sábado, 27 de janeiro de 2007

os portugueses têm um papel importante na criação das condições para o desenvolvimento do potencial de cada pessoa. É que os portugueses são descobridores por natureza. Há neles um gene qualquer que os faz ser curiosos acerca do mundo que os rodeia, e acerca eles próprios. E por isso é que nasceram os descobrimentos, uma pessoa fez uma pergunta, e então será que haverá algo mais por ali, foi pensando e deixando levar-se pelo ar do pensamento puramente mental, e acabou criando uma empresa notável, que chegou aos quatro cantos do mundo, digamos assim, se ele os tivesse, mas como os não tem, foi ele pelo mundo afora e tocou em todos os pontos da nossa pequena esfera achatada pelos pólos. Por isso há algo mais que une todos esses sítios, de uma forma que ninguém consegue explicar, e esse algo mais é o toque que os portugueses lá deixaram. O que existe é um referencial comum, uma cultura comum a vários povos com diferentes costumes e línguas, religiões e filosofias, mas todos eles conviveram com os portugueses, e com eles tomaram contacto. E isso acho que, só por si, é um facto extraordinário.

por outro lado, esse papel tão importante não se trata de aproximar fisicamente as culturas, ou as pessoas, mas também de aproximar cada um de si, do que cada um realmente é, e daquilo que pode ser. E quando se trata disso, de fazer, as palavras já não chegam. O que é preciso é ir ao encontro dessas coisas que andam pairando no ar à espera de serem descobertas, e já que o português tem jeito para isso, deixemo-lo ir à sua vida, pois que esta é que é a sua verdadeira razão de viver.

mas para isso ele não pode nem deve ter quaisquer restrições que lhe impeçam de concretizar neste plano físico aquilo que já tanto, e com tanta força, foi sonhado por todos. O português deve procurar libertar-se de todos os referenciais, de todos os padrões, ou normas, taxativas, que lhe queiram impor um código de barras para o poderem passar no supermercado. Passado o obstáculo das peias, e transposta a norma, que será sempre por uma transgressão, um corte, que é coisa que essas gentes britânicas de sua pontualidade não entendem, é preciso ainda alguma ordem, que mais não é que a ordem necessária à instauração física da total desordem mental. Mas para a mente poder ser ordenadamente desordenada ela tem que poder expressar-se, e seja como for, ela precisa de dar sinal da sua vida no plano físico, do fazer, para que outros possam ver que isso é algo possível, e que deve ser feito por todos, e que é algo que todos podem fazer. Portanto, não só é preciso quebrar as interdições que nos querem travar o caminho e que vêm de fora, como as interdições que também nos querem travar, mas que surgem de dentro, e que, apesar de mais perto de nós, são aquelas que mais nos custam a libertar. E porque a desordem vai ser então mais que muita, tem que haver alguém capaz, uma pessoa ou entidade, mas alguém, físico, vivo, e bem desperto, que consiga tomar as rédeas da vida e dar um sentido de ser ao português. Essa pessoa, ou esse conjunto de pessoas, procurará governar apenas como um verdadeiro governante deve governar, que é deixar os seus súbditos à desordem de cada um e, por outro lado, garantir a ordem de base, estrutural, do seu Reino, pois que como um Rei governará. Mas assim como o copo de vidro não retira à água a sua substância, mas apenas a molda na forma que melhor se adapta à do copo, esse Rei, chamemos-lhe assim, apenas construirá a estrutura, a ordem, que poderá suportar tal desordem, interna e externa. E é graças a essa ordem que toda a desordem instaurada, e fomentada, não se anulará em si própria, já que era fácil que tal acontecesse, caso contrário fosse, visto que a natureza da desordem é ser da ordem do imprevisível. Quando tudo estiver composto, e cada um no seu lugar, aí então o caso mudará em extremo de figura, e o que anteriormente pareceria uma desordem, ficará completamente transmutado numa ordem eterna, visto que é perfeita e sem mácula. Assim como as rodas dentadas de uma máquina, na posição certa, todas se engrenam num concerto que faz mover a própria máquina, Portugal rumará finalmente a colocar a chave na fechadura do Mundo, e a movê-la, com a ajuda de todos quantos aqueles que a quiserem empurrar, e aí é que o Mundo se vai abrir realmente, não como antes se abrira a Índia, a China, ou o Japão, mas agora de vez, e para sempre, vai abrir-se para os outros Mundos que existem fora, mas também que existem dentro, do nosso próprio Mundo.

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