terça-feira, 11 de setembro de 2007

onde é que está a crítica?

o que é preciso para se saber criticar não é ter-se lido muito ou visto muita coisa. O que é absolutamente necessário é ter a visão interior, the inner eye. Essa é a substância de sensibilidade que existe em cada um de nós e que faz com que, ao captar um qualquer estímulo do meio exterior por algum dos nossos sentidos interiores, o consigamos lapidar de tal forma que a nossa marca pessoal e individual está presente indelével e inequivocamente nesse objecto que é então por nós transformado. E essa transformação verdadeiramente alquímica só é levada a cabo se, de facto, o objecto transformado não pode, em contexto algum, ser separado da pessoa, dessa função matemática infinitamente complexa e não verbalizável, se o objecto passa a existir não só no seu plano finito, puramente físico ou material, mas se a ele tem o cuidado de impregnar a sua face material com uma plenitude de múltiplas dimensões, infinitamente ampliadas como num caleidoscópio e de tal forma que a finitude desse objecto físico é transcendida, ou ultrapassada, até chegar ao plano surreal da imaginação criadora. Aí, o objecto sacrifica na sua mensagem qualquer resquício de contenção e passa a ser apenas uma ideia, um conceito puro, um plano unicamente mental de significados, metáforas e imagens. E quando esse objecto morre para que do singular possa vivificar-se do Um ao Todo, então aí até o seu mais pequeno átomo de consciência reverbera todo o Logos que faz dele o próprio universal.

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