quarta-feira, 21 de novembro de 2007

para mim os vivos são os livros em que me vou desfolhando,
meus companheiros os poetas mortos em batalhas de causas perdidas.
Para aqueles que me dizem vivos e me vão apontando
semeio-lhes neles sepulturas de pedra e lajes partidas...

por entre o negro da noite e o frio do cemitério
caminho descalço, lavado o pranto, de gosto,
desgosto ou mistério, entranho encanto,
estranho-me de dia e acordo de novo velho.

erro aqui e além, como fantasma
agarrando o abismo e o ar que falta
por entre as horas o momento pasma
e o sossego, apertado silêncio, salta.

nascer morrer, viver é nada
um fumo de transição,
uma curva da estrada,
a noite guia-me
pela mão.

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