sexta-feira, 16 de novembro de 2007

nunca percebi porque é que uma das brincadeiras que perdura durante tanto tempo na vida dos homens é o jogo de procurarem mexer nos genitais uns dos outros, muitas vezes para levá-los mesmo à dor. Parece-me que tanto le Marquis de Sade como Freud conseguiriam explicar este estranho caso: trata-se claramente de uma manifestação inconsciente de tensões sexuais acumuladas ao longo da permanência prolongada de uns com os outros. Basta termos passado por um meio exclusivamente masculino para perceber que demasiada testosterona no ar não vai acabar bem, essa tensão ou essa pulsão mantém-se, e de forma visível para todos aqueles que estiverem atentos. Se Freud poderia explicar o porquê da repetição do comportamento do ponto de vista da obtenção do prazer - na satisfação dessas pulsões - le Marquis poderia facilmente explicar essas tendências sádicas que assolam aqueles que retiram prazer em inflingir dor directamente através dos genitais de outros. Mas o que é ainda mais surpreendente é que este comportamento, que aliás não é nada raro em determinados grupos masculinos, se manifesta tanto mais e tantas mais vezes quanto maior é a ligação emocional de uns homens por outros, mesmo que esta não passe da amizade sincera. Mais uma vez, novo argumento a favor dos nossos conhecedores da psique sexual humana: o amor que um homem sente por outro tende a manifestar-se a todos os níveis, incluindo o sexual, mesmo que esse homem não sinta uma inclinação preferencial para o contacto sexual com outro homem. É como se essa amizade, esse amor, necessitasse, devido à sua própria natureza, - que aliás desconhecemos - de manifestar-se do modo mais rápido e mais imediato que lhe coubesse, e esse será preferencialmente o do acto tanto porque é aquele que se mostra como mais imediato, como por ser aquele que permite extinguir a pulsão em definitivo, e sobretudo ainda porque na nossa sociedade mostrar os sentimentos é sinal de fraqueza, ainda para mais quando vindo de um homem, e portanto, devido a todos os constrangimentos sociais e da educação que nos foram impondo, ao acto é dado este papel tão preponderante. Seria bem mais fácil se, libertos desses preconceitos sociais e superiores às contingências que nos são de fora impostas, e por isso mesmo postiças, os homens pudessem dar livre oportunidade a essas pulsões que os preenchem. O problema está em considerar que essas pulsões assolam o homem, e não que o preenchem, pois essas pulsões são, de facto, aquilo que nos faz ser humanos plenamente: são a nossa própria natureza.

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