segunda-feira, 31 de março de 2008
WE ARE THE ROBOTS
we are the robots
we are the teachers
we are the robots
we are the players
we are the robots
we are the robots
we are the robots
we are the robots
we are the men
we are the robots
we are the women
we are the robots
we are the people
we are the robots
we are the robots
we are the robots
quinta-feira, 27 de março de 2008
quarta-feira, 26 de março de 2008
Tratado sobre as relações humanas
segunda-feira, 24 de março de 2008
sábado, 22 de março de 2008
Bolero
Les uns et les outres par Maurice Ravel
Para não perder de vista a onda impressionista que tantas vezes surge, e tão comum ao poeta, a impressão das horas que passam, do tempo que fica, enfim, a impressão de que se é um ser, algo único, inexplicável no mundo, aqui fica o magnífico Bolero de Maurice Ravel, música que é conhecidíssima mas que, pese a minha ignorância, que é funda, só descobri há não muito tempo, e pela mão desse Grande Homem que é o Professor Eduardo Crespo. Referia-se o Senhor então a uma questão central da Imunobiologia, a diferenciação do eu em relação ao não-eu, ou a relação do eu com o outro, a dança do um que se faz dois. O como aí está. Enjoy.
o pintor que era poeta
Naquele pique-nique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde
c'est
l'impressioniste
Monet
quarta-feira, 19 de março de 2008
eis a mestria de Cesário Verde
III
Ao entardecer debruçado pela janela,
E sabendo de soslaio que há campos em frente,
Leio até me arderem os olhos
O livro de Cesário Verde.
Que pena que tenho dele! Ele era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
Mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas pessoas,
É o de quem olha para as árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos...
Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem não anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros...
Alberto Caeiro
Demasiado objectivo? Nunca é demais salutar. Cesário Verde andava olhando para as coisas e reparando realmente nelas. Os outros só reparavam naquilo que queriam ver. Onde uns viam só jornalistas, burguesias e mordomias via o Cesário a rude e graciosa força do campo, a energia sadia que emanava das frontes das mulheres que vendiam hortaliça e fruta. Não admira que tenha sido malquisto na sua altura: ninguém o entendia. Falavam línguas de mundos opostos. Ele, via só o que via. Os outros, viam aquilo que tinham na cabeça. E pior que ver o que tinham na cabeça, eles viam as ideias com que a tinham forrado para deixar de ver. Neste aspecto é Cesário a personificação do filósofo que se liberta do escuro da sua caverna. E não só ele se liberta porque vê: ele procura também libertar os outros, e por isso escreve. Inspiração que dá na alma ou inclinação para as Letras, cumpria-se vendo e escrevendo o que via. Pena é que poucos conseguissem ver a realidade tão bem como ele sobre ela discorria.
Mas nem só de real vive o homem, e Cesário sabia isso muito bem. Contemporâneo das estéticas realistas, Cesário vai beber inspiração nelas para recriar pela palavra o real quotidiano; é contudo mais importante a atitude que o poeta imprime de seguida no cerne desse real observável: a transfiguração imaginadora. Cesário parte do real para transcendê-lo; não o apresenta apenas segundo aquilo que é directamente observável, procura mesmo transformar o comum e o ordinário numa obra de arte, numa fonte de contemplação estética. Assim que um determinado elemento do quotidiano, observável, lhe entra pelos olhos dentro e consegue esbarrar na fronteira entre observado e sonhado, a sua imaginação transmuta a realidade e dá-lhe mesmo a dimensão do sonho. Poder-se-á dizer que a realidade é transmutada, exactamente como num processo alquímico, do mais vil metal para o metal mais precioso; ou que o sonho que vive à larga na imaginação é transposto para esse mesmo real observável, e é na realidade que se cumpre - ainda que apenas no plano conceptual que é o ventre de todos os ideais. Tais elementos não são comuns a um paradigma estético como o do Realismo: para os realistas, só aquilo que é directamente observável, ou do qual se pode ter experiência directa pelos cinco sentidos exteriores, importa contemplar. Assim, Cesário abrange não só o seu paradigma estético incluindo elementos marcadamente impressionistas - e impressionistas aqui enquanto derivantes da impressão subjectiva e individual, única, da imaginação do poeta - como também o paradigma estético vigente naquilo que ao poeta era contemporâneo. Cesário mostra-se, portanto, tão homem do seu presente - o observável - como do futuro - a imaginação - , e transcende tanto no plano literário como no plano da sua própria vida física os cânones que limitam cada indivíduo a expressar-se do melhor modo que se acha seu em cada momento.
terça-feira, 18 de março de 2008
Estatística
(em Portugal continental
e nas ridentes,
verdes e calmas
ilhas adjacentes)
uns seis milhões e tantas mil almas.
Assim se lia
no meu livrinho de Corografia
de António Eusébio de Morais Soajos.
Hoje, graças aos progressos da Higiene e da Pedagogia,
já somos quase dez milhões de gajos.
António Gedeão
de-li-ci-o-so este poema. E é tudo verdade nele. Só é pena que sejamos cada vez mais hoje apenas uns dez milhões de gajos, e não as pessoas singulares e únicas que nascemos...
domingo, 16 de março de 2008
Exegese pessoana
sábado, 15 de março de 2008
Obra poética de António Gedeão
OS MELHORES POEMAS
por ordem de aparição:
Movimento Perpétuo (1956)
- Impressão digital
- Forma de inocência
- Gota de água
- Pedra Filosofal
Teatro do Mundo (1958)
- Poema do homem só
- Autobiografia
- Poema de pedra lioz
- Calçada de Carriche
Máquina de Fogo (1961)
- Dia de Natal
- Lágrima de preta
- Poema do autocarro
- Poema da auto-estrada
Linhas de Força (1967)
- Lição sobre a água
- Poema do fecho éclair
- Poema da buganvília
- Poema da flor proibida
- Poema da morte na estrada
- Poema dos passarinhos antigos
- Poema da terra adubada
- Poema do poste com flores amarelas
- Poema do alegre desespero
- Poema da morte aparente
- Hora H
4 Poemas da gaveta
- Estatística
Poemas Póstumos (1983)
-
Novos Poemas Póstumos (1990)
- Poema da mulher dos cabelos brancos
- Poema dos homens distantes
- Poema do gato
- Poema do eterno retorno
Poema do autocarro
de pânico terror!
Quantos ventres aflitos!
Quantos milhões de litros
do movediço amor!
Quantos!
Quantas revoluções na cósmica viagem!
Quantos deuses erguidos! Quantos ídolos de barro!
Quantos!
Até eu estar aqui nesta paragem
à espera do autocarro.
E aqui estou, realmente.
Aqui estou encharcado em sangue de inocente,
no sangue dos homens que matei,
no sangue dos impérios que fiz e que desfiz,
no sangue do que sei e que não sei,
no sangue do que quis e que não quis.
Sangue.
Sangue.
Sangue.
Sangue.
Amanhã, talvez nesta paragem de autocarro,
numa hora qualquer, H ou F ou G,
uns homens hão-de vir cheios de medo e sede
e me hão-de fuzilar aqui contra a parede,
e eu nem sequer perguntarei porquê.
"Mas..."
Não há mas.
Todos temos culpa, e a nossa culpa é mortal.
"Mas eu só faço o bem, eu só desejo o bem,
o bem universal,
sem distinguir ninguém."
Todos temos culpa, e a nossa culpa é mortal.
Eles virão e eu morrerei sem lhes pedir socorro
e sem lhes perguntar porque maltratam.
Eu sei porque é que morro.
Eles é que não sabem porque matam.
Eles são pedras roladas no caos,
são ecos longínquos num búzio de sons.
Os homens nascem maus.
Nós é que havemos de fazê-los bons.
Procuro um rosto neste pequeno mundo do autocarro,
um rosto onde possa descansar os olhos olhando,
um rosto como um gesto suspenso
que me estivesse esperando.
Mas o rosto não existe. Existem caras,
caras triunfantes de vícios,
soberbamente ignaras
com desvergonhas dissimuladas nos interstícios.
O rosto não existe.
"Procura-o."
Não existe.
"Procura-o.
Procura-o como a garganta do emparedado
procura o ar;
como os dedos do homem afogado
buscam a tábua para se agarrar."
Não existe.
"Vês aquele par sentado além ao fundo?
Vês?
Alheio a tudo quanto vai pelo mundo,
simboliza o amor.
Podia o céu ruir e a terra abrir-se,
um chuva de lodo e sangue arrasar tudo
que eles continuariam a sorrir-se.
Não crês no amor?"
?
"Não ouves?"
?
"Não crês no amor?"
Cala-te estupor.
Tenho vergonha de existir.
Vergonha de aqui estar simplesmente pensando,
colaborando
sem resistir.
Disso, e do resto.
Vergonha de sorrir para quem detesto,
de responder pois é
quando não é.
Vergonha de me ofenderem,
Vergonha de me explorarem,
Vergonha de me enganarem,
de me comprarem,
de me venderem.
Homens que nunca vi anseiam por resolver o meu problema concreto.
Oferecem-me automóveis, frigoríficos, aparelhos de televisão.
É só estender a mão
e aceitar o prospecto.
A vida é bela. Eu é que devia ser banido,
expulso da sociedade para que a não prejudique.
Hã?
Ah! Desculpe. Estava distraído.
Um de quinze tostões. Campo de Ourique.
António Gedeão
sexta-feira, 14 de março de 2008
e um dia vais ser tu, um homem como tu
os fabulosos Ornatos Violeta ...saudade
Para nos lembrar que o Amor é uma doença
Em que nele julgamos ver a nossa cura.
quarta-feira, 12 de março de 2008
O amor existe por si, somente por si próprio, e independentemente de qualquer relação que se possa estabelecer. São as pessoas que estabelecem as relações, e como todas as coisas que são geradas pelas pessoas, as relações estão sujeitas aos constrangimentos do tempo e do espaço que vigoram no mundo em que vivemos. E exactamente porque estão sujeitas a esses constrangimentos, seguem o fim inexorável de todas as coisas: a desagregação. Sendo a relação algo que foi gerado, sendo portanto alguma espécie de contrato social que foi celebrado entre pessoas que se encontram a viver numa dada sociedade para benefício mútuo e próprio, então é inevitável que esse contrato, enquanto algo material - enquanto algo que é material na sua substância, digamos assim - , se desagregue como acontece com qualquer outro objecto cuja existência é exclusivamente material.
Um exemplo bastante claro da diferença que existe entre amor e relação é o existirem pessoas que se amam mesmo encontrando-se separadas por uma grande distância - física - entre si. Os constrangimentos espácio-temporais não podem diminuir ou aumentar o amor que essas duas pessoas sentem entre si, se ele existe; o amor tem, portanto, uma substância que está acima desses constrangimentos. Mas esses mesmos constrangimentos espácio-temporais podem condenar a relação entre essas duas pessoas, já que a relação é algo material que se constrói entre duas pessoas e que tem que ver com a organização do seu espaço e do seu tempo - ambos materiais - às contigências de uma vida conjunta. Não é possível desenvolver ou construir sequer uma relação se essas duas pessoas não vivem uma vida conjunta, isto é, se não habitam a mesma casa, ou se não se vêem frequentemente; em suma, se não concretizam o amor que sentem em algo material ou físico. A impossibilidade de concretização de um ideal, seja ele qual for, acarreta na alma humana uma grande angústia, pois priva o corpo - a parte daquilo que somos que sentimos como mais real - da consagração de toda a plenitude que o amor puramente espiritual - da alma - permite experienciar.
Por um lado, a contemplação que o amor puramente espiritual proporciona é suficiente para que se viva uma vida muito rica, pese embora a grande angústia que uma situação como essa provoca na alma devido à ausência de concretização. Por outro lado, essa mesma concretização do amor na relação - qualquer que seja o seu tipo - não traz um verdadeiro sentimento de completude: se é verdade que sara muitas das angústias da alma, não é menos verdade que introduz outras de ainda mais difícil resolução. As angústias da alma que derivam da não concretização do amor são saradas, é certo; mas é preciso notar que a concretização do amor, enquanto acto físico, está não menos sujeito às constrições espácio-temporais do que um qualquer tipo de relação. Assim, e ao contrário da contemplação do amor puramente espiritual - cuja substância é imperecível - , a concretização do amor enquanto acto físico tem uma natureza perecível, ou finita. É por essa razão que traz novas e mais fortes angústias à alma: qualquer concretização do amor terá um início e um fim, visto que, enquanto objecto puramente físico, está, como todos os objectos físicos, sujeita à desagregação. A angústia que nasce na alma e que deriva da inexistência de concretização do amor dá lugar então a uma angústia - ainda mais intensa - que deriva da constatação da impossibilidade de concretização imperecível do amor puramente espiritual. Perante esta escolha - entre a contemplação do amor puramente espiritual e a concretização material do amor puramente espiritual - , escolha esta que todos nós somos obrigados a fazer, só poderá surgir como sensato escolher a contemplação do amor puramente espiritual. Na verdade, entre escolher uma angústia da alma suave (ou suportável) ou uma que nos atormenta muitas vezes mais (e que pode chegar ao ponto de se tornar insuportável), o caminho mais sensato a seguir é aquele que nos leva à maior realização pessoal, e portanto à completude, mesmo se com isso temos que carregar a cruz da não concretização do amor puramente espiritual.
Como as diferenças entre a contemplação puramente espiritual do amor e a concretização material desse amor nos permitem explanar qual a diferença de qualidade entre o amor e a relação, pode-se notar ainda outro corolário desta exposição: a relação - seja de que tipo for - , exactamente por ser a concretização material e finita do amor puramente espiritual, está também condenada à desagregação. Assim, a manutenção indefinida de qualquer relação entre duas pessoas não é natural; é mesmo contrária à própria natureza dos objectos materiais (que estão sujeitos à desagregação). Assim, como se explica a existência dos casamentos, mesmo sabendo que a sua natureza finita - pois que de um tipo de relação se trata - os conduz inexoravelmente à desagregação? Só podemos explicar este tipo excepcional de relação se considerarmos a existência de contratos sociais: cada uma das partes envolvidas neste contrato abdica de uma porção da sua liberdade individual para tornar essa relação o mais duradoura possível (e é necessário lembrar que nem mesmo neste caso se pode dizer que a relação superou os constrangimentos espácio-temporais: a morte física põe fim a qualquer tipo de relação que possamos estabelecer em vida).
Tratado sobre as relações humanas
terça-feira, 11 de março de 2008
E para não dizerem que aqui só se reitera a maledicência, proclama-se:
E porque não adaptar o musical "HAIR" para um palco português?
Está lançado o repto, e agora se houver alguém com capacidade para fazê-lo que o faça!
segunda-feira, 10 de março de 2008
Let the sunshine in
para provar que há coisas que não estão sujeitas às leis do tempo e do espaço, mas que vivem simplesmente, para sempre.
HAVIA UMA SIBILA ANTIGA
Ode ao Pedro Nunes
Fora do Liceu Pedro Nunes, fora do Liceu Camões, fora do Liceu Passos Manuel, fora do Colégio Luso-Francês, fora do Colégio Luso-Alemão, fora do Colégio Luso-Chinês, fora do Colégio Luso-Britânico, fora do Colégio Militar-e-Demente, fora do Cu-Légio e do Cu-Régio, fora desses e de todos os outros pedincham moribundos quintiliões, quatriliões, triliões, biliões, milhões e milhares de escolas de segunda, terceira, quarta e quinta categoria de quem não reza a história. O Fernando Rosas não andou lá. O Presidente da República nunca cortou lá uma fita. A Ministra da Educação nunca deu lá um peido. E, portanto, conclui-se facilmente que tudo o resto não é nada. Pena é que o resto seja, afinal, tudo. Enquanto não levarmos a instrução a todas as escolas não haverá nada, e continuará a não haver nada. Enquanto houver um aluno que não puder aprender teatro não descansaremos. Enquanto houver um aluno que não puder aprender a tocar um instrumento não descansaremos. Enquanto houver um aluno que não puder aprender cantar não descansaremos. Enquanto houver um aluno que queira concretizar a sua liberdade de alguma maneira e isso lhe for negado pela instituição que o deveria livremente instruir segundo a sua vontade, não descansaremos; e não nos cansaremos de deitar abaixo todos os muros do medo, todos os muros da ignorância, todos os muros da falsidade e da hipocrisia; não nos cansaremos de deitar abaixo a poeira com que nos querem cegar os olhos; não nos cansaremos de destruir as cátedras e os doutores; não nos cansaremos de deitar abaixo as paredes do Liceu Pedro Nunes para que o Liceu Pedro Nunes seja o mundo inteiro, e para que todos possam ter acesso livre e segundo a sua vontade àquilo que ciosamente se enclausura, se oprime e se comprime em liceus etiquetados. Abaixo o Pedro Nunes! Abaixo o Camões! Abaixo as paredes com que nos querem asfixiar! Nunca e jamais nos renderemos de acreditar.
domingo, 9 de março de 2008
quarta-feira, 5 de março de 2008
terça-feira, 4 de março de 2008
Sermão do Tempo e do Espaço
Homens do século XXI
Agostinho da Silva
Boris Vian
Fernando Pessoa
Leonardo Da Vinci
Mozart
Platão
Porque é que só são incluídos aqui estes? Olha, primeiro porque agora não me lembro de mais, e cada um se vai lembrando do que pode conforme as suas posses; e depois porque estamos a falar de homens dos séculos que ainda estão por vir, e como sabemos o que irá estar em causa nos próximos séculos - e que começa a despontar agora neste nosso novo século XXI - é a capacidade de um só homem, uma só pessoa, um só ser completamente único e fantástico e diferente de todos os demais conseguir, em si mesmo, concentrar os mais variados, distintos e contraditórios saberes e, não contente com isso apenas, reunir todos no seu entendimento para que possa expressar em plena liberdade a ideia que lhe aparece em cada momento. E essa é que vai ser a educação - educação não, perdão, a INSTRUÇÃO - do Futuro, a verdadeira maneira de viver a cultura como tanto português ao longo dos tempos já sonhou para o Portugal.
segunda-feira, 3 de março de 2008
o único critério verdadeiramente interessante e válido para justificar a compra de um qualquer filme ou série consiste em escolher apenas os objectos de arte que, por mais vistos ou revistos que sejam, nunca percam em si o seu valor e em nós o nosso interesse. A única coisa pela qual vale a pena lutar é a perpetuação do espanto que surge no prazer em descobrir.
O único senão está no desconhecermos um objecto de arte e não sabermos se ele vale realmente a pena. Assim, propõe-se aqui que se procure primeiro conhecer o homem ou mulher que dá vida a esse objecto de cultura; se ele ou ela for realmente interessante, então será uma boa aposta comprar aquilo que ele produz como objecto de cultura.
E como também há excepções a essa regra, e aqui não nos referimos à comum fatalidade de um homem ser muito mais do que a sua obra, resolvam-se as dúvidas da seguinte maneira: consuma-se o que se tiver que consumir, de forma indiscriminada, ou à luz do que a nossa intuição ou sensibilidade nos dizem, ou até da sensibilidade daqueles que realmente a têm, e só depois então se proceda à compra.
Elevem-se os padrões de exigência.
Não queremos aqui mais matracas como o Saramago que dizem a mesma coisa over and over again nos seus romances: queremos a pura espontaneidade, a liberdade dum Luiz Pacheco, a imaginação dum Italo Calvino, o surrealismo dum Ionesco, a cagança dum Cesariny.