primeiro que tudo é necessário saber reconhecer qual a informação que é fidedigna da que não é. Isso só será possível depois de a mesma pessoa ter sido confrontada com diversos estímulos e ter reconhecido quais aqueles que, para ela, se aproximam mais à realidade e quais aqueles que dela se afastam mais. Terá então essa pessoa que ter recebido muitos estímulos desse tipo, e tantos e em tão variada qualidade e quantidade que possa reconher ela própria, e sem ajuda externa, qual a verdadeira natureza, isto é, de que forma a natureza de algo se aproxima mais ou menos daquilo a que chamamos realidade.
Mas como é que uma pessoa pode distinguir e depurar, por si própria, algo como isso? Ninguém pode ensinar-lhe em que consiste a depuração, apenas através da sua própria aprendizagem ela pode chegar, por si própria, a essa compreensão. O referencial em que cada pessoa se move é o referencial que consiste nela própria, e portanto todas as outras coisas que existem, ou que admitimos que existem, são medidas em função desse referencial. Não podemos deixar de ser o que somos, e portanto não podemos nunca e em situação alguma arrancar esse referencial de nós próprios: a única solução a que podemos consiste em assumir esse referencial na sua totalidade, compreendê-lo, estudá-lo muito bem, todas as suas escalas e números, todas as designações e letras, declives e intersecções. Só depois de ter estudado a fundo o referencial poderemos partir para a comparação com objectos que nos são exteriores: todo o objecto, lembramos mais uma vez, é medido em relação a esse referencial.
Portanto, a questão aqui é ficar a conhecer o seu referencial, e não o de outros, pensar por si próprio, chegar às suas conclusões, cometer os seus erros, cair e levantar-se tantas vezes quantas forem preciso até que não se possa cair mais, e daí até que se levite no ar e nunca mais se volte a pisar o chão. Só neste contexto pode cultivar-se a depuração.
A depuração não é mais que um processo de ajustamento por escolhas, isto é, ele consiste numa compreensão do referencial e no ajustamento dos objectos exteriores ao sujeito ao seu próprio referencial. Os objectos que mais se aproximarem daquilo que é a origem ou cerne do sujeito serão esses os ideiais, talvez se possam adoptar uns e outros que escapem mais ou menos daquilo que o sujeito é, mas não muito mais que isso, e apenas tendo em vista a obtenção de outro objecto que seja ainda mais próximo dessa origem do sujeito, a origem do seu próprio referencial.
Mas escolher implica ter a liberdade de escolher, e onde esta liberdade não existir não é possível depurar coisa nenhuma. A liberdade é a maior qualidade que deve ser cultivada, de ser livre de poder fazer o ajuste que se queira, de ser livre de poder escolher o objecto que se queira. Infelizmente vivemos hoje na era da informação, mas, e em contraponto, a nossa economia ainda se rege por um capitalismo inferior, em que o lucro não é distribuído ou disperso, mas sim concentrado. Esse é o grande problema do capitalismo: o capital não circula senão num círculo fechado que se auto-alimenta, e de tal forma a não permitir a existência de uma verdadeira liberdade individual. Porém, este capitalismo inferior também poderá dar origem a um capitalismo que se possa realmente considerar superior, visto que ultrapassa em muito o âmbito do anterior: um capitalismo em que a circulação de capital seja tão rápida que não seja possível definir nenhum percurso preciso do seu caminho, e esta situação já está acontecendo, embora encontrando sempre uma resistência mais aqui ou mais acolá. Para que essa situação se invertesse, os detentores do maior capital deveriam dispersá-lo o mais possível, para que todos pudessem ter livre acesso a qualquer serviço, bastando para isso desejar tê-lo. O progresso tecnológico tem contribuído para este fluxo de capital, que, na verdade, se anda transformando agora em fluxo de informação, talvez num futuro não tão distante se possa substituir o dinheiro pela palavra, ou pela letra, pela quantidade de informação que um texto comporta, e que é infinitamente maior do que qualquer número seco e engravatado, por mais infinito que seja.
Mas mesmo que o dinheiro passe ao nível da palavra, e a palavra seja a nova transacção mundial, não podemos verbalizar tudo aquilo que desejamos ou sentimos, e portanto também essa transacção, temporária, se revelará insuficiente para cumprir esse desejo de centrar definitivamente todos os referenciais com o nosso próprio. Será necessário sonhar ainda mais além, e quando a informação puder fluir de forma tão espontânea como natural, a palavra dará origem ao pensamento, que é energia pura, seja em gradiente de concentrações ou em gradiente de cargas, mas sobretudo em fluxo de ondas electromagnéticas. A esse nível será possível obter qualquer coisa que seja pelo pensamento, estando ele treinado devidamente e preparado para comandar a mais sofisticada maquinaria que o mundo alguma vez viu, incluído todos esses aparelhos de medição e perscrutadores à nano-escala, quiçá pico-escala ou ainda inferior, que isso só o tempo o poderá dizer.
No tempo da religião ser-nos-ia muito difícil conseguir fazer andar o mundo. Ainda assim, houve muitos que o tentaram e conseguiram, e isso aconteceu exactamente porque tentaram apenas mudar-se a si mesmos. O problema era que o acesso à informação era muito restrito, e isso condicionava a aprendizagem individual.
No tempo da economia, ou antes, no tempo do capitalismo estabelecido, é-nos difícil mudar o mundo, mas já mais fácil que anteriormente, a circulação de pessoas e bens é maior, a competição torna-se mais global e globalizada, é possível chegar a um muito maior número de pessoas. Contudo, quem tem à partida o maior capital consegue estabelecer-se melhor a princípio, e estender a sua influência a maiores domínios, apesar de ser necessário gerir esse capital para continuar a ocupar uma posição influente.
No tempo da informação, já se pode mudar o mundo com mais à-vontade. O número de conexões entre pessoas aumenta, assim como as combinações para a transmissão de informação. Mais pessoas têm acesso à informação, mas esta ainda não está depurada o suficiente para que possa produzir o efeito desejado. Contudo, é pela primeira vez possível atingir de uma só vez uma grande quantidade de alvos, sendo ainda possível chegar, através desses alvos, a terceiros, e assim sucessivamente, numa reacção em cadeia. A velocidade de circulação da informação é grande, e o único revés está, por um lado, quando essa informação é excessiva (apesar de contribuir para a adaptação individual a uma maior taxa de captação de estímulos por intervalo de tempo), por outro quando essa informação não é fidedigna - e daí a necessidade de levar a cabo a depuração dessa informação.
A depuração da informação só poderá ser feita por um processo supra-informativo, isto é, por um processo crítico em que cada pessoa possa, por si própria, reconhecer qual a informação fidedigna e qual a informação que nem merece que a ela lhe seja dado esse nome. Como toda a informação, ou estímulo, é interpretado individualmente como um fenómeno, isto é, como uma situação para si, e não como uma situação em si, só depois de aumentado o grau de consciência de cada um poderemos chegar à verdadeira Depuração, a depuração que consiste em, num plano exclusivamente mental, ou conceptual, excluir aquilo que não é fidedigno, isto é, aquilo que se afasta mais da realidade (forçosamente individual, pois a realidade é aquilo que cada um é capaz de sentir), retendo aquilo que é, de facto, fidedigno, ou que mais se aproxima da realidade. Ora, se a realidade é uma construção humana, uma percepção de um acontecimento, ou seja, se estamos a falar em fenómenos, então só o aumento das capacidades perceptivas (tanto em quantidade como em qualidade) poderá ser a única resposta possível para que possamos fazer andar o mundo para a frente.
Mas precisamos de um método, de um conjunto de passos que nos permita a pouco e pouco abrir as portas da percepção a terrenos que hoje nos são desconhecidos. Como fazer isso? Bem, só podemos ir à luta com os instrumentos de que dispomos, visto que aqueles aos quais não temos acesso nos são inúteis de qualquer forma, ou pelo menos de acordo com a nossa actual condição; assim, utilizando os meios de comunicação, já tão desenvolvidos, de que dispomos, podemos utilizar essa enxurrada informativa a nosso proveito: mesmo esse excesso de informação pode permitir nos seres humanos, a menos que tenha uma natureza monocórdica e repetitiva, um processo de adaptação mais rápido aos estímulos que nos chegam do ambiente que habitamos. Assim, mesmo a profusão a que assistimos de dados informativos, pode desencadear processos adaptativos nos seres humanos que os levam a aprender algo mais rápido e melhor. Claro que tudo dependerá da vontade pessoal em aprender, do trabalho que efectivamente utiliza para aprender e também da sua constituição encefálica, de processos de renovação celular neuronal e de processos de expansão neuronal, e provavelmente de taxas de expressão diferencial de genes. Contemplando o físico, a vontade própria, a chamada energia que canalizamos para realizar esta ou aquela tarefa, e ainda a concretização que levamos a cabo, podemos procurar expandir mais rapidamente as nossas possibilidades humanas, e por conseguinte aumentarmos a nossa consciência, ou ampliarmos a nossa inteligência, que mais não é que a capacidade de nos adaptarmos a novas situações pela resolução de problemas.
Este processo já está ocorrendo, ainda que sub-repticiamente, e tendo como bases elementos cuja natureza é ou pode ser perniciosa, mas não deixa ainda de ser mais uma forma de andar para a frente, possamos então todos nós andar assim, e quem possa andar melhor que o ande, pelo menos poderemos chegar mais depressa à meta quando esse ensejo aparecer diante de nós.
Mas como é que se chega a fazer essa depuração? Captar mais estímulos, seja quantitativa ou qualitativamente não chega se não soubermos distinguir os estímulos que se aproximam mais da verdade e aqueles que dela se afastam mais, se é que algo de verdadeiramente verdadeiro ou realmente real existe. É necessário que cada um faça essa depuração, mas como? Primeiro que tudo é necessário saber reconhecer qual a informação que é fidedigna da que não é. Isso só será possível depois de a mesma pessoa ter sido confrontada com diversos estímulos e ter reconhecido quais aqueles que, para ela, se aproximam mais à realidade e quais aqueles que dela se afastam mais. Terá então essa pessoa que ter recebido muitos estímulos desse tipo, e tantos e em tão variada qualidade e quantidade que possa reconher ela própria, e sem ajuda externa, qual a verdadeira natureza, isto é, de que forma a natureza de algo se aproxima mais ou menos daquilo a que chamamos realidade.
Mas como é que uma pessoa pode distinguir e depurar, por si própria, algo como isso? Ninguém pode ensinar-lhe em que consiste a depuração, apenas através da sua própria aprendizagem ela pode chegar, por si própria, a essa compreensão. O referencial em que cada pessoa se move é o referencial que consiste nela própria, e portanto todas as outras coisas que existem, ou que admitimos que existem, são medidas em função desse referencial. Não podemos deixar de ser o que somos, e portanto não podemos nunca e em situação alguma arrancar esse referencial de nós próprios: a única solução a que podemos consiste em assumir esse referencial na sua totalidade, compreendê-lo, estudá-lo muito bem, todas as suas escalas e números, todas as designações e letras, declives e intersecções. Só depois de ter estudado a fundo o referencial poderemos partir para a comparação com objectos que nos são exteriores: todo o objecto, lembramos mais uma vez, é medido em relação a esse referencial.
Portanto, a questão aqui é ficar a conhecer o seu referencial, e não o de outros, pensar por si próprio, chegar às suas conclusões, cometer os seus erros, cair e levantar-se tantas vezes quantas forem preciso até que não se possa cair mais, e daí até que se levite no ar e nunca mais se volte a pisar o chão. Só neste contexto pode cultivar-se a depuração.
A depuração não é mais que um processo de ajustamento por escolhas, isto é, ele consiste numa compreensão do referencial e no ajustamento dos objectos exteriores ao sujeito ao seu próprio referencial. Os objectos que mais se aproximarem daquilo que é a origem ou cerne do sujeito serão esses os ideiais, talvez se possam adoptar uns e outros que escapem mais ou menos daquilo que o sujeito é, mas não muito mais que isso, e apenas tendo em vista a obtenção de outro objecto que seja ainda mais próximo dessa origem do sujeito, a origem do seu próprio referencial.
Mas escolher implica ter a liberdade de escolher, e onde esta liberdade não existir não é possível depurar coisa nenhuma. A liberdade é a maior qualidade que deve ser cultivada, de ser livre de poder fazer o ajuste que se queira, de ser livre de poder escolher o objecto que se queira. Infelizmente vivemos hoje na era da informação, mas, e em contraponto, a nossa economia ainda se rege por um capitalismo inferior, em que o lucro não é distribuído ou disperso, mas sim concentrado. Esse é o grande problema do capitalismo: o capital não circula senão num círculo fechado que se auto-alimenta, e de tal forma a não permitir a existência de uma verdadeira liberdade individual. Porém, este capitalismo inferior também poderá dar origem a um capitalismo que se possa realmente considerar superior, visto que ultrapassa em muito o âmbito do anterior: um capitalismo em que a circulação de capital seja tão rápida que não seja possível definir nenhum percurso preciso do seu caminho, e esta situação já está acontecendo, embora encontrando sempre uma resistência mais aqui ou mais acolá. Para que essa situação se invertesse, os detentores do maior capital deveriam dispersá-lo o mais possível, para que todos pudessem ter livre acesso a qualquer serviço, bastando para isso desejar tê-lo. O progresso tecnológico tem contribuído para este fluxo de capital, que, na verdade, se anda transformando agora em fluxo de informação, talvez num futuro não tão distante se possa substituir o dinheiro pela palavra, ou pela letra, pela quantidade de informação que um texto comporta, e que é infinitamente maior do que qualquer número seco e engravatado, por mais infinito que seja.
Mas mesmo que o dinheiro passe ao nível da palavra, e a palavra seja a nova transacção mundial, não podemos verbalizar tudo aquilo que desejamos ou sentimos, e portanto também essa transacção, temporária, se revelará insuficiente para cumprir esse desejo de centrar definitivamente todos os referenciais com o nosso próprio. Será necessário sonhar ainda mais além, e quando a informação puder fluir de forma tão espontânea como natural, a palavra dará origem ao pensamento, que é energia pura, seja em gradiente de concentrações ou em gradiente de cargas, mas sobretudo em fluxo de ondas electromagnéticas. A esse nível será possível obter qualquer coisa que seja pelo pensamento, estando ele treinado devidamente e preparado para comandar a mais sofisticada maquinaria que o mundo alguma vez viu, incluído todos esses aparelhos de medição e perscrutadores à nano-escala, quiçá pico-escala ou ainda inferior, que isso só o tempo o poderá dizer.
a linguagem é algo fascinante - o estudo dela, científico ou patafísico, é algo que só amplia ainda mais esse fascínio. No caso do Português, esse fascínio é capaz de englobar todo o universo, é extremamente revelador: o significado da palavra partido é fabuloso: um partido é exactamente uma divisão, e cada vez mais partida, em si e dos outros, como ultimamente se tem demonstrado. Os partidos estão cada vez mais partidos, e de tantos fanicos no chão, pisados e repisados por todas aquelas máquinas que cruzam as ruas todos os dias, estão hoje completamente irreconhecíveis, e de tal forma que já não é possível associar às suas políticas, isto é, às políticas que existem, ou que ainda resistem, um resquício de ideologia, apenas aquilo que nos servem em bandeja de latão dessa Máfia Europeia que nos anda a querer controlar a todos de forma socialista e socializada. Não há outro remédio a fazer senão partir todas as televisões, desligar todos os rádios, queimar toda a publicidade, essa propaganda horrorosa que nasceu com os nacionais-socialistas, pegar fogo aos jornais, barrar o acesso à internet, desmembrar antenas parabólicas e cuspir em cima de romances de cordel. Estamos hoje fartos de informação, estamos hoje saturados com desinformação, estamos fartos, fartos, fartos!
Mentir é o que distingue os homens de outros animais. O termo mentira é geralmente depreciativo, mas a criação artística e a invenção científica são mentiras, formas nobres de mentir. Fazer Ciência é construir modelos, é afastar-se dos pormenores irrelevantes do concreto, podar o acessório com a rasoura, ou navalha, de Occam.
Dinis Duarte Pestana
Dinis Duarte Pestana
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Lisboa, vista da margem sul, é um fumo sujo de névoa indistinta que se evola das cabeças dos transeuntes sempre que estes expiram ou chocam sem olhar, um fumo que vai crescendo até formar rolos de nuvens negras que abraçam smog e camadas de ozono troposférico e se vão misturando com os restantes ares que se escapam da ausência interna e que são os ecos dos gritos de almas famintas e moribundas...
Odeio todos os futuros advogados-políticos-gestores-artistas-escritores-médicos que estudaram em Liceus Privados sem sequer se importarem com a escola secundária - o português sempre foi uma língua sem papas - que tinham mesmo à sua frente, e com aqueles que não tendo as mesmas posses em muito os superavam na inteligência.
Razões para gostar do Terreiro do Paço
1. Está voltado para o Tejo
2. É lindíssimo, apesar de cuidadosamente racionalizado - a geometria é uma das proporções divinas
3. Tem uma Praça enorme, livre de empecilhos poluidores
4. Não é nenhum parque automóvel
5. A estátua do Cavaleiro do Quinto Império a olhar o infinito
6. O Arco da Rua Augusta a coroar a Chegada
7. De noite não tem ninguém, o que é óptimo para aqueles que detestam centros comerciais.
etc.
2. É lindíssimo, apesar de cuidadosamente racionalizado - a geometria é uma das proporções divinas
3. Tem uma Praça enorme, livre de empecilhos poluidores
4. Não é nenhum parque automóvel
5. A estátua do Cavaleiro do Quinto Império a olhar o infinito
6. O Arco da Rua Augusta a coroar a Chegada
7. De noite não tem ninguém, o que é óptimo para aqueles que detestam centros comerciais.
etc.
os estudantes universitários deste país andam vergados pelo peso dos encargos que lhes metem em cima por essencialmente duas razões, que juntas fazem uma só: por uma razão capitalista que nos leva a produzir sempre mais independentemente do meio que escolhermos para fazê-lo, mas também por uma noção de ordem sociológica que não existe, para nos impedirem de pensar acerca do que fazem e do que nos andam fazendo.
sábado, 13 de outubro de 2007
terça-feira, 9 de outubro de 2007
sábado, 6 de outubro de 2007
Evolução ou Involução?
Meus amigos,
já vem sendo altura de parar com as barbaridades que se dizem e escrevem acerca de Criacionismo e Darwinismo.
Portanto, enunciamos as seguintes proposições lógicas e matematicamente comprovadas:
DARWINISMO É UMA TEORIA, E COMO TODAS AS TEORIAS PODE E É MUITO PROVÁVEL QUE SEJA ULTRAPASSADA POR OUTRA TEORIA.
EXISTEM ACTUALMENTE VÁRIAS OBSERVAÇÕES CIENTÍFICAS - ATENÇÃO, TRATAM-SE DE OBSERVAÇÕES CIENTÍFICAS E NÃO DE OUTRAS TEORIAS - QUE NÃO SE ENCAIXAM NOS MOLDES DO PARADIGMA DARWINIANO
RELIGIÃO NÃO É SINÓNIMO DE INSTITUIÇÃO RELIGIOSA
RELIGIÃO NÃO É SINÓNIMO DE RELIGIÃO CATÓLICA
NÃO EXISTE SÓ FANATISMO RELIGIOSO, EXISTE TAMBÉM, E EM GRANDE QUANTIDADE, FANATISMO CIENTÍFICO
A RELIGIÃO É A FÉ EM ALGO MAIS, A CIÊNCIA É A FÉ NA RAZÃO. PORTANTO, AMBAS SÃO DUAS FORMAS DE CRENÇA QUE NÃO SE DISTINGUEM EM NADA NA SUA ATITUDE PERANTE A VIDA, APENAS NO OBJECTO DA SUA FÉ.
já vem sendo altura de parar com as barbaridades que se dizem e escrevem acerca de Criacionismo e Darwinismo.
Portanto, enunciamos as seguintes proposições lógicas e matematicamente comprovadas:
DARWINISMO É UMA TEORIA, E COMO TODAS AS TEORIAS PODE E É MUITO PROVÁVEL QUE SEJA ULTRAPASSADA POR OUTRA TEORIA.
EXISTEM ACTUALMENTE VÁRIAS OBSERVAÇÕES CIENTÍFICAS - ATENÇÃO, TRATAM-SE DE OBSERVAÇÕES CIENTÍFICAS E NÃO DE OUTRAS TEORIAS - QUE NÃO SE ENCAIXAM NOS MOLDES DO PARADIGMA DARWINIANO
RELIGIÃO NÃO É SINÓNIMO DE INSTITUIÇÃO RELIGIOSA
RELIGIÃO NÃO É SINÓNIMO DE RELIGIÃO CATÓLICA
NÃO EXISTE SÓ FANATISMO RELIGIOSO, EXISTE TAMBÉM, E EM GRANDE QUANTIDADE, FANATISMO CIENTÍFICO
A RELIGIÃO É A FÉ EM ALGO MAIS, A CIÊNCIA É A FÉ NA RAZÃO. PORTANTO, AMBAS SÃO DUAS FORMAS DE CRENÇA QUE NÃO SE DISTINGUEM EM NADA NA SUA ATITUDE PERANTE A VIDA, APENAS NO OBJECTO DA SUA FÉ.
sexta-feira, 5 de outubro de 2007
A vida não é nossa, nem nos pertence, e por isso morremos. Quando o último dia do empréstimo se finda, e regressamos então a Casa para que possamos pagar aquilo que em vida não tenhamos pagado. Se tivermos amealhado riqueza enquanto vivos, pode ser que, mesmo depois de pago o empréstimo, nos sobre algum. Se isso acontecer, podemos ainda comprar um bom lugar na morte, quiçá um lugar no Assento da Eternidade. Mas se a riqueza nos falta, ai de nós que até na morte teremos que pagar o empréstimo, e desta vez com juros acumulados.
Cada homem está sujeito a duas grandes forças: a força que as ideias do seu tempo exercem sobre ele para que ele se mantenha igual a elas próprias e a força que as suas próprias ideias exercem sobre ele para que ele se mantenha igual ao que é. Se as primeiras são mais fortes que as segundas, então o homem torna-se em mais uma roda dentada da grande engrenagem social. Se as segundas se conseguem sobrepor às primeiras, então o homem torna-se naquilo que realmente é, mesmo que tenha que sacrificar a sua vida inteira para consegui-lo.
Ode ao Tempo Modernizado
Ah, maravilhosa vida das grandes cidades,
Vida em que todos se cruzam e ninguém se fala,
Vida amorfa e vegetativa, como a da máquina ensebada,
Vida de engrenagens e rodas dentadas da rotina,
Vida socialista e tumba do indivíduo,
Asfixia da liberdade e prazer do indistinto,
Morte da vida completa, grande e libertada,
Rua onde todos se olham e ninguém se vê,
Desconhecimento de si, do outro e de todos,
Competição darwiniana por um pedaço de nada,
Luta pela sobrevivência quando a vida já foi há muito esquecida,
Charco de água estagnada que só sabe lançar seu fedor para as alturas desconhecidas,
Prazer de mortificação apagada, de falta de luz na rua, de camisa-de-força exangue...
O homem moderno já não vive, apenas sobrevive.
Apenas vive sobre a vida, e já não no cerne dela,
limita-se a passar-lhe por cima sem nunca se sentir uno nela,
limita-se a dar-lhe um tímido olhar fugidio enquanto o empurram pela passadeira rolante da linha de montagem,
é um filho do seu tempo que nasceu morto ainda antes de ser parido.
Vida em que todos se cruzam e ninguém se fala,
Vida amorfa e vegetativa, como a da máquina ensebada,
Vida de engrenagens e rodas dentadas da rotina,
Vida socialista e tumba do indivíduo,
Asfixia da liberdade e prazer do indistinto,
Morte da vida completa, grande e libertada,
Rua onde todos se olham e ninguém se vê,
Desconhecimento de si, do outro e de todos,
Competição darwiniana por um pedaço de nada,
Luta pela sobrevivência quando a vida já foi há muito esquecida,
Charco de água estagnada que só sabe lançar seu fedor para as alturas desconhecidas,
Prazer de mortificação apagada, de falta de luz na rua, de camisa-de-força exangue...
O homem moderno já não vive, apenas sobrevive.
Apenas vive sobre a vida, e já não no cerne dela,
limita-se a passar-lhe por cima sem nunca se sentir uno nela,
limita-se a dar-lhe um tímido olhar fugidio enquanto o empurram pela passadeira rolante da linha de montagem,
é um filho do seu tempo que nasceu morto ainda antes de ser parido.
Caracterização Patológica da discoteca
Sabendo que:
- as sensações visuais e auditivas são aquelas a que atribuímos maior relevância;
- as sensações visuais e auditivas são aquelas que se encontram mais desenvolvidas no humano que habita uma sociedade de informação em massa;
Então, a discoteca é um local duplamente prejudicial à saúde humana porque:
- é um local de sobrestimulação dos sensores visuais e auditivos do ser humano, o que significa que a taxa a que se sucedem os estímulos é mais elevada do que a taxa à qual estes estímulos podem ser captados e processados pelo encéfalo humano, atingindo-se portanto após um curto intervalo de tempo uma alienação sensitiva;
- é um local de subestimulação dos sensores do ser humano, o que significa que a sobrestimulação provoca a canalização dos neurotransmissores para a descodificação das mensagens visuais e auditivas, tornando-os não acessíveis ao processamento conscientemente das informações recebidas de outros estímulos não repetitivos. Assim, potencia-se a apatia generalizada, o comportamento esquizofrénico e a epilepsia colectiva.
- as sensações visuais e auditivas são aquelas a que atribuímos maior relevância;
- as sensações visuais e auditivas são aquelas que se encontram mais desenvolvidas no humano que habita uma sociedade de informação em massa;
Então, a discoteca é um local duplamente prejudicial à saúde humana porque:
- é um local de sobrestimulação dos sensores visuais e auditivos do ser humano, o que significa que a taxa a que se sucedem os estímulos é mais elevada do que a taxa à qual estes estímulos podem ser captados e processados pelo encéfalo humano, atingindo-se portanto após um curto intervalo de tempo uma alienação sensitiva;
- é um local de subestimulação dos sensores do ser humano, o que significa que a sobrestimulação provoca a canalização dos neurotransmissores para a descodificação das mensagens visuais e auditivas, tornando-os não acessíveis ao processamento conscientemente das informações recebidas de outros estímulos não repetitivos. Assim, potencia-se a apatia generalizada, o comportamento esquizofrénico e a epilepsia colectiva.
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
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