sábado, 22 de setembro de 2007

Morangos cada vez mais azedos com quilos de adoçante sintético em cima

Múmias acéfalas da TVI: quando é que percebem que não vale de nada meterem pessoas que são excelentes actores assim-assim misturados com modelos canastrões, quer dizer, com canastrões que só servem para posar nus para umas quantas playboys e playgirls? (e fique claro que alguns nem sequer para isso servem...) Isso só serve para acentuar as assimetrias, aliás por demais óbvias, entre o gato-pingado-que-não-tem-onde-cair-morto-ou-que-tem-a-mania-das-grandezas-ou-de-Hollywood-ou-lá-como-se-chama e o actor-que-até-faz-umas-coisinhas-mas-como-o-teatro-em-Portugal-não-dá-para-sobreviver-tem-que-fazer-uns-biscates-na-primeira-coisa-que-aparecer-e-que-dá-dinheiro. Não combina.

Mas o que acho mais ridículo é o facto de um dos tais gatos-pingados (pelo menos um, que tenha reparado, mas se calhar até há mais) ser um badameco que tinha até há bem pouco tempo um programa pseudo-intelectualóide na RTP2 chamado P.I.C.A. onde ele, e mais uns quantos gatos-pingados, tentavam, e vou sublinhar bem, tentavam construir alguma coisa que fosse um bocadinho melhor que os "Morangos Com Adoçante, quer dizer, Açúcar". E o que é incrível é que o tal programa era um bocadinho melhor (pequeno, mas não desprezável) que os frutos rubros de estufa (agora eles vão começar a ser mesmo de estufa, nas estações frias não há morangos naturais para ninguém). Mais incrível que isso era o facto de que eles, nesse programa magnífico, troçavam de programas como os "Morangos com Adoçante, ups, Açúcar". É caso para dizer que lhes ficava melhor não ter dito que não haviam de beber desta água, é que agora já nem passam sem ela. Porque é que será que este súbito aparecimento na TVI se deu apenas depois de um também súbito desaparecimento da RTP2? Coincidências do destino...

2 comentários:

Maria del Sol disse...

Nem de propósito voltamos a abordar em simultâneo os problemas das crises geracionais, nos nossos respectivos blogs (passe outra vez a publicidade!).

Enquanto os fedelhos imberbes (com ou sem preocupações pseudo-intelectuais, pois já se viu que na hora de receber o ordenado são todos da mesma laia) recitam mal e porcamente a mensagem encomendada para estupidificar mais uns milhares de tele-dependentes, a vida real, tal como o prova a sondagem da Visão desta semana, mostra que os que são apenas dez anos mais velhos que a maioria deles, na casa dos 30, tem preocupações bem mais sérias que a marca de ténis dos "dreads" ou a discoteca dos "betos".
Além da omnipresente pressão fiscal , estamos a preparar as gerações com maior indiferença política que o país pós-25 de Abril jamais conheceu. Até quando?

Todo este discurso soa a "velho do Restelo", mas quem é que ainda acredita em fantasias (ou frutos) edulcorados?!

Cumprimentos

Daniel disse...

Mas olha que também há muitos bons trintões que não fazem nem a metade de alguns adolescentes. Não podemos generalizar, embora a estatística, apesar de artificial, nos permita deduzir algumas coisas, ainda que apenas por comparação com a realidade. Não digo que haja maior indiferença política, mas sim um maior desacreditar na política. E isso também é culpa dos políticos (sim, eles também têm vindo a consumir mais fruta edulcorada fora de época), não é só culpa da sociedade das multidões ou dos 15 minutos de fama. Nada melhor para ilustrar o que se passa actualmente que analisar o resultado do tão badalado concurso "Grandes Portugueses". Como disse o Fernando Dacosta, e muito bem, não se trata de estarmos a viver um regresso do salazarismo (apesar de todos os portugueses sal-azarentos que por aí andam), a verdade é que estamos a viver as consequências sociais de vivewr sob a alçada de uma classe política que prometeu tirar-nos do obscurantismo salazarista mas que pouco ou nada fez para que isso se concretizasse, apenas mudou a farpela para o chamado Grande Desígnio Europeu, ou o Temos Que Igualar A Europa Para Sermos Alguém No Mundo... o que é uma profunda falta de inteligência. As pessoas estão descontentes? Olha, também não admira! Mas o problema não é estar-se descontente, isso todos estamos, o problema é que ninguém faz realmente alguma coisa para sairmos do buraco para onde nos andam a atirar desde o 25 de Abril! Na minha posição de Banqueiro Anarquista admito que não podemos fazer nada pela actual condição dos outros: têm que ser os outros a mudar para que o mundo possa mudar por completo. Mas talvez se me mudar a mim, se conseguir fazer algo por esse caminho, talvez possa mostrar, pelo menos a quem o sabe ver, que é possível mudar, que é possível viver e ser aquilo que se é. E contar a história. E, no fundo, é isto tudo que nós somos: uns contadores de histórias. É a única coisa que podemos fazer. Portanto, continua a contar as tuas e pode ser que um dia aconteça (mais) alguma coisa.

Saudações.