sábado, 11 de agosto de 2007
De facto, parece-me bastante saudável falar em "cidadãos comuns". Sob pena de passar o pleunasmo, deve-se, contudo, preferir esta expressão à conhecida "somos todos cidadãos". Mas o que é que significa ser-se cidadão? Apenas e só ser habitante de uma cidade. E como as cidades de hoje são tão democráticas e socialistas, faz sentido associar a ideia de "coisa comum" ao conceito de cidadão. O cidadão hoje é a unidade básica da sociedade socializada, uma coisa comum não se distinguindo em nada de outro cidadão. Como robots numa fábrica. O desvio de atenção do conceito de pessoa para o de cidadão, a morte - não de deus - mas do indivíduo na sua dimensão singular e única faz com que esse "cidadão", esse "habitante de cidade" seja nem melhor nem pior que outro. Este erro sociológico que atribui a mesma importância a todos os indivíduos de uma sociedade ao priveligiar apenas o conjunto e não os únicos elementos fundamentais que realmente existem, que são as pessoas, e que não se podem somar matematicamente, asfixia a liberdade pessoal e aligeira a exegese que é possível fazer... aqui está o erro do socialismo, o erro da democracia, erros aliás bastante comuns nos dias que correm. A sociedade, em si, não existe, não tem qualquer existência própria. A única coisa que existe são várias pessoas, tremendamente distintas umas das outras, e cada uma delas única. E só sendo aquilo que se é sozinho, de facto, se poderá ter a plena liberdade para expressar tudo o que se é, livre de qualquer norma sociológica. É por isso que faz sentido falar em "cidadãos comuns" nos tempos que correm. E é também por isso que faz sentido abandonar essa aproximação mal generalizada.
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