Todas as mulheres são estátuas gregas
porque todas foram talhadas da mesma carne
Os mesmos jeitos, as redondezas,
as figuras finas cheias de arte
no trocar de perna e no jeito lânguido
que jaz amordaçado contra a usura dos séculos
mas sempre sabendo puxar do seu peito,
dar de mamar aos filhos e aos netos.
O vigor da sua chama é porém outro,
o do equilíbrio da dama,
o cruel destino de terem o mistério divino
da carne e da criação na mama
ao aleitar a criança
para dela fazerem homem são.
Se a mulher é um templo, o homem é o deus
que com o vigor do seu falo fecunda a câmara imensa
e dá lume à chama intensa
daquilo que se fez criação.
O homem é a força no seu estado mais puro,
a força bruta que brota da natureza,
nele o equilíbrio dá lugar à destreza
de quem tem que lidar com os destinos do mundo.
O homem é todo força e músculo. É poder
de dar, vergar e receber. E usa-o
com sapiência, o seu mister absoluto
e absurdo, na sua essência, o de
num passo ir do querer ao fazer.
Ao amor em duas mulheres chama-se irmandade.
Partilham elas ambas o segredo da eternidade,
da geração e do saber ancestral. São as mães
de tudo aquilo que é natural.
Ao amor em dois homens chama-se vigor absoluto.
São eles ambos carne e força e músculo. Decisão de
avançar em terreno obscuro, ímpeto de chefiar,
de levar a alma ao Graal profundo.
Amor em homem assim como em mulher é criação.
Acto de fecundar, prazer e concretização. É expandir
no terreno natural a construção, edificar o Reino,
Coroar e temperar a conjugação.
Assim se fez mistério a criação.
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